Foto: Rangoli - padrões criados no chão, em quartos ou pátios, para afastar más vibrações, utilizando materiais como arroz colorido, farinha seca, areia colorida ou pétalas de flores.
"Raganuga para iniciantes?
Fomos levados a pensar de raganuga sadhana como uma prática "avançada".
Do que eu posso dizer, é mais uma prática que se desenvolve a partir de um estágio simples para um estágio mais avançado.
Existem praticantes avançados de raganuga sadhana e também há iniciantes. As suas qualificações e as atividades são da mesma substância, mas diferentes em quantidade e profundidade de especificidade e pureza.
Dhyanacandra Goswami deu uma versão muito completa, avançada de raganuga sadhana em seu Gaura-Govinda-Arcana-Smarana-Paddhati.
Rupa Goswami, no entanto, deu uma definição no Bhakti-rasamrta sindhu que pode acomodar facilmente tanto a abordagem inicial como a abordagem avançada deste caminho.
Vou tentar mostrar como as definições de Rupa Goswami dizem respeito a aqueles que estão começando com o raganuga sadhana.
Sua definição de como praticar começa com 1.2.294. Ele começa por dizer kṛṣṇaṁ smaran - "Lembre-se Krishna" A palavra smaran não é esotérica. É o princípio essencial de vaidhi-sādhana (smartavyaḥ satataṁ viṣṇuḥ, BRS 1.2.8).
Então ele diz janaṁ ca - "[lembrar Krishna] com seu devoto." Essa é a marca deste (asya) tipo de sadhana, não encontrada em vaidhi-sadhana. Nós sempre pensamos em Krishna com Seus devotos.
Então ele diz preṣṭhaṁ nija-samihitam - ".Pense em Krishna com o devoto que ama Krishna da forma como você mesmo espera amar Krishna"
Isto implica algum adhikara. Especificamente, é impossível executar raganuga a menos que tenhamos alguma esperança natural de amar Krishna em uma maneira específica. (Laulyam / lobha).
Não precisamos estar livres de rajas-tamas e qualificados para uma meditação samadhi constante para começar raganuga-sadhana.
Só precisamos de uma aspiração natural, clara e firme para um tipo específico de amor à Krishna. Esse é o requisito, abaixo do qual não é possível sequer começar raganuga.
Em seguida, Rupa Goswami esclarece a melhor forma de "lembrar Krishna com Seu devoto" - tat-tat-kathā-rataś cāsau. "Lembre-se deles por sempre ouvir sobre o seu amor."
Em seguida, ele acrescenta, kuryād vāsaṁ vraje sadā. "Sempre faça sua residência em Vraja".
Por um lado isso é um conselho prático: se eu quiser sempre ouvir sobre o amor de Krishna e um devoto particular, a minha melhor aposta é a de me cercar de outras pessoas que tenham interesses semelhantes.
Então, eu deveria mudar para Vraja. Por outro lado, isso poderia significar "Se você constantemente ouvir sobre o amor entre Krishna e o devoto que você admira, você vai efetivamente viver sempre com eles em Vraja."
A segunda interpretação parece melhor, uma vez que nem todos os praticantes raganuga vivem em Vrndavana. Mesmo Mahaprabhu e Seus associados extremamente elevados viviam em Puri.
Agora, chegamos ao 1.2.295. Este é sobre seva.
Temos que fazer o 294 antes de sermos capazes de fazer o 295; temos de cultivar o interesse e familiaridade com o relacionamento de Krishna com o devoto que admiramos, antes de podermos seguir as instruções do 295, o qual nos aconselha como aplicar essas informações para nosso serviço prático.
O verso é sobre seva - que é o tópico. Seva tem duas formas, uma forma prática visível (sadhaka-rupena) e uma forma intrínsica (siddha-rupena) ideal.
Neste caminho de raganuga (atra) seva deve operar através de ambas as formas. Devemos executar seva com a forma prática visível, mas o (hi) aspecto mais importante é também (ca) participar na forma intrínsica ideal.
Um praticante muito avançado poderá seguir o sistema de Dhyanacandra Goswamis para elaboradamente visionar a forma ideal de seva. O praticante novato de raganuga simplesmente executa seus atos externos (realizando kirtan, adorando a Deidade, a limpando o templo, etc), mantendo a consciência do significado interno dessa ação, no contexto do relacionamento com Krishna que ele ou ela aspira.
Felizmente Rupa Goswami afirma isso explicitamente dizendo, tad-bhāva-lipsunā kāryā "[A participação nesta forma interna é feita por] ligando-a ao bhava [estado de espírito de devoção] que você está se esforçando para conseguir."
Ele termina com vraja-lokānusārataḥ - "Assim é como você segue a essência dos habitantes de Vraja."
Então chegamos ao 1.2.296, que responde: "Que tipo de seva devo fazer?"
śravaṇot-kīrtanādīni vaidha-bhakty uditāni tu, yāny angāni ca tany atra vijñeyāni manīṣibhiḥ
Ele diz: "O inteligente aplica-se a uma prática realizada dos sevas descritos na seção sobre vaidhi-bhakti: ouvir, cantar, e assim por diante."
Aqui as palavras inteligente (manīṣībhiḥ) e realizado (vijñeyāni) referem-se a executar a forma externa destas práticas (sadhaka-rupa), com consciência e foco na relevância interna delas para nosso ideal devocional almejado.
Então, tomados em conjunto, os três versos [BRS 1.2.294-295-296] lê-se como se segue:
"Lembre-se de Krishna com o devoto que o ama do jeito que você mesmo espera amá-Lo, por sempre ouvir sobre o amor deles e resida em Vraja. Cultive o mesmo humor de amor deles, executando suas práticas devocionais com foco na relevância análoga para os serviços que você espera realizar. Assim inteligentemente aplique-se a todas as práticas de devoção descritas em vaidhi, especialmente ouvir e Kirtana."
Para fazer este sadhana não se requer estar livre de modos inferiores, etc. Mas exige que se tenha um interesse natural e claro num tipo particular de relação com Krishna. Isto não requer meditação 24 horas, ou qualquer sistema elaborado, embora praticantes avançados possam aproveitar-se de tais sistemas. Ele simplesmente requer que se ouça sobre o relacionamento de Krishna com Seu amado devoto e que se siga o exemplo do espírito deste amor ao realizar as práticas devocionais normais."
(Vraja Kisora - Vic Dicara das bandas Shelter e 108)
