Por SS Purusatraya Swami
“AMOR PRÓPRIO
Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo”. Esta é a injunção do Decálogo.
Para realizar esse mandamento em sua completude temos que entender o que significa “amor-próprio”.
Pessoas piedosas enaltecem o “amor ao próximo”, pessoas religiosas, o “amor a Deus”, mas quem realmente compreende o “amar-se”?
No ato de amar desejamos o melhor para o objeto de nosso amor. Sendo o próprio eu o objeto do amor, como posso amar-me?
Amor-próprio significa buscar aquilo que é melhor para nós. Nos Vedas, isso se chama shreya-uttamam, o summum bonum.
A melhor coisa que eu posso oferecer à minha própria vida é empenhar-me em expandir e purificar minha consciência. O resultado desse empenho é a obtenção de um estado de paz, conhecimento e satisfação permanente.
Muitos pensam que amar a si mesmo é adular o ego corpóreo com objetos e prazeres.
Grave engano.
Estimulam assim uma mentalidade egocêntrica e interesseira. Esquecem-se da alma, o ego verdadeiro â a essência espiritual eterna.
Dessa maneira, não conseguem apropriadamente se amar. Consequentemente, não são capazes de verdadeiramente amar o próximo, e o que dizer de amar a Deus.
ESPIRITUALIDADE.
Espiritualidade sã implica em ter os olhos abertos à realidade. Não é uma fuga da realidade, nem fantasia ou delírios. É estar plenamente lúcido. É saber muito bem onde se está pisando e não se deixar iludir. O propósito da vida fica bem nítido. Não se engana a ninguém e nem se deixa enganar.
Espiritualidade genuína implica em conhecimento perfeito do eu, do mundo em que vivemos e da Transcendência. Não é algo meramente caprichoso ou sentimental [Cuidado! Existem muitos produtos de imitação no mercado!].
A essência da espiritualidade é a conexão entre a alma individual e a Alma Suprema, Deus. Isso é o que de fato podemos chamar de “espiritual” [Existem muitas mercadorias com o rótulo âespiritualâ, mas estão longe dessa essência! Esteja alerta!].
Estando, assim, conscientes da realidade que nos cerca e em comunhão com Deus, experimenta-se naturalmente autoconfiança, paz interior e felicidade plena, mesmo em meio a este mundo caótico.
SEMEANDO E COLHENDO.
Mesmo se você não aceita os conceitos do conhecimento védico de karma e renascimento, considere: “Colhemos o que semeamos”. O que hoje somos já é nossa colheita. Agora já está na hora de semear para a próxima safra. De fato, temos o destino em nossas mãos. O agricultor sensato separa os melhores grãos para serem usados como sementes no próximo plantio. Temos, portanto, que extrais as ervas daninhas e preparar bem o terreno (purificação da consciência), adubar bem a terra com um bom fertilizante (conhecimento espiritual) e regar regularmente (práticas espirituais). A boa safra está garantida.
Boa colheita a todos!”
Maio - 2012