terça-feira, 16 de outubro de 2012

Yantras e o Gaudiya Vaisnavismo

Yantras são poderosos instrumentos de visualização e meditação.
Seguindo a tradição dos Saktas e Saivas, a meditação do Sri Yantra feita por eles  é impersonalista. 

Sri Yantra adorado pelos Saktas

Sri Yantra

"O Bindu (ponto central do Yantra) é a fusão de todas as direções em todos os níveis, um ponto onde "tudo é" e tudo termina."
(Madhu Khanna, "Yantra - O Símbolo Tântrico da União Cósmica")
Vejamos a concepção Gaudiya Vaisnava de Yantra:

Sat Kona

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Na literatura Védica mais antiga conhecida, o Sri Brahma Samhita [na medida em que tem sido atribuído ao Senhor Brahma e composto logo após a criação], a Sat Kona (estrela de seis pontas com um hexagrama dentro) é mencionada em uma descrição da morada suprema de Goloka, a morada de Krsna.

karnikaram mahad-yantram sat-konam vajra-kilakam
sadanga-satpadi-sthanam prakrtya purusena ca
premananda-mahananda-rasenavasthitam hi vat

"O centro da flor de lótus divino é o núcleo - residência de Krsna. É presidido tanto por uma metade que predomina e outra metade que é predominada. Ele é mapeado como um símbolo místico hexagonal [sat-konam].

Como um diamante, a Entidade Suprema refulgente de Krsna, a fonte de todas as potências divinas, preside como o pivô central.

O grande Mantra de 18 sílabas [Gopala Mantra], o qual é formado por seis partes integrais, manifesta-se como um local hexagonal com seis divisões." 

[Sri Brahma Samhita, Ch-5, Tx-3]

tat-kinjalkam tad-amsanam tat-patrani sriyam api

"O núcleo desta eterna morada santa que é chamada Gokula é a terra hexagonal da morada de Krsna.

Os estames ou pétalas são as residências dos vaqueiros ou Gopas, que são o próprio Krsna. Seus queridos amigos e devotos amorosos que são parte de Si próprio.

Essas moradas aparecem como muitas paredes, todas lindamente refulgentes. A folhagem extensa de lótus constitui as sub florestas que são as moradas das donzelas amorosas de Krsna, lideradas por Sri Radhika." 

[Sri Brahma Samhita, Ch-5, Tx-4]

Na prática da devoção [Krsna Bhakti] três itens importantes são dados para ajudar o devoto a perceber a Suprema Realidade.

Mantra, Yantra e Sri Murti.

Mantra é a representação sonora da Realidade Suprema, Yantra é a representação simbólica ou mecanizada do Mantra e Sri Murti é a forma tridimensional [pessoal] do Mantra manifesta aos sentidos do devoto para receber o serviço dele ou dela.

No geral, no Gaudiya Vaisnavismo contemporâneo, os Yantras não estão mais em voga como eram antigamente. A preferência é dada a Sri Murti, que é adorada com os Mantras apropriados. Embora Yantras não estejam, na maior parte mais em uso entre Gaudiyas, este não foi sempre o caso. Em tempos idos todos os ramos da Vaisnavismo usavam Yantras em seu culto e meditação diária.

A descrição dada no significado do Brahma Samhita diz que o Gopala Mantra [klim krsnaya govindaya gopijana-vallabhaya svaha] se manifesta como os seis lados da figura hexagonal [Krsnaya, Govindaya, Gopijana, Vallabhaya, Sva e Ha] e que o Bija [Klim] é o pivô central.

Sat Kona está configurado de tal forma que aqueles que utilizam o Yantra para meditação e que desejam profundamente entrar nos passatempos divinos de Krsna devem primeiro entender seis objectivos do Mantra, ou seja,

1) a forma intrínseca de Krsna [Krsnaya],
2) a forma intrínseca dos passatempos de Krsna em Vraja [Govindaya],
3) a forma intrínseca das atendentes íntimas de Krsna, as Gopis [Gopijana],
4) a forma intrínseca da plena auto-rendição a Krsna, daqueles que são amados de Krsna [Vallabhaya],
5) a forma intrínseca da alma pura de cognição divina [Sva], e
6) a natureza intrínseca da alma para prestar serviço amoroso transcendental a Krsna [Ha].

Aquele que, em virtude de estar bem estabelecido em tais realizações do Mantra alcança firmeza [nistha] no engajamento da alma no serviço divino [abhidheya] e, finalmente, atinge o objetivo supremo da vida [prayojana] O QUAL é estar engajado em serviço transcendental espontâneo amoroso a Krsna no ego de uma serva de Srimati Radharani.

Na fase de prática [sadhana], pela graça do Mantra assistido por Sat Kona, os passatempos manifestos de Krsna em Gokula podem aparecer no coração de um devoto. E no estágio de perfeição [siddhi] um devoto pode perceber os imanifestos passatempos de Krsna em Goloka.

No início do século 20 o grande Gaudiya Vaisnava Acarya, Sri Bhaktisiddhanta Sarasvati inspirou-se nas descrições da suprema morada de Krsna no Brahma Samhita e, assim, incorporou a Sat Kona no logo da Gaudiya Matha. De facto, o logotipo da Gaudiya Matha é em si um Yantra Vaisnava.

gaudiyamathalogo

No centro  hexagonal do logotipo da Gaudiya Math, Sarasvati Thakura colocou o Bija Mantra Om [em lugar de Klim, para mostrar que Om e o Brahma Gayatri não são diferentes de Klim] juntamente com o Nama. Nos seis pontos [sat] do Sat Kona ele colocou as seis opulências, ou seja, fama [yasa], beleza [sri], conhecimento [jnana] renúncia, [vairagya], a riqueza [aisvarya] e força [virya].
Além disso, Srila Sarasvati Thakura usou o Yantra Sat Kona como o plano de piso para o templo de Sri Sri Guru Gauranga Gandharvika Giridhari no Sri Caitanya Matha em Mayapura.

O Logotipo da Gaudiya Matha. Desenhado por Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur.

"Desenhado por Srila Sarasvati Thakura, o logotipo da Gaudiya Matha retratava bhagavata-marga (o caminho da devoção centrado em sravana e kirtana, culminando na devoção espontânea, Raga-bhakti) e pancaratrika-marga (o caminho de bhakti de acordo com regulamentos prescritos nas escrituras, vidhi-marga, centrado na arcana) funcionamento lado a lado. As palavras eram escritas em Devanagari Sânscrito ou Bengali.

O lado direito representa bhagavata ou raganuga-marga, e à esquerda, pañcaratrika ou vidhi-marga.

No segmento superior está o Senhor Caitanya, Sua mão erguida, incentivando todos a participarem em kirtana. À Sua esquerda está o Srimad Bhagavatam. Abaixo (na posição de 15 horas) está Sri Radha-Krsna e a palavra raga, significando Raga-marga.

Abaixo d'Eles há uma prensa, uma mrdanga e a palavra kirtanam - significando que tanto cantando os nomes de Krsna com o acompanhamento de mrdanga, bem como a impressão de livros sobre Krsna, são formas de kirtana, sendo esta combinação o sadhana principal para raganuga-bhaktas. 

Na parte de baixo tem um símbolo de tilaka e as palavras guruh e gaudiyah. À esquerda está um sino, a palavra arcanam e um lâmpada de ghee.

Acima destes estão Sri Laksmi-Narayana em um trono e a palavra vidhih, indicando o modo para adorá-Los. Acima d'Eles está o Pancaratram, que descreve o processo de arcana.

Dentro dos seis triângulos formando uma estrela no centro estão as palavras que indicam as seis opulências proeminentes da Suprema Personalidade de Deus: (de cima, prosseguindo no sentido horário) yasah (fama), sri (beleza), jnanam (conhecimento), vairagyam (renúncia), aisvaryah (riqueza) e viryah (força).

Escrito no centro da estrela está o OM nama. OM é geralmente considerado como a representação sonora inespecífica da verdade absoluta, mas é entendido pelos Vaisnavas como sendo Bhagavan e Sua potência interna. Nama é o nome específico da verdade absoluta, a Personalidade de Deus Sri Krsna, e não sendo diferente d'Ele é o possuidor das seis opulência.

Certa vez um pandita fez a seguinte pergunta para Srila Sarasvati Thakura sobre o logotipo de Gaudiya Matha: "Todas as representações são tradicionalmente indianas exceto a prensa. Por que você incluiu este ítem estrangeiro? "Srila Sarasvati Thakura respondeu: "Nada usado para o kirtana do senhor Caitanya é estrangeiro ou indiano, mas aprakrta. Quando usada no serviço a Krsna, a impressora é tão sagrada quanto a parafernália de arati ou o khol [mrdanga] e karatalas." (Bhakti Vikasa Swami)

No cânone Vaisnava encontramos menção de numerosos Yantras tais como o Visnu Yantra, Laksmi Yantra, Gopala Yantra, Radha Yantra, Sudarsana Yantra, Narasimha Yantra, Gayatri Yantra, etc 

Sudarsana Cakra Yantra

sudarsana-yantra

O seguinte é um verso em louvor de Sudarsana a partir de textos Pancaratrika dos Sri Vaisnavas mencionando Sat Kona:

sankham cakram capam parasu-
masimisum sula pasankusastram
bhibhranam vajrakhedau hala musala-
gada kuntam atyugra dhamstram
jvala kesam tri-netram jvalad -
anala-nibham hara-keyura bhusam
dhyayet sad-kona samastham
sakala ripu jana prana samhara cakram

"Oh! grande Cakra, retire a vida de todos os nossos inimigos. Medito em Ti, que reside no meio de Sat Kona com uma concha, Cakra, arco, machado, espada, tridente, laço, aguilhão, mísseis, trovão, arado, pilão e maça. Tens presas terríveis, cabelo de fogo, três olhos e a intensidade de um inferno furioso e estas adornado com enfeites e colares."

Poderoso Narasimha Yantra

narasimha (1)

Os Yantras acima mencionados são hoje usados principalmente por secções ortodoxas de Vaisnavas na Índia [Sri Vaisnavas e Madhvas] e são mais ou menos ornamentais, em vez de funcionais no Sadhana diário de Gaudiya Vaisnavas.

Da mesma forma que as Murtis são instaladas como Deidades, os Yantras também podem ser instalados com Pranapratistha.
Eu tenho um Narasimha Yantra instalado por um discípulo de Prabhupada Sriman Sadhya Srestha Prabhu. 

Portanto, no devido tempo, estes Yantras podem voltar a encontrar o seu caminho de volta para uso mais popular.

Por exemplo temos o Goloka e Dança da Rasa Yantra.

goloka vrndavan yantra
Por visualizar e recitar todos os
Bija e Mula Mantras deste Goloka e Dança da Rasa Yantra  e ao mesmo tempo cantarmos o Maha Mantra Hare Krsna poderemos gradualmente desenvolver nossa relação amorosa com o Supremo.

Também temos o Krsna Yantra que pode ser visualizado da mesma forma.

krisyanw
No centro hexagonal do Krsna Yantra, as seguintes palavras aparecem: Krishnaya Govindaya Klim sadhya Gopijanavallabhaya Svaha.

Nos cantos do hexágono estão os Bija Mantras Hrim e Shrim.

Fora do hexágono esta o Mula Mantra de Krisna : Klim Krishnaya Namah.

Nas pétalas do Yantra esta um longo Mantra: Namah Kamadevaya Sarvajanapriyaya Sarvajansammohanaya Jvala Prajvala Sarvajanasya Hridayamavamsham Kurukura Svaha.

Por volta das oito pétalas estão os Matrikas ou letras do alfabeto sânscrito enquanto nos ângulos da parede de protecção estão os Bija Mantras Hrim Shrim mais uma vez.

Também temos o Yoga Pitha Yantra em Vrindavana

VrndavanYogaPitha
Pétalas (no sentido horário, de cima): 

Tungavidya, Phullakalika, Sudevi, Ananga Manjari, Lalita, Kalavati,
Visakha, Subhangada, Citra, Hiranyangi, Indulekha, Ratnarekha, Campakalata, Sikhavati, Rasadevi, Kandarpa Manjari.

Pontos de compasso:

Norte (portão oeste) - Menaka
Sul (portão leste) - Vrinda devi
Leste (portão norte) - Muralika
Oeste (portão sul) - Vrindarekha

Centro no anel azul (no sentido horário, de cima):
Lavanga Manjari, Kasturi Manjari, Sri Rupa Manjari,
Manjulali Manjari, Rasa Manjari, Rati Manjari, Guna Manjari, Vilasa Manjari.

Pontos da estrela de seis pontas (Sat Kona):
Gopala Mantra

Espaços entre pontos da estrela:
Kama Gayatri

Centro do hexágono: Sri Krsna / Srimati Radharani

Este é um Yoga Pitha Yantra em Madhurya Rasa, mas não podemos esquecer que os Sakhas (Priya Narma Sakhas) também participam dos passatempos íntimos de Krsna e Suas Sakhis.

Subala é dedicado a Radharani, Madhumangala é dedicado a Lalita, Ujjvala é dedicado a Vishaka e assim por diante.

E desta forma os Vaqueirinhos íntimos em Sakhya Rasa podem e devem ser incuídos na visualização e meditação deste Yoga Pitha Yantra.

Também há um Yoga Pitha Yantra em Sakhya Rasa.

No santuário de encontro (yoga pitha) em Sakhya Rasa, Sridama fica no portão ocidental, Sudama no portão norte, Vasudama a leste, e Kinkini no portão sul. No centro estão Krsna e Balarama, e nas oito pétalas deste lótus hexagonal estão Stoka Krsna, Angshuka, Bhadrasena, Arjuna, Subala, Vilasa, Mahabala, e Vrsabha. No centro deste hexágono de ouro está esculpido o Bija Kama, Klim, que é Sva Sadhya (auto-realizado).

A visualização e meditação destes Yantras enquanto recita-se o Maha Mantra Hare Krsna é um Sadhana poderoso para revivermos nossa relação amorosa com o casal divino e Seus associados.

O Sadhana interno é dividido em duas categorias, a saber espontâneo (svarasiki) e estático (mantramayi).

O Sadhana interno espontâneo Svarasiki (Asta Kaliya Lila) só poderá ser realizado em estados avançados. No entanto o Sadhana interno estático (Mantramayi) pode e deve ser realizado nas fases iniciais.

Um exemplo de Mantramayi é dado no Caitanya Caritamrta:

"Eu medito sobre Sri Radha e Srila Govinda Deva, que estão sentados em um belo trono em um palácio de jóias sob a sombra das árvores dos desejos em Vrindavana, rodeado por muitos amigos queridos e servas que ansiosamente os servem." (Cc 1.1.16 )

Esta reunião ocorre em um Yogapitha "o local de união".

Sri Radha e Krsna, juntamente com os Seus associados, reunem-se três vezes por dia na plataforma de Yogapitha para abençoar os Seus devoto e aceitar o Seu serviço.

A reunião da manhã ocorre em Gupta Kunda perto de Nandisvara, a reunião do meio-dia ocorre em Madana Sukhada Kunja no Radha Kunda, e a reunião noturna ocorre em um templo de jóias do Maha Yogapitha e Govinda Sthali .
Narottama Dasa diz: "Os passatempos eternos do Senhor são cheios de felicidade; que eles possam sempre se manifestar em minha mente!"

Perfeição no cantar do Santo Nome de Krsna

No Harinama Cintamani, Srila Bhaktivinoda Thakura descreve cinco passos progressivos que auxiliam a alcançar a perfeição no cantar do Santo Nome de Krsna:

1 – “No início um devoto deve evitar as dez ofensas e simplesmente absorver-se no Santo Nome por cantar constantemente. Ele deve distintamente pronunciar o Santo Nome e meditar na vibração sonora transcedental.”

2 – ”Quando o seu cantar torna-se firme, claro e bem-aventurado, ele é capaz de meditar sobre a forma Syamasundara do Senhor. Com as contas na mão, ele deve, portanto, buscar a forma transcendental do Santo Nome, que aparece quando sua visão é pura. Outro método que podemos utilizar para ver esta forma é sentarmo-nos em frente das Deidades, beber a bela visão da forma do Senhor com nossos olhos e meditar sobre o Santo Nome.”
Neste estágio o cantar atento do Santo Nome une-se a meditação da forma do Senhor.

3 – ”Depois de alcançar a fase em que o Santo Nome e a forma do Senhor tornam-se um, ele deve, então, absorver as qualidades transcendentais do Senhor Krsna em sua meditação. Então o Santo Nome e as qualidades de Krsna fundem-se para tornarem-se um através do cantar constante.”
Neste estágio o cantar atento do Santo Nome une-se a meditação da forma e qualidades do Senhor.

4 – ”Em seguida, ele passa a praticar a lembrança de determinados passatempos do Senhor. Esta lembrança, chamada Mantradhyana Mayi Upasana, facilita mais absorção no Santo Nome. Este Lila Smarana ou meditação nos passatempos também torna-se progressivamente um com o Santo Nome, forma e qualidades. Neste ponto, os primeiros raios de Namarasa, ou a doçura transcendental do Santo Nome, aparecem no horizonte da percepção. Cantando o Santo Nome com grande prazer, o devoto vê Krsna cercado por Gopas e Gopis sob uma árvore dos desejos no Yoga Pitha.”
Neste estágio o cantar atento do Santo Nome une-se a meditação da forma, qualidades e passatempos do Senhor.

5 – ”Progressivamente, a prática do devoto de Lila Smarana intensifica até o ponto onde ele começa a meditar nos passatempos mais confidenciais do Senhor conhecidos como Asta Kaliya Lila, ou os oito passatempos diários de Radha Krsna. Quando ele atinge a sua maturidade nesta meditação, Rasa manifesta-se em plena glória.”
Neste estágio o cantar atento do Santo Nome une-se a meditação da forma, qualidades e passatempos do Senhor e Rasa manifesta-se em plena glória.
“Este processo (de cantar) é gradual na medida em que nós o fazemos ser gradual” (Sripada Aindra Prabhu)
O cantar do Maha Mantra é:

Hare Krsna Hare Krsna Krsna Krsna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare

Vosso servo
Prahladesh Dasa Adhikari

Segunda Parte
Diferença entre Yantra e Mandala de acordo com a tradição Védica.

Agora analisemos a diferença entre Mandalas e Yantras de acordo com a tradição Védica.

Um Yantra é um instrumento de meditação, aonde uma Deidade específica reside porque foi instalada com Pranapratistha.

E depois pode ser adorado como uma Deidade no altar.

Já uma Mandala é um desenho simétrico que define um local.

E assim temos a Cakrabja Mandala que define o local de uma determinada cerimônia de iniciação.

navapadmamandala

A Navapadma Mandala que com os nove lótus centrais define o local dos epítetos de Visnu.

mandala

A Sthandila Mandala, uma Mandala arquitectural que define o local em Templos na India, assim como a Vastu Purusa Mandala que define as construções arquitectónicas.

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A Varuna Mandala que define o local aonde o Kalash (pote de água) sagrado será colocado.

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Também quando adoramos a Deidade e ao estabelecermos um Asana de adoração (Asana Staphana) desenhamos com um pouco de água uma Mandala em forma de triângulo com a ponta para cima para definir este local.

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Quando adoramos preliminarmente Shanka (o búzio que será usado para banhar a Deidade) desenhamos uma Mandala em forma de triângulo com ponta para cima, um círculo e para fechar um quadrado que define o local de adorar Shanka.

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Quando banhamos a Deidade desenhamos no Snana Vedi (plataforma do banho) com pasta de sândalo uma Mandala em forma de lótus e escrevemos o Bija Mantra da Deidade no centro (Klim no caso de Krsna).

sglossarylotus
E portanto esta é a diferença.
Um Yantra é uma Deidade na forma de um diagrama sagrado para ser adorado no altar.

E uma Mandala é um diagrama para definir um local.

Terceira Parte

Como os cientistas vêem o quadro final do mundo em estruturas atômicas simples e ordenadas nas quais certas formas primárias aparecem para harmonizar o "todo", da mesma forma os Silpi Yogis (construtores Védicos) procuram identificar a estrutura interna do universo através dos Yantras.

"Assim como o corpo está para a alma, e o óleo está para a lamparina, um Yantra está para a Deidade". (Kularnava Tantra 86)

"Se a adoração é executada sem um Yantra, a Deidade não fica satisfeita". (Kularnava Tantra 109)

Um Yantra retem a vitalidade supra sensível de uma Deidade, expressando os sentidos e espírito da mesma.
A forma estática (parada) de um Yantra torna-se cinética (em movimento) quando os Mantras inscritos no mesmo são recitados no momento da adoração.
Yantra e Mantra são sempre encontrados em conjunto. O som é tão importante como a forma do Yantra, e talvez mais importante, desde que a forma na sua essência é som condensado como matéria. O Mantra é a "alma do Yantra".

Assim, a Deidade tem a Sua representação iconográfica na Murti, representação abstrata no Yantra e representação mais subtil no Mantra.
Yantras não devem ser vistos simplesmente como "obras de arte", mas como um Pitha Sthana, templos de peregrinação em duas dimensões, aonde a Deidade se manifesta.

Juntamente com Yantras e Mandalas (Ver diferença acima) também por toda India diagramas sagrados conhecidos como Alipana ou Rangoli são desenhados por mulheres com pasta de arroz e cores em pó em paredes e no chão durante festivais religiosos para demonstrar felicidade e auspiciosidade.

rangili k
rangoli-1

Também a adoração ao Ghata, Kumbha ou Kalash (pote) ocorre como substituição a adoração ao Yantra.

kalasha

O Bindu (ponto central) em um Yantra é cósmico quando visto como um emblema do princípio absoluto de Radha Krsna, mas é psicológico quando relacionado com o centro espiritual do Sadhaka. Por alinhar estes dois planos de consciência, o Yantra traduz a realidade psiquica em termos cósmicos de devoção a Radha Krsna e o cósmico no plano psíquico da devoção.
O melhor Yantra (como instrumento de transformação espiritual) é o próprio corpo, pois com ele praticamos o Sadhana.

Elementos de um Yantra

Os portais em forma de T, os quadrados, pétalas de lótus, circulos e triângulos - todos estão centrados no ponto místico, Bindu, ou a Deidade que é adorada.

Jung fez um estudo extensivo sobre o tema e concluiu que quando forças psiquicas opostas se fundem, a pessoa desenha ou sonha com padrões de Mandalas e Yantras. E portanto estes padrões estão presentes em todas as sociedades e cruzam barreiras culturais. Jung também concluiu que não se pode viver sem uma vida simbólica.

Para o homem arcaico o universo estava repleto de significado qualitativo. Por outro lado, o homem moderno "desacralizou"  o cosmos desenvolvendo uma visão fragmentada do universo e perdendo sua unidade original com o mesmo e com a natureza.

O resultado desta "quantificação" é a alienação interior - uma perda da identidade subjetiva e de forças internas e externas. Jung declarou que a necessidade mais vital de um ser humano é descobrir sua própria realidade através do cultivo de uma vida simbólica: "O homem precisa de uma vida simbólica ... Mas nós não temos uma vida simbólica ... Você tem algum canto em sua casa destinado a executar ritos como vemos na India?" (Jung)

É claro que na visão Vaisnava, os Yantras e Mantras são muito mais do que simbolos.

NavaYoni8

O Nava Yoni Cakra acima a flutuar nas águas cósmicas demonstrando a criação do universo material pela união dos princípios masculino e feminino representado pela interpenetração do triângulo para cima com os triângulos para baixo. Os nove (Nava) triângulos indicam os nove úteros cósmicos (Yoni).

O quadrado - substrato, o receptáculo, a base do mundo manifesto.

Os portais em forma de T - quatro pontos cardinais ou portas cósmicas por onde o Sadhaka entra. A passagem entre o material e o espiritual.

Círculo - forças cíclicas, contração e expansão da revolução astrônomica sem começo nem fim. Demonstrando a evolução e involução do universo.

Lótus desabrochada - o manifestar completo e total de uma energia divina.
Triângulo - para cima representa Krsna, para baixo Radha, interpenetrados (energético e energia), formando Sat Kona (estrela com hexagono).

Yantra e Mantra são substitutos um do outro e operam no princípio cientifico moderno da conservação da energia em matéria e da matéria em energia.
Estudos recentes em Cimática (estudo das ondas. Está associado aos padrões físicos produzidos pela interação de ondas sonoras em um meio) mostraram resultados espantosos.

Quando a silaba Om é correctamente vibrada através de um aparelho (Tonoscope), produz um círculo o qual é preenchido com triângulos e quadrados concêntricos produzindo no final um Yantra. Desta forma é possível "ver" o som como forma e "ouvir" a forma como som.

Em última analise, Yantra e Mantra estão unidos.
(Terceira parte adaptada da obra Yantra de Madhu Khanna)

Vosso servo
Prahladesh Dasa Adhikari

Outubro - 2012