segunda-feira, 18 de junho de 2012

Diksa Guru feminino - O despertar das Thakuranis

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Sri Saradasundari Mata Goswamini - Diksa Guru

Algumas devotas parecem que sentem-se desconfortáveis por serem chamadas de Prabhu devido a que consideram um termo masculinizado (embora possa ser usado para os dois generos) e consideram este termo uma forma de influência feminista.

Outras devotas sentem-se desconfortáveis por serem chamadas de Matajis por considerarem não ser um termo muito respeitoso (embora o seja) devido a situações chauvinistas do passado e presente com a utilização deste termo.

Obviamente as devotas não exigem ser tratadas de uma forma ou de outra. E todos querem ser tratados como Dasa e Dasi.

A questão não é como as devotas e devotos querem ser tratados, mas como nós queremos e devemos tratá-los.

Eu particularmente sinto-me muito bem em tratar as devotas por Prabhvi e Mataji ao mesmo tempo. E desta forma ao usar os dois termos ao mesmo tempo penso que todas as devotas ficam satisfeitas.

Ex: Srimati Prabhvi Radhika Devi Dasi Mataji. Ou simplesmente Prabhvi Radhika Mataji.

Isto faz-me recordar que as devotas são como minhas mães e mestras.

Mas mãe também não é mestra? Sem dúvida que é. Mas nunca é demais salientar.

Além disso a mãe ocupa um lugar diferente na hierarquia de ensinar.

Mata, Pita, Guru, Deva

Na India considera-se que a mãe mostra o pai. O pai mostra o Guru. O Guru mostra a Deidade.

E é interessante que quando a mulher assume o papel de Diksa Guru passa a ser mais que Mata. Passa a ser Mataji.

E portanto o termo Mataji refere-se a que a devota é mais que uma mãe. Mas que pode assumir o papel de Diksa Guru.

Prabhvi, Thakurani, Acarya Rani, Goswamini, Sadhvi, Gurvi Maharani (feminino de Maharaja).

Ainda assim, para salientar eu prefiro tratar as devotas de Mataji e Prabhvi ao mesmo tempo.

Na Iskcon uma devota pode ser Diksa Guru.

No seguinte link encontram o parecer do SAC (Conselho Consultivo Sastrico) autorizando as devotas a serem Diksa Gurus (seria interessante se alguém pudesse traduzir):

Diksa Guru feminino

E temos muitos exemplos como:

Sita Thakurani,

Jahnava Thakurani, 

Hemalata Thakurani,

Gaurangapriya Maharani,

Krishnapriya e Vishnupriya Maharanis,

Ganga Mata Goswamini.

Todas iniciaram muitos discipulos (inclusive devotos).

Além disso, em muitos e diferentes Parivaras, muitas outras Diksa Gurus.

Mahesvari Goswamini, Gunamañjari Goswamini, Ramamani Goswamini, etc....

Ao analisar diferentes linhas de sucessão discipular encontramos um total de 89 Diksa Gurus. Sendo 62 devotos e  27 devotas ...;DDD

Dos 400 Rishis mencionados no Rig Veda, 25 eram devotas que tinham discipulos devotos ...;DDD

Sri Madhavacharya no seu comentário ao Parasara Smriti diz:

Pergunta - Se o Samskara de Upanayana não fosse realizado no caso das meninas, as mulheres seriam reduzidas à condição de Sudras, como então Brahmanas, Kshatriyas e Vaisyas poderiam nascer delas?

Resposta -  "Nos Vedas as mulheres receberam um estatuto elevado de serem videntes (Rishika), juntamente com os homens. Algumas delas até mesmo compuseram hinos Védicos, por exemplo, Visvara, Ghosa, Romasa, Lopamudra, Apala, etc. Elas podiam recitar Mantras Védicos de forma natural.

O Brhadaranyaka Upanishad nos fala de uma filósofa mulher, Gargi Vacaknavi que debatia com Yajanavalkya Rishi. No Mahabharata encontramos uma série de histórias de meninas notáveis por suas aspirações espirituais.

Assim, há uma história de uma Sulabha Brahmavadini, que merece grandes elogios por seu grande progresso no caminho espiritual.

Houve "Siba" outra menina que era filha de um Brahmana que aprendeu e estudou todos os Vedas e depois atingiu Siddhi.

No Asthadhyayi de Panini, encontramos a referência do epíteto Kumari Sramana, ou seja, ascetas solteiras do sexo feminino. Estas ascetas mulheres dedicavam suas vidas à penitência. Elas eram conhecidas como "Kumara - Pravrajita" e "Kumara - Tapasi".

No período antigo, as filhas tinham o direito de executar Yajnas, as moças solteiras também foram vistas oferecendo sacrifícios Védicos.

No Satapatha Brahmana, encontramos a referência de uma mulher que realizou um Upanayana especial por ocasião de um sacrifício Soma. O Atharva Veda diz que a disciplina de Brahmacharya e treinamento era tão necessário para as meninas como era para os meninos."

Esta é a visão espiritual igualitária e inclusivista de nossos Acaryas.

Mas mais do que simples termos de tratamento, o mais importante é por em prática uma forma respeitosa de tratar as devotas. De nada adianta utilizar termos muito respeitosos se na prática não existe respeito.

Quanto a isso poderíamos citar uma série de situações chauvinistas neste sentido do passado e presente (muitas, muitas e muitas, mas esta mensagem ficaria muito extensa).

Das devotas receberem os piores Ashrams, dos devotos tentarem boicotar com Srila Prabhupada a canção do Govinda por que era cantada por uma "mulher", de serem proibidas de liderar Kirtanas e dar aulas, de terem que nascer uma outra vez num nascimento superior, de não poderem cantar Japa na sala do Templo, das "MATAJIS" terem de oferecer flores para Prabhupada depois dos "PRABHUS", etc, etc, etc e etc ....

"Chanakya Pandita disse para não confiar naqueles que não controlam os seus sentidos, nos políticos e nas mulheres. Mas isso se aplica a mulheres não-devotas, não as nossas mulheres, porque elas sim controlaam seus sentidos." (aula de Srila Prabhupada em Los Angeles 1972)

Farto de que "alguns" queriam diminuir a posição das "MATAJIS", Srila Prabhupada reagiu:

"Você dança, ela dança.

Você canta, ela canta.

Você cozinha, ela cozinha.

Não há nenhuma diferença. Vocês são iguais aos olhos de Krsna."

Agora, isto faz parte do passado? Não. No ano passado quando SG Prabhvi Urmila Devi Dasi Mataji deu uma aula em Mayapur gerou toda uma controversia (apesar de isto ser aprovado pelo GBC e por Srila Prabhupada).

Isto pode ser comprovado no seguinte link com os comentários da aula (417 comentários ...;DDD ...;DDD):

Aula de SG Prabhvi Urmila Mataji

Nós não somos seguidores do Asura Varnasrama, mas do Daiva e A-Daiva Varnasramas aonde embora as Prabhvis devam seguir o Stri Dharma da vida familiar, podem também aceitar a posição de Diksa Guru.

Vosso servo

Prahladesh Dasa Adhikari

Junho - 2012