quarta-feira, 2 de maio de 2012

Eutanásia - Distanásia - Ortotanásia - Eutanásia Passiva (Visão Védica do Suicídio) / Euthanasia - Dysthanasia - Orthothanasia - Passive Euthanasia (Vedic View of Suicide)

Entre os extremos cruéis da Eutanásia e da Distanásia, os Vedas corroboram a Ortotanásia ou Eutanásia Passiva

Classificação da Eutanásia

A eutanásia pode ser classificada de acordo como uma pessoa dá o consentimento em três tipos: voluntária, não-voluntária e involuntária.

Eutanásia voluntária

A eutanásia realizada com o consentimento do paciente é denominado eutanásia voluntária.

Eutanásia não-voluntária

Eutanásia realizada quando o consentimento do paciente não está disponível.

Eutanásia involuntária

Eutanásia realizada contra a vontade do paciente.

A eutanásia voluntária, não-voluntária e involuntária podem ser divididas em variantes passiva ou activa.

Eutanásia passiva

Eutanásia passiva implica parar tratamentos comuns, tais como antibióticos, necessários para a continuação da vida.

Eutanásia activa

A eutanásia activa envolve o uso de substâncias letais ou forças, como a administração de uma injeção letal, para matar e é o meio mais controverso.

Distanásia

Distanásia é a prática pela qual se prorroga, através de meios artificiais e desproporcionais, a vida de um enfermo incurável. Também pode ser conhecida como “obstinação terapêutica”.

Opõe-se à eutanásia e ao conceito de eutanásia passiva.

Distanásia é quando se prolonga desnecessariamente a vida de um doente com situação clínica grave e irreversível, ou por despreparo do médico, ou exigência de familiares que não se conformam com o fim de um ente querido, ou por interesse financeiro de médicos e donos de hospitais.

Ortotanásia

Ortotanásia é o termo utilizado pelos médicos para definir a morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao paciente morte digna, sem sofrimento, deixando a evolução e percurso da doença. Portanto, evitam-se métodos extraordinários de suporte de vida, como medicamentos e aparelhos, em pacientes irrecuperáveis e que já foram submetidos a suporte avançado de vida.

É importante neste caso, distinguir ortotanásia de eutanásia passiva, na medida em que na primeira não são levadas a cabo quaisquer medidas que visem manter ou melhorar o estado de saúde do doente, e na segunda estas são tomadas e interrompidas num determinado momento de sua vida. Vale salientar, também, que na ortotanásia, podem ser adotadas medidas paliativas para aliviar o sofrimento da pessoa em vias de falecer.

Ortotanásia é quando o médico age com sabedoria, dosando bem até onde pode ir, para evitar apressar desnecessariamente a morte do doente, e evitar prolongá-la desnecessariamente.

Importante salientar que tanto no Brasil como em Portugal não são permitidos nem a eutanásia e nem a ortotanásia (e também a eutanásia passiva). Mas muitas vezes é feita a distanásia.

Em alguns países são permitidas todas. Em outros é permitido a ortotanásia (e também a eutanásia passiva) mas não a eutanásia.

Visão Védica

Pergunta: Qual o parecer filosófico (Védico) sobre a eutanásia, ou suicídio assistido? Se tomarmos o ponto de vista da Lei do Karma, então vamos deixar que as coisas sejam como são a menos que seja para uma causa maior. 

Qual é o maior princípio nesta questão?

Se um devoto recusa a medicação e jejua até que ele abandone seu corpo, (1) ele está fazendo isso para si mesmo, não a outra pessoa, e (2) ele está fazendo isso em preparação para voltar para casa, de volta ao Supremo, mas não para ficar livre de sofrimento corporal.

Tal devoto sabe que é hora de ele deixar este mundo. Então, por que continuar a manter o corpo? Isto não é o mesmo que o suicídio. Não é feito como um meio de conseguir livrar-se de uma condição dolorosa da vida. São coisas completamente diferentes. Um materialista pensar que já não consegue desfrutar e um devoto pensar que já não consegue executar suas práticas devocionais. São motivações totalmente distintas. 

====================

O jejum até a morte

Embora os Vedas rejeitem o suicídio, a morte por jejum (Prayopavesa - Prāyopaveśanam) é a única forma autorizada para morrer, livre de acumular Karma. 

Um exemplo é Maharaja Pariksit (SB 1.4.10, 1.19.5,7,12,18, 12.12.57). 

"Quando por causa de doença ou velhice, alguém é incapaz de realizar seus deveres prescritos para o avanço na consciência espiritual ou estudo dos Vedas, ele deveria praticar o jejum, não tomando qualquer comida". (SB 7.12.23)

Portanto a Visão Védica é desfavorável a eutanásia e favorável a ortotanásia (e eutanásia passiva). O mesmo no que diz respeito a eutanásia animal.

Quando por idade avançada ou doença grave e incurável (SB 7.12.23), recomenda-se tal jejum.

====================

Temos o exemplo do próprio Srila Prabhupada.

Prabhupada Vigília - 01 de novembro de 1977, Vrndavana:

Tamala Krsna: Às vezes os devotos desmaiam apenas do jejum de um dia. O senhor está a  jejuar por seis meses, Srila Prabhupada. Se o senhor desmaia um pouco, não é um sinal de morte.

Prabhupada: Não, não. Estou acolhendo a morte.

Tamala Krsna: Eu sei. Essa é a ... É por isso que conversamos ...

Bhavananda: Mas nós não estamos. Nós não estamos acolhendo a idéia de sua morte, Srila Prabhupada. O senhor  diz: "Qual é o mal?" Não há nenhum mal para o senhor. Seu retorno a Krsna está assegurado a partir do seu próprio nascimento.

Prabhupada: Então por que não me permitem fazer isso?

Bhavananda: Estamos pensando no mal para nós e para o resto do mundo.

Prabhupada: Isso depende de Krsna. Mas para mim, se vocês me derem essa facilidade parikrama, e depois deixar-me ao meu destino - vocês dão-me ... Porque eu não estou comendo, de modo que mantenham-me o dia todo como eu estou. Mas se vocês acharem que eu me tornei um fardo, então ..."

====================

Vemos que Srila Prabhupada havia decidido jejuar até abandonar o corpo. Por amor a seus discípulos, às vezes voltava atrás. Mas no final já não comia nada.

====================

Outra coisa importante a salientar é que o suicídio de Prayopavesa - Prāyopaveśanam,  jejum até a morte, ou algum outro método, que é feito por Yogis e devotos não faz com que se tornem fantasmas. O destino de um Vaisnava é sempre glorioso.

====================

English 

Between the cruel extremes of Euthanasia and Dysthanasia, the Vedas corroborate Orthothanasia or Passive Euthanasia.

Euthanasia Classification

Euthanasia can be classified according to how a person gives consent into three types: voluntary, non-voluntary and involuntary.

Voluntary euthanasia

Euthanasia performed with the patient's consent is called voluntary euthanasia.

Non-voluntary euthanasia

Euthanasia performed when patient consent is not available.

Involuntary euthanasia

Euthanasia performed against the patient's will.

Voluntary, non-voluntary and involuntary euthanasia can be divided into passive or active variants.

Passive euthanasia

Passive euthanasia involves stopping common treatments, such as antibiotics, necessary for continued life.

Active euthanasia

Active euthanasia involves the use of lethal substances or forces, such as administering a lethal injection, to kill and is the most controversial means.

Dysthanasia

Dysthanasia is the practice by which, through artificial and disproportionate means, the life of an incurably ill person is prolonged. It can also be known as “therapeutic obstinacy”.

Opposes euthanasia and the concept of passive euthanasia.

Dysthanasia is when the life of a patient with a serious and irreversible clinical situation is unnecessarily prolonged, either due to unpreparedness on the part of the doctor, or demands from family members who cannot accept the death of a loved one, or due to the financial interest of doctors and hospital owners .

Orthothanasia

Orthothanasia is the term used by doctors to define natural death, without interference from science, allowing the patient a dignified death, without suffering, leaving the evolution and trajectory of the disease. Therefore, extraordinary life support methods such as medications and devices are avoided in patients who are unrecoverable and have already undergone advanced life support.

It is important in this case to distinguish orthothanasia from passive euthanasia, as in the former no measures are taken to maintain or improve the patient's health status, and in the latter these are taken and interrupted at a certain point in their life. It is also worth noting that in orthothanasia, palliative measures can be adopted to alleviate the suffering of the person who is about to die.

Orthothanasia is when the doctor acts wisely, dosing as far as he/she can, to avoid unnecessarily hastening the patient's death, and avoiding prolonging it unnecessarily.

It is important to highlight that neither euthanasia nor orthothanasia (and also passive euthanasia) are permitted in both Brazil and Portugal. But dysthanasia is often done.

In some countries all are permitted. In others, orthothanasia (and also passive euthanasia) is permitted but not euthanasia.

Vedic View

Question: What is the philosophical (Vedic) opinion on euthanasia, or assisted suicide? If we take the point of view of the Law of Karma, then we will let things be as they are unless it is for a greater cause.

What is the greatest principle in this matter?

If a devotee refuses medication and fasts until he/she leaves his/her body, (1) he/she is doing it for himself/herself, not someone else, and (2) he/she is doing it in preparation for returning home, back to Godhead, but not to be free from bodily suffering.

Such a devotee knows that it is time for him/her to leave this world. So why continue maintaining the body? This is not the same as suicide. It is not done as a means of getting rid of a painful condition in life. They are completely different things. A materialist thinking he/she can no longer enjoy and a devotee thinking he/she can no longer perform his/her devotional practices. They are totally different motivations.

====================

Fasting until death

Although the Vedas reject suicide, death by fasting (Prayopavesa - Prāyopaveśanam) is the only authorized way to die, free from accumulating Karma.

An example is Maharaja Pariksit (SB 1.4.10, 1.19.5,7,12,18, 12.12.57).

"When because of illness or old age, one is unable to perform his/her prescribed duties for advancement in spiritual consciousness or study of the Vedas, he/she should practice fasting, not taking any food." (SB 7.12.23)

Therefore, the Vedic View is unfavorable to euthanasia and favorable to orthothanasia (and passive euthanasia). The same with animal euthanasia.

When due to advanced age or serious and incurable illness (SB 7.12.23), such fasting is recommended.

====================

We have the example of Srila Prabhupada himself.

Prabhupada Vigil - November 1, 1977, Vrndavana:

Tamala Krsna: Sometimes devotees faint from just one day's fasting. You have been fasting for six months, Srila Prabhupada. If you faint a little, it is not a sign of death.

Prabhupada: No, no. I am welcoming death.

Tamala Krishna: I know. That's the... That's why we talk...

Bhavananda: But we are not. We are not welcoming the idea of ​​your death, Srila Prabhupada. You say, "What's the harm?" There is no harm to you, sir. Your return to Krsna is assured from his own birth.

Prabhupada: Then why don't I be allowed to do this?

Bhavananda: We are thinking of the bad for ourselves and for the rest of the world.

Prabhupada: That depends on Krsna. But for me, if you give me this parikrama facility, and then leave me to my fate - you give it to me... Because I am not eating, so keep me all day as I am. But if you think that I have become a burden, then..."

====================

We see that Srila Prabhupada had decided to fast until he left the body. Out of love for his disciples, he sometimes went back. But in the end he didn't eat anything else.

====================

Another important thing to point out is that the suicide of Prayopavesa - Prāyopaveśanam, fasting unto death, or some other method, that is done by Yogis and devotees does not cause them to become ghosts. The destiny of a Vaisnava is always glorious.