domingo, 11 de março de 2012

O assunto vai voltar à tona

"Não Pergunte, Não Fale"

Estimados Vaisnavas e Vaisnavis, por favor, aceitem minhas mais humildes e respeitosas reverências.

Srila Prabhupada Ki Jaya !!!

Eu percebo que certos temas fazem alguns devoto(a)s perderem a paciência como bem disse Sriman Guruprema Prabhu:  "algumas ficam logo impacientes e dizem "calem-se e só cantem Hare Krishna" (em um certo sentido isso está certo), outras declaram com toda sua força que "isso ou aquilo é o correto e pronto" e chegam inclusive a ser agressivas...enquanto outras não conseguem ser objetivas e começam vaguear por outros tópicos, levando a discussão aos confins do infinito..."

No entanto, não podemos "fugir" de tratar de diferentes temas nos locais adequados para tal como este Fórum. Agora imaginem que o Movimento Hare Krsna tivesse uma grande influência na sociedade e fosse responsável pelo Governo. Teria que tratar exaustivamente deste e de muitos outros temas. Uma política de "Não pergunte, Não fale" não vai adiantar.

Existem duas instrucções que parecem contraditórias.

No Narada Bhakti Sutra, Narada Muni afirma no Sutra 74 :"Não se deve entrar em debates argumentativos".

Mas no CC Adi 2. 117 Kaviraja Goswami declara que não devemos negligenciar a discussão de tópicos considerados controversos porque isto fortifica a mente.

Harmonizando as duas, não devemos entrar em debates que não apresentam a conclusão de Sastra, Sadhu e Guru. Caso contrário podemos e devemos.

Existem muitos temas que exigem um tratamento bastante prolongado. Temos que ter paciência que é um dos requisitos para praticar a vida espiritual.

Sriman Krsna Kisora Prabhu enviou uma mensagem aonde se posiciona sobre o tema. É a posição dele a qual subscrevo.

"Homosexuais em ashram não dão certo."

"Recomendar a um homosexual que se case com alguem de outro sexo também nunca vi dar certo."

"Mencionar o celibato como saida para o problema tambem está fora de cogitação."

"Nao imagino o que se espera provocar em uma pessoa chamando-a de demônio."

Mas qual é a posição da Instituição? Agora pomos este assunto de lado. Mas se não há uma posição clara, o assunto vai voltar à tona.

E se não há uma posição clara, nós deixamos os Administradores por sua conta e risco. Aqueles que decidirem excluir outros devido a sua orientação sexual poderão fazê-lo e outros poderão não fazê-lo. É isso que temos com uma posição de "Não pergunte, Não fale". Uma posição institucional nada clara. Para o bem de nossa Instituição deveria haver uma posição institucional.

Sriman Giridhari Prabhu no seu blog postou dois artigos intitulados "Homossexualidade aponta questões práticas e éticas":

Homossexualidade aponta questões práticas e éticas  I

Homossexualidade aponta questões práticas e éticas  II

No seu blog, Sriman Sita Pati Prabhu comenta:

"O primeiro post que Giridhari fez sobre este assunto demonstra por que os homossexuais se escondem na Instituição. Filosoficamente, a homossexualidade é oficialmente considerada como "comportamento desviante" na ISKCON, ao invés de uma identidade, e como resultado é freqüentemente percebida e tratada como algo que viola as normas constitucionais da organização.

No entanto, como Giridhari aponta, cada vez mais é entendido como uma identidade - algumas pessoas simplesmente nascem gays, por qualquer motivo, assim como algumas pessoas nascem branco, preto, amarelo, masculino, feminino, intelectual, artística, ou qualquer outra coisa.

A resposta habitual na ISKCON é tentar silenciar essas pessoas, ou forçá-las a esconder sua identidade para evitar que sejam silenciadas. Como resultado, elas são incapazes de encontrar uma forma legítima de participação para si mesmas, e obter o apoio de que necessitam. Então, quando elas tentam participar têm que fazê-lo de uma forma que comprometa a sua integridade e causa estresse psicológico.

No momento temos uma situação difícil. Há pessoas homossexuais. Há pessoas homossexuais na ISKCON. No entanto, insistimos em uma política de "Não Pergunte, Não Fale". Como resultado, as pessoas acabam em situações que não deveriam estar. Ao invés de serem capazes de ser reais sobre quem são e o que estão fazendo, elas são forçados ao invés disso a se esconder."

Parece não haver unanimidade na ciência ocidental nos seus vários ramos: Biologia (genética molecular), endocrinologia (hormonios), Neurologia, Psicologia em relação ao tema (embora já se aponte irrevogavelmente num sentido (em concordância com a ciência milenar Ayur Védica)).

No entanto, nós, como seguidores do conhecimento Védico devemos nos refugiar nele. E a medicina milenar Ayur Védica estabelece que a orientação sexual é determinada entre muitos factores, devido a impressão de vidas passadas. Ou seja, factores Kármicos "desencadeiam" fatores genéticos, hormonais, neurológicos, psicológicos (ambientais). A ciência ocidental de uma forma geral não leva em consideração fatores Kármicos (Sriman Mahesvara Caitanya Prabhu poderá confirmar isso ou não).

Aquilo que nós não podemos mudar é Prarabdha Karma.

Aqueles que tem experiencia prática familiar e não somente "hipotética" com outras orientações sexuais sabem que é assim.

Em relação aos Sannyasis. A própria posição de um Sannyasi impõe muito "respeitinho" (como se diz aqui em Portugal ...;D)

E assim, quando um Sannyasi de orientação homossexual está de passagem num Ashrama de devotos, estes devotos costumam se comportar de forma muito educada e casta. Assim como as Devotas comportam-se de forma muito casta e educada com Sannyasis de orientação heterossexual. Não me parece haver aqui um grande conflito.

Por fim, esta coisa de activismo Gay e igualdade de direitos não havia na Cultura Védica porque somente a homossexualidade ocasional é que era condenada. A outra forma inata não era condenada. Pare-se a condenação e acaba o activismo.

Srila Prabhupada condena a homossexualidade ocasional mas não a orientação sexual Kármica.

Vosso servo

Prahladesh Dasa Adhikari

Março - 2012