domingo, 3 de julho de 2016

Smaraṇa - 5 estágios / stages


Smaraṇa

Na Aṅga de Kīrtana o Sādhaka gradualmente passa de Nāma-aparādha para Nāmābhāsa e finalmente para Śuddhā Nāma. 

Da mesma forma, na Aṅga de Smaraṇa o Sādhaka gradualmente passa de Smaraṇa para Dhāraṇa para Dhyāna para Anusmṛti e finalmente para Samādhi.

Sādhu Saṅga\
Bhajana Kriyā \ 
Anartha Nivṛtti /Smaraṇa
Niṣṭha -         /
Ruci - Dhāraṇa
Āśakti - Dhyāna
Bhāva - Anusmṛti
Prema - Samādhi

Līlā Smaraṇa só é plena em fases avançadas, mas começa a ser executada em fases iniciais. Śrīla Jīva Gosvāmī explica que verdadeira Līlā Smaraṇa exige pureza mental, e que esta pureza mental vem com Kīrtana.

Da mesma forma, Śuddhā Nāma só é alcançado em fases avançadas mas começa a ser executado desde o início. 

Por isso que o processo da Consciência de Kṛṣṇa é gradual. Porque o Sādhaka começa numa fase em que não é perfeito e avança progressivamente para fases mais adiantadas. 

No começo, o cantar e lembrar não são perfeitos.

E portanto, não é somente quando o Sādhaka atinge Śuddhā Nāma que começa Līlā Smaraṇa. Mas na medida que avança em Kīrtana, avança em Smaraṇa. 

Por ouvirmos (Śravaṇa) e cantarmos (Kīrtana) acerca de Nāma, Rūpa, Guṇa, Parikara e Līlā, o que segue-se naturalmente é lembrarmos (Smaraṇa).

Mas no início, como Śravaṇa e Kīrtana não são fixos, Smaraṇa também não é fixa.

E assim, ainda que o Sādhaka tenha mostrado uma inclinação (Lobha) a uma forma específica de relacionamento (Rasa), e tenha preenchido todos os componentes de seu Siddha Deha almejado, sua meditação interna ainda não é fixa.

==================== 

Em suas notas do Hari-nāma Cintāmaṇi 15.93, Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura explica os cinco estágios de Smaraṇa especificamente em conjunto com a meditação no Siddha Deha:

"Uma simples lembrança é a fase em que o Sādhaka recorda a sua identidade espiritual  com os onze aspectos do seu Siddha Deha em relação ao seu serviço nos passatempos circadianos do Casal Divino. Neste momento, ainda não existe uma constância na meditação do Sādhaka, às vezes lembra-se, e em outras vezes distrai-se.

A medida que avança, chega-se à fase de auto-lembrar, Dhāraṇa, em que se tenta ganhar estabilidade na lembrança.

Quando o Sādhaka concentra-se em todos os aspectos do objecto de meditação, isto é chamado Dhyāna ou meditação.

Quando o Sādhaka medita a cada momento, este estado é chamado de "recordação constante" ou Anusmṛti.

Quando a meditação é perfeita e ininterrupta, e só pensa nos passatempos do Senhor Kṛṣṇa e nada mais, este estado é chamado de Samādhi."

(Hari-nāma Cintāmaṇi - 15.93)

====================

No Mādhurya Kaḍambinī, Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura descreve a mesma natureza evolutiva de Smaraṇa, mas especificamente em conjunto com os estágios progressivos de Bhakti:

"No estágio de Bhajana Kriyā, a meditação no Senhor é momentânea, com um toque de temas materiais.

Na fase da meditação Niṣṭha, há um traço de outros tópicos.

Na fase de Ruci, outros tópicos estão ausentes e a meditação é de longa duração.

Na fase de Āśakti, a meditação torna-se muito profunda.

Durante Bhāva, a meditação é marcada por ver o Senhor.

Na fase de Prema, em contraste com simplesmente ver o Senhor, há a associação directa com o Senhor."

(Mādhurya Kaḍambinī - 8.12)

====================

Śrīla Jīva Gosvāmī explica que temos que ter o coração puro para meditar mas então ele delineia cinco fases sucessivas de Smaraṇa para os Vaiṣṇavas Gauḍīya em seu Bhakti Sandarbha (278):

atha pūrvavat krama-sopāna-rītyā sukha-labhyaṁ guṇa-parikara-sevā-līlā smaraṇaṁ cānu-sandheyam tad idaṁ smaraṇaṁ pañca-vidhaṁ, yat-kiñcid anusandhānaṁ smaraṇam. sarvataś cittam ākṛṣya sāmānyākāreṇa manodhāraṇaṁ dhāraṇā. viśeṣato rūpādi-cintanaṁ dhyānam. amṛta-dhārāvad avicchinnaṁ tat dhruvānusmṛtiḥ. dhyeya-mātra-sphuraṇaṁ samādhir iti

Agora serão considerados os diferentes estágios de meditação sobre as qualidades, associados, serviço e passatempos do Senhor. A meditação prossegue em cinco etapas:

1) O primeiro passo é chamado simplesmente Smaraṇa e é definido como um reflexo irregular.

2) O segundo é Dhāraṇa, definida por Śrīla Jīva Gosvāmī como retirar a mente de tudo e fixá-la no objecto da meditação.

3) O terceiro passo é Dhyāna. Śrīla Jīva Gosvāmī define como uma meditação dedicada sobre a forma e outras características de Kṛṣṇa.

4) Em quarto lugar é Anusmṛti. Como explicado por Śrīla Jīva Gosvāmī, denota um estado de meditação semelhante ao anterior, mas ininterrupto, como uma chuva de ambrosia.

5) O passo final é Samādhi, um termo usado por Śrīla Jīva Gosvāmī para designar o ponto na prática de Smaraṇa quando o objecto em si da meditação aparece.

====================



====================

Smaraṇa

In the Aṅga of Kīrtana the Sādhaka gradually passes from Nāma-aparādha to Nāmābhāsa and finally to Śuddhā Nāma.

Likewise, in the Aṅga of Smaraṇa the Sādhaka gradually passes from Smaraṇa to Dhāraṇa to Dhyāna to Anusmṛti and finally to Samādhi.

Sādhu Saṅga\
Bhajana Kriyā \ 
Anartha Nivṛtti /Smaraṇa
Niṣṭha -         /
Ruci - Dhāraṇa
Āśakti - Dhyāna
Bhāva - Anusmṛti
Prema - Samādhi

Līlā Smaraṇa is only complete in advanced stages, but begins to be performed in early stages. Śrīla Jīva Gosvāmī explains that true Līlā Smaraṇa requires mental purity, and that this mental purity comes with Kīrtana.

Likewise, Śuddhā Nāma is only achieved in advanced stages but begins to be performed from the beginning.

That is why the process of Kṛṣṇa Consciousness is gradual. Because Sādhaka begins at a stage where it is not perfect and progressively advances to more advanced stages.

In the beginning, the chanting and remembering are not perfect.

And therefore, it is not only when the Sādhaka attains Śuddhā Nāma that Līlā Smaraṇa begins. But as he advances in Kīrtana, he advances in Smaraṇa.

Because we hear (Śravaṇa) and chant (Kīrtana) about Nāma, Rūpa, Guṇa, Parikara, Seva and Līlā, what naturally follows is to remember (Smaraṇa).

But in the beginning, as Śravaṇa and Kīrtana are not fixed, Smaraṇa is also not fixed.

And so, even though the Sādhaka has shown an inclination (Lobha) towards a specific form of relationship (Rasa), and has fulfilled all the components of his/her desired Siddha Deha, his/her inner meditation is still not fixed.

===================

In his notes to Hari-nāma Cintāmaṇi, Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura explains the five stages of Smaraṇa specifically in conjunction with meditation on Siddha Deha:

"Smaraṇa is the initial stage of remembrance where the practitioner meditates on his/her ekādaśa–bhāva (siddha-deha) in relation to his/her service to the Divine couple during the eight hours of the day (aṣta–kāla). Even then however, this remembrance is inconsistent and imperfect. Sometimes one can remember and sometimes there is distraction.

Smaraṇa eventually becomes dhāraṇā, in other words, dhāraṇā is a feeling of steadiness in smaraṇa during one’s sādhana. 

Dhyāna is when one meditates upon every aspect of a particular object. 

Anusmṛti is when one meditates constantly. 

When that is completely uninterrupted, that is to say when one only meditates upon kṛṣṇa–līlā and nothing else, that is samādhi. Āpana-daśā appears when one performs remembrance in the form of samādhi. 

It may take many yugas for an incompetent person to pass through these five stages of remembrance. 

Those who are expert can attain āpana–daśā in a few days."

(Hari-nāma Cintāmaṇi - 15.93)

====================

In the Mādhurya Kaḍambinī, Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura describes the same evolutionary nature of Smaraṇa, but specifically in conjunction with the progressive stages of Bhakti:

"In the Bhajana Kriyā stage, meditation on the Lord is momentary, with a touch of material themes.

In the Niṣṭha meditation stage, there is a trace of other topics.

In the Ruci stage, other topics are absent and meditation is long-lasting.

In the Āśakti stage, meditation becomes very deep.

During Bhāva, meditation is marked by seeing the Lord.

In the Prema stage, in contrast to simply seeing the Lord, there is direct association with the Lord."

(Mādhurya Kaḍambinī - 8.12)

====================

Śrīla Jīva Gosvāmī explains that we have to have a pure heart to meditate but then he delineates five successive phases of Smaraṇa for the Gauḍīya Vaiṣṇavas in his Bhakti Sandarbha (278):

atha pūrvavat krama-sopāna-rītyā sukha-labhyaṁ guṇa-parikara-sevā-līlā smaraṇaṁ cānu-sandheyam tad idaṁ smaraṇaṁ pañca-vidhaṁ, yat-kiñcid anusandhānaṁ smaraṇam. sarvataś cittam ākṛṣya sāmānyākāreṇa manodhāraṇaṁ dhāraṇā. viśeṣato rūpādi-cintanaṁ dhyānam. amṛta-dhārāvad avicchinnaṁ tat dhruvānusmṛtiḥ. dhyeya-mātra-sphuraṇaṁ samādhir iti

Now the different stages of meditation on the Lord's qualities, associates, service, and pastimes will now be  considered. Meditation proceeds in five stages:

1) The first step is simply called Smaraṇa and is defined as an irregular reflex.

2) The second is Dhāraṇa, defined by Śrīla Jīva Gosvāmī as removing the mind from everything and fixing it on the object of meditation.

3) The third step is Dhyāna. Śrīla Jīva Gosvāmī defines it as a dedicated meditation on the form and other characteristics of Kṛṣṇa.

4) Fourth is Anusmṛti. As explained by Śrīla Jīva Gosvāmī, it denotes a state of meditation similar to the previous one, but uninterrupted, like a shower of ambrosia.

5) The final step is Samādhi, a term used by Śrīla Jīva Gosvāmī to designate the point in the practice of Smaraṇa when the object of meditation itself appears.

====================