Baseado na apresentação de Bhurijana Prabhu do Bhagavad Gita, 1997 Vaisnava Institute for Higher Education (VIHE)
Bhurijana Prabhu faz a seguinte dedicatória:
A Srila Prabhupada, que combateu a ilusão com a fúria de Arjuna, o poderoso, vitorioso e feroz herói guerreiro, mas que também personificou a simplicidade gentil do destemido Prahlada, o menininho.
O sistema Védico progressivo é o seguinte:
Karma Kanda
Jnana Kanda
Sankhya Yoga
Buddhi Yoga
Sakama Karma Yoga
Niskama Karma Yoga
Jnana Yoga (Liberação no Brahman Impessoal)
Astanga Yoga (Realização do Paramatma)
Bhakti Yoga (Serviço Devocional)
Um seguidor do sistema Védico progride da seguinte forma:
Ao invés de tentar desfrutar dos sentidos irrestritamente, um seguidor dos Vedas rende-se a uma autoridade Védica a qual regula suas acções e ocupa-o em executar sacrifícios Karma Kanda. O objectivo destes sacrifícios é alcançar prosperidade, nesta vida e nas vidas futuras.
Com o tempo tal seguidor torna-se receptivo a filosofia da transcendência e confia mais nos sacerdotes e Sastras. Após ter ouvido um número incontável de versos que glorificam os sacrifícios Karma Kanda e os planetas celestiais (Svargaloka, Soma Rasa, jardins Nanda Kanana), ele está pronto para considerar a secção Jnana Kanda dos Vedas e contemplar a vida espiritual baseada na eternidade da alma.
No Bhagavad Gita 2.39 no significado Srila Prabhupada esclarece:
"Aqui, Sankhya significa descrição analítica do corpo e da alma. O Senhor Krsna fez uma descrição analítica da alma só para trazer Arjuna ao nível da Buddhi Yoga..."
BG 3.1 "Bhuddhi Yoga, ou a inteligência que propicia o avanço no conhecimento espiritual..."
Ao considerar a secção Jnana Kanda (Sankhya - Buddhi), o Karma Kandi passa a ser um Karma Yogi.
Existem dois tipos de Karma Yoga:
Sakama Karma Yoga (com desejos materiais)
Niskama Karma Yoga (sem desejos materiais)
Um Karma Yogi é alguém que aceita a transcendência como seu objectivo. Os Karma Yogis progridem gradualmente de Sakama para Niskama por executarem seus deveres prescritos. A medida que suas realizações aumentam, eles tornam-se mais desapegados da matéria. Então eles deixam de executar Sakama Karma Yoga e sobem mais um degrau na escada da Yoga e tornam-se Niskama Karma Yogis, executando trabalho desapegados.
Dois homens podem executar o mesmo trabalho, mas com consciências diferentes. Superficialmente pode parecer que é o mesmo, mas o Sakama está apegado aos frutos do seu trabalho e a natureza especifica do trabalho que executa. O Niskama está desapegado dos frutos do seu trabalho, mas mantém-se apegado ao trabalho em si.
O estágio mais elevado de trabalho ocorre quando uma pessoa está desapegada dos frutos do trabalho e do trabalho ele mesmo. Ela continua a trabalhar, mas o seu ímpeto é simplesmente rendição devocional a ordem do Guru e Krsna.
Subindo mais na escada da Yoga, tal praticante esforça-se pela liberação (Jnana Yoga); depois pela realização do Paramatma (Astanga Yoga) e finalmente serviço devocional a Krsna (Bhakti Yoga).
No Bhagavad Gita 6.47, Srila Prabhupada explica:
"Todas as espécies de práticas de Yoga culminam em Bhakti Yoga. Todas as outras Yogas não passam de meios para chegar ao ponto de Bhakti em Bhakti Yoga. Yoga na verdade significa Bhakti Yoga; todas as outras são avanços rumo ao mesmo destino: Bhakti Yoga. Do início da Karma Yoga até o fim da Bhakti Yoga é longo o caminho para a auto-realização. Karma Yoga, sem resultados fruitivos, é o começo deste caminho.
Quando na Karma Yoga aumenta o conhecimento e a renúncia, passa-se a etapa de Jnana Yoga. Quando o Jnani Yogi aumenta sua meditação sobre a Superalma através de diferentes processos físicos, e a sua mente está nEle, atinge-se a fase de Astanga Yoga. E ao ultrapassar a Astanga Yoga e estabelecer-se na Suprema Personalidade de Deus, Krsna, o Yogi fixa-se em Bhakti Yoga, a culminação. De facto, Bhakti Yoga é a meta última, mas para analisar Bhakti Yoga em pormenores, devem-se compreender estas outras Yogas."
No entanto, pode-se alcançar Bhakti através deste processo gradual Védico - através de Karma, Jnana e Yoga, ou por actividades devocionais acumuladas (Ajnata Sukriti), ter a boa fortuna de entrar em contacto com um devoto puro de Krsna e adoptar directamente a Consciência de Krsna.
Tão pronto uma pessoa aceite sua posição como servo de Krsna, ainda que possa estar na fase de Sakama Karma Yoga ou Niskama Karma Yoga, já não está no mesmo processo gradual dos outros praticantes. Tal pessoa é um devoto, ainda que não esteja plenamente realizado e tenha desejos materiais. Ela já conhece o objectivo último da vida, e está numa posição diferente dos outros praticantes. As suas práticas parecem paralelas, mas não são.
Por exemplo, um devoto que pratica Sakama Karma Yoga, irá gradualmente perder seus desejos materiais, o que também é verdade para um Sakama Karma Yogi não-devoto.
No entanto, um Sakama Karma Yogi devoto já aspira por um objectivo superior, enquanto um Sakama Karma Yogi não-devoto pode não chegar a este entendimento. E talvez dificilmente alcance o último degrau na escada da Yoga.
Portanto, por estudar o Bhagavad Gita Como Ele É, ninguém pode ficar confundido e errar um degrau na escada da Yoga como objectivo.
Srila Prabhupada, misericordiosamente e habilmente sintetizou os comentários dos Acaryas prévios com suas próprias palavras realizadas, criando significados plenamente relevantes para uma audiência mundial do Bhagavad Gita.
Srila Prabhupada revelou o verdadeiro desejo de Krsna para as almas condicionadas: sarva-dharman parityajya, que elas abandonem todas as formas de religião e rendam-se a Ele.
Porque ficar imcompleto, fixo num dos níveis do elaborado sistema Védico, quando podemos alcançar o propósito final deste mesmo sistema pelo simples facto de darmos um passo em direcção a Krsna?
Por escrever o Bhagavad Gita Como Ele É, Srila Prabhupada claramente provou que um devoto é ainda mais misericordioso que o próprio Senhor."
Pergunta: Em karma-yoga, nós dedicamos nossas atividades a Krishna. Em bhakti-yoga, nós dedicamos nossas atividades a Krishna. Qual é a diferença, então, entre karma-yoga e bhakti-yoga?
Resposta: De acordo com Bhurijana Prabhu, um dos maiores estudiosos contemporâneos das escrituras de bhakti, a diferença entre karma-yoga e bhakti-yoga é que, em karma-yoga, há uma distância entre o ato e a oferenda. O karma-yogi cumpre seus deveres sociais (como prescritos nas escrituras que discorrem sobre varna e asrama) perfeitamente e, mais tarde, oferece-os a Krishna com algum rito ou com meras palavras: "Ó Krishna, fique satisfeito com essas atividades". Em bhakti-yoga, o ato e a oferenda são simultâneos. Quando cantamos os nomes de Krishna, não precisamos oferecer esse canto depois de cantá-lo, porque o próprio canto é a oferenda. Quando ouvimos as escrituras, adoramos a forma de Krishna no altar etc., esses atos já são atividades intrinsecamente devocionais, oferendas por si só. O desempenho dos próprios deveres materiais, no entanto, não são atividades naturalmente espirituais - prover alimentação para a família, defender os cidadãos de bem, produzir grãos, atender o patrão etc. -, em virtude do que uma oferenda tem que ser feita após o desempenho das obrigações sociais.
Visvanatha diz em seu comentário ao Bhagavad-gita (9.27): "Os praticantes de karma-yoga oferecem ao Senhor as ações prescritas nas escrituras, mas ananya-bhakti [bhakti pura] não significa que você executa uma ação e então oferece ao Senhor; senão que a ação é feita simultaneamente com a oferenda ao Senhor. Isso é mencionado por Prahlada (SB 7.5.24) quando ele diz, iti pumsarpita visnau bhaktis cen nava-laksana kryeta bhagavaty".
Quanto menor a distância entre o ato e a oferenda, mais perto estamos de bhakti-yoga e mais longe de karma-yoga. Quando não estamos nem fazendo um ato casado com oferenda, nem estamos envolvidos em um ato honesto de acordo com nossa posição social e que podemos oferecer em seguida, estamos fora do yoga, ou seja, estamos fora de conexão com Deus.