terça-feira, 13 de outubro de 2009

Guru Tattva – Subtilezas e Svarupa

Guru Tattva - Subtilezas

De acordo com a "Constituição de Leis da ISKCON" (ISKCON Law Book) para alguém ser aprovado como Guru algumas qualificações devem estar presentes no candidato(a):
http://iskconlawbook.blogspot.com/
Ver a secção 6.2.1.
Exige-se basicamente que tenha uma conduta exemplar e que saiba pregar a Filosofia e seja fiel a Prabhupada e ao GBC.
Porém, em nenhum momento exige-se a verificação do grau de realização de Deus do candidato a Guru.
Segue-se algumas considerações pessoais.

Seria possível verificar o grau de realização de Krsna de algum devoto(a)?

Embora o "Madhurya Kadambini" de Srila Visvanatha Cakravarti Thakura explique detalhadamente todos os sintomas dos estágios de serviço devocional, os estágios iniciais como Sraddha, Sadhu Sanga, Bhajana Kriya, Anartha Nrvitti e Nistha são mais facilmente verificáveis.
Os estágios mais avançados como Ruci, Asakti, Bhava e Prema, muito embora suas características sejam descritas, são dificilmente verificáveis.
Além disso, os Gaudiyas Vaisnavas autênticos na linha de Srila Prabhupada não costumam exteriorizar seus sentimentos devocionais. Isto dá-se a nível de um Sadhana interno e muito reservado no processo de Raganuga Bhakti.
Portanto, podemos perceber que a ISKCON oferce-nos devoto(a)s como Gurus através de qualificações que podem ser verificadas externamente. Devido as subtilezas do processo, não é possível verificar o estágio de avanço de um determinado devoto.
A ISKCON faz o seu melhor e tenta oferecer aqueles devoto(a)s que de acordo com estes critérios verificáveis são os melhores candidatos a serem Gurus.

Ficam as perguntas:

Será que podemos responsabilizar a ISKCON por Gurus caídos que foram apontados pela própria Instituição, quando não é possível verificar o nível de realização de Deus destes mesmos devotos?
Será que não deveríamos aceitar pacificamente as palavras de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura quando diz que o Guru manifesta-se para nós de acordo com nossa disposição, ou seja que temos o Guru que merecemos?
Será que não deveríamos aceitar as instrucções do "Sri Krsna Bhajanamrta" e aceitarmos outro Guru se o nosso caísse, e que a partir daquele momento no renderíamos mais para recebermos um Guru na mesma proporção da nossa completa rendição?
Será que não deveríamos aceitar pacificamente que até mesmo na fase muito avançada (Bhava) de amor puro à Deus o devoto(a) pode ficar sob a influência da energia ilusória como é explicado no "Madhurya Kadambini" e também no exemplo de Bharata Maharaja (que apegou-se a um viadinho), e desta forma deveríamos aceitar outro Guru que seria enviado por Krsna de acordo com nossa rendição?

Seu servo
Prahladesh Dasa

Guru Tattva - Svarupa

SS Mahanidhi Swami diz no seu livro “Gayatri Mahima Madhuri”:

“Finalmente, um discípulo rendido e sincero compreenderá a eterna identidade do Mestre Espiritual. De acordo com seu desejo interno, o discípulo avançado encontrará o Mestre Espiritual situado num modo particular de devoção; Dasya, Sakhya, Vatsalya ou Madhurya Rasa. Ele poderá realizar o Manjari Svarupa do seu Gurudeva, e entender que ela (ele) esta actuando no campo de Lalita Sakhi servindo sobre a ordem de Sri Rupa Manjari. Ele poderá perceber que seu Gurudeva esta habilmente executando Nikunja Seva para auxiliar Radha Madhava nos Seus encontros amorosos.
Então, novamente, o Guru guiará o Raganuga Bhakti Sadhaka no caminho da Rasa, doçura espiritual, de acordo com a tendência espiritual intrínseca do discípulo. O Guru deve analisar e definir a tendência natural inata Lobha (avidez) do discípulo por uma das quatro Rasas - Dasya, Sakhya, Vatsalya ou Madhurya. Tendo determinado a sua Lobha inata, o Guru orienta o discípulo neste sentido.”

Esta afirmação de SS Mahanidhi Swami foi contrariada com a seguinte declaração:

“Isso simplesmente não é siddhanta na ISKCON e nada tem a ver com a realidade guru-discípulo que Prabhupada estabeleceu. Nosso siddhanta é que o próprio discípulo entenderá seu svarupa eterno naturalmente na medida que se purificar, ao praticar serviço devocional prático na missão de Sri Caitanya Mahaprabhu. Srila Bhaktisiddhanta estabeleceu esse princípio e Srila Prabhupada o seguiu.”

A minha colocação a este respeito:

Então quando o discípulo “naturalmente” entender seu Svarupa eterno e regressar a Goloka Vrndavana para servir Sri Sri Radha Krsna, ele não irá mais relacionar-se com seu Guru que também alcançou seu Svarupa eterno e também estará lá? Após o discípulo entender seu Svarupa eterno, não é o Guru que continua a guiar o Bhajana do discípulo?
Com nosso Svarupa eterno não iremos mais servir devotos superiores a nós como Rupa Manjari (Rupa Goswami) e nosso Guru (que também terá seu Svarupa) e iremos servir o Casal divino sem a via media de devotos superiores?
Quando alcançarmos “naturalmente” nosso Svarupa eterno, como será o nosso relacionamento com Prabhupada no Svarupa eterno dele em Goloka Vrndavana?

Com nosso corpo actual (Sadhaka Deha) servimos nosso Guru e Srila Prabhupada no serviço deles à Krsna.
Ou seja, qual é o serviço do nosso Guru e de Srila Prabhupada? É de propagar a Consciência de Krsna neste mundo através dos Santos Nomes e da distribuição massiva dos livros de Srila Prabhupada. Temos que participar desta propagação intensamente para auxiliarmos nosso Guru e Srila Prabhupada neste serviço que é deles.

Isto é Sadhana Raganuga externo.

Quando alcançarmos nosso Svarupa eterno (Sidha Deha) iremos continuar a servir nosso Guru e Srila Prabhupada.
Por exemplo, se eles forem vaqueirinhos e nós também, iremos colher algumas frutas para que eles ofereçam-nas à Krsna. Nós auxiliamos o serviço deles.
Se eles forem Manjaris e nós também, iremos colher algumas flores e fazer algumas guirlandas para que eles ofereçam à Radha Krsna.

Isto é Sadhana Raganuga interno.

A relação com o Guru é eterna.
SS Suhotra Tapovanacari explica muito bem o conceito de Jata e Ajata Ruci Raganuga Bhakti na ISKCON.

http://www.suhotraswami.net/library/Raganuga-bhakti_and_ISKCON_-_An_Examination.pdf

Está citação de SS Mahanidhi Swami que foi contrariada, está no seu livro, "Gayatri Mahima Madhuri".

Seu servo
Prahladesh Dasa