Para diferentes questões foi dada a visão Vaisnava, baseada na Gita, Upanisads e Vedanta Sutra:
a - o Atman age quando liberado e age através da mente e Gunas quando condicionado
b - Atman e Brahman são sempre diferentes
c - existe um relacionamento (Rasa) eterno entre a alma espiritual individual eterna e a alma suprema eterna
Isto foi amplamente demonstrado através de todos os Adhikaranas do Vedanta Sutra postados aqui.
Vedanta Sutra
Capítulo 1 Pada 3 Adhikarana 11
"Tanto no sono sem sonhos como quando o Jiva parte deste mundo material, o Jiva e a Suprema Personalidade de Deus são diferentes
Introdução pelo Vedanta Acarya Srila Baladeva Vidyabhusana
Purvapaksa: Que assim seja. Ainda assim, não se pode considerar que a Suprema Personalidade de Deus seja diferente do Jiva liberado. Isto por causa da esmagadora evidência das escrituras.
Por exemplo, na Brhad-aranyaka Upanisad
é dito:
katama atmeti yo yam vijnanamayah purusah pranesu hrdy-antar-jyotih sa samanah sann ubhau lokav anusancarati
"Quem é o eu? Ele é uma pessoa cheia de conhecimento que permanece na respiração da vida ou ar vital. Ele é o esplendor no coração. Permanecendo sempre o mesmo, ele vagueia nos dois
mundos."
Descrevendo o Jiva condicionado desta forma, o texto continua:
sa va ayam atma brahma vijnanamayah
"Este eu é o Brahman onisciente."
Desta forma, ele diz que o Jiva é Brahman.
Diz ainda:
athakamayamanah
"Ele torna-se livre de todos os desejos."
Isto descreve a condição do Jiva liberado.
Em seguida, diz:
brahmaiva san brahmapyeti
"Sendo Brahman, ele ascende a Brahman."
Desta forma, é afirmado conclusivamente que ele é idêntico a Brahman.
Em seguida, diz:
abhayam vai brahma bhavati ya eva veda
"Aquele que conhece isto torna-se o Brahman destemido."
O resultado de ouvir a passagem é dado aqui. A declaração, em algumas passagens, que o Jiva e Brahman são diferentes são como o céu dentro de um pote e o grande céu além dele.
Quando está liberado, o Jiva torna-se o Supremo, assim como quando o pote é quebrado o céu no pote torna-se o mesmo do grande céu além.
Porque o Jiva é, assim, a Suprema Personalidade de Deus, ele é o criador dos universos e tudo o mais que o Supremo é.
Desta forma, não há diferença entre o Jiva liberado e o Brahman Supremo.
Siddhanta: Para refutar isto:
Sutra 02
susupty-utkrantyor bhedena
susupti - no sono sem sonhos; utkrantyor - e na morte; bhedena - devido à diferença
"Porque a diferença está presente em ambos, na morte e sono sem sonhos."
Significado pelo Vedanta Acarya Srila Baladeva Vidyabhusana
A palavra vyapadesat (devido à descrição), que foi utilizada no Sutra anterior, deve ser entendida neste Sutra também.
Nas já passagens citadas, não é possível ter o entendimento de que o Jiva liberado é na verdade Brahman.
Porque?
Porque é explicado claramente que nos estados de
sono sem sonhos e na morte o Jiva e Brahman são diferentes.
A diferença no sono sem sonhos é descrita nestas palavras (Brhad-aranyaka Upanisad 4.3.12):
prajnenatmana samparisvakto na bahyam kincana veda nantaram
"Abraçado pelo omnisciente Eu, ele não sabe nada mais, tanto fora como dentro."
A diferença na morte é descrita nestas palavras da mesma passagem:
prajnenatmana anvarudha utsarjan yat
"Suportado pelo omnisciente Eu, e gemendo, ele sai."
A palavra utsarjan aqui significa gemendo. Não é possível que o Jiva, que não sabe quase nada, possa ser o omnisciente eu, por quem está suportado.
Porque o Jiva não é omnisciente, também não é possível que o eu omnisciente aqui seja outro Jiva.
Se for dito "Porque nestas condições o Jiva ainda está influenciado por designações materiais, o seu ponto não fica provado".
Para isto, o autor responde:
Sutra 03
paty-adi-sabdebhyah
pati - Senhor; adi - começando com; sabdebhyah - por causa das palavras
"Devido à utilização de Pati (Senhor) e outras palavras."
Significado pelo Vedanta Acarya Srila Baladeva Vidyabhusana
Na mesma Brhad-aranyaka Upanisad, um pouco mais tarde, a palavra "pati" e outras palavras similares são usadas assim (Brhad-aranyaka Upanisad 4.4.22):
sa va ayam atma sarvasya vasi sarvasyesanah sarvasyadhipatih sarvam idam prasasti yad idam kinca sa na sadhuna karmana bhuyan natra vasadhuna kaniyan esa bhutadhipatir esa lokesvara esa loka-palah sa setur vidharana esam lokanam
asambhedaya
"Ele é o Ser, o dominador sobre tudo e todos, o controlador de tudo, o rei de todos. Ele reina sobre tudo e todos. Ele não se torna mais por trabalho piedoso, nem menos por trabalho impiedoso.
Ele é o rei de tudo o que é. Ele é o mestre dos mundos. Ele é o protector dos mundos. Ele é o limite para que os mundos não se destruam e partam."
Com isto pode ser entendido que Brahman, ou a Suprema Personalidade de Deus, é diferente do Jiva liberado. Uma vez que não pode ser dito que o Jiva liberado tem domínio sobre todos ou controle sobre tudo, e porque o Sutra 4.4.17 vai dizer jagad-vyapara-varjyam (o Jiva liberado não tem o poder de criar universos), a idéia de que o Brahman e o Jiva liberado são idênticos é refutada.
Esta ideia também é refutada pela Taittiriya Upanisad, onde é dito acerca de Brahman:
antah pravistah sasta jananam
"Ele é o controlador nos corações das entidades vivas."
Nem se pode dizer que a diferença entre eles é só por causa da identificação do Jiva com um corpo material, porque o Sruti-sastra explica que a diferença entre eles está presente mesmo após o Jiva estar liberado.
Neste livro (2.3.41), com mais detalhes, também é refutada a identificação do Jiva com Brahman.
A declaração ayam atma brahma (o eu é Brahman) significa simplesmente que o Jiva tem uma pequena porção das qualidades de Brahman.
A frase brahmaiva san brahmapyeti (tornando-se Brahman, ele ascende a Brahman) deve ser entendida como significando que o Jiva, ao atingir uma parcela das qualidades do Brahman, torna-se como Brahman.
Porque o Sruti-sastra diz paramam samyam upaiti (Ele se torna como Brahman), e por causa da explicação anterior de brahmaiva san brahmapyeti, portanto, a natureza de Braman é diferente daquela do Jiva liberado.
Fica provado que Brahman é diferente do Jiva tanto no estado condicionado como no estado liberado de existência.
Fica provado que o "céu" do qual todos os nomes e formas se manifestam é a Suprema Personalidade de Deus e não o Jiva liberado.
Qualquer dúvida que possa ter permanecido, apesar das declarações dos Sutras netaro 'nupapatte (1.1.16) e bheda-vyapadesac ca (1.1.17), é dissipada por esta prova de que mesmo no momento da liberação o Jiva permanece diferente de Brahman.
Portanto, não há falhas nas explicações dadas para estes dois Sutras (1.1.16 e 1.1.17)."