domingo, 18 de dezembro de 2011

Capitalismo Construtivo

Capitalismo versus Varnasrama em:

Varnash - Marx

Resumo do artigo:

"O capitalismo com suas características de excesso de trabalho e industrialismo Ugra Karma com mecanização de um lado, e desemprego, por outro não é favorável ao estabelecimento de uma estrutura social Varnasrama espiritual. Ao invés de ser fundada na harmonia social e de responsabilidade entre as classes, o capitalismo é baseado na luta de classes entre suas duas classes primárias, capitalistas e trabalhadores. A partir dos exemplos apresentados nesta análise, parece que praticamente todos os aspectos do capitalismo são desfavoráveis para o desenvolvimento de uma estrutura espiritual social de acordo com padrões Vaisnavas. A conclusão é que apesar de fornecer embasamento economico para um estilo de vida alternativo espiritual, o capitalismo não pode formar a base para uma estrutura varnasrama social viável."

Trabalhadores devem ser mantidos felizes:

Caminhada Roma, 27 de maio de 1974

Yogesvara: ... Essa foi exatamente a situação que desencadeou a revolução comunista. Quando os trabalhadores sentiram-se explorados, em seguida, eles se revoltaram.

Prabhupada: Não, os trabalhadores, o que é isso? Explorados?

Yogesvara: Sim, quando os Sudras vêm que, "Oh, estes homens, eles estão mantendo-nos como escravos, e eles estão nos fazendo trabalhar só para a nossa comida", então eles se revoltaram.

Prabhupada: Não, não. Você deve mantê-los bem e de maneira amigável, eles nunca vão pensar assim. Eles vão pensar que você está dando-lhe comida e abrigo, e você está cuidando, dando-lhes proteção para sua família. Em seguida, eles serão felizes. Então eles estão felizes. Quando você lhes dá toda a protecção, então eles vão ser felizes. Agora ... Assim como no Japão. Os industriais dão a todos os homens. Eles dão comida. Eles dão educação. Eles dão abrigo. Então, eles trabalham muito felizes.

Bhagavan: Eles gostam de trabalhar.

Prabhupada: Sim.

Bhagavan: Não é que as pessoas gostem de ser ociosas."

Fábrica e Ugra Karma:

Srimad-Bhagavatam Canto 1: Capítulo Onze, Texto 12:

"Energia humana deve ser adequadamente utilizada no desenvolvimento dos sentidos mais finos para a compreensão espiritual, em que se encontra a solução da vida. Frutas, flores, jardins, parques e reservatórios de água com patos e cisnes a brincar no meio de flores de lótus, e vacas dando leite suficiente e manteiga são essenciais para o desenvolvimento de tecidos mais finos do corpo humano.

Contra isso, as masmorras de minas, fábricas e oficinas desenvolvem propensões demoníacas na classe trabalhadora.

Os interesses prosperam à custa da classe trabalhadora e, conseqüentemente, há confrontos graves entre eles, de muitas formas.

Aqui, é claro, encontramos uma descrição diferente da cidade de Dvaraka. Entende-se que todo o Dhama, ou bairro residencial, era cercado por jardins e parques, com reservatórios de água onde flores de lótus cresciam. As pessoas  dependiam dos dons da natureza de frutas e flores, sem empresas industriais a promover barracas imundas e favelas de bairros residenciais. Avanço da civilização não é estimado sobre o crescimento das usinas e fábricas a deteriorar os instintos mais subtis do ser humano, mas no desenvolvimento de instintos potentes espirituais dos seres humanos e dando-lhes uma chance de voltar ao Supremo. Desenvolvimento de fábricas e usinas é chamado Ugra Karma, ou actividades pungentes, e tais actividades deterioram os sentimentos mais subtis do ser humano e da sociedade para formar um calabouço de demônios."

TAMBÉM:

Já li e recomendo. Acabado de sair: "O Novo Manifesto Capitalista" de Umair Haque (Capitalista e Economista).

Sinopse:

Umair Haque parece acreditar em justiça social e capitalismo.
Mais um utópico? Esperemos que não.

Não o velho e industrial capitalismo, mas um sistema econômico mais afinado com a sustentabilidade socio-ambiental e com a distribuição de riquezas.

O capitalismo está em uma encruzilhada e precisa de reformas profundas para que possa sobreviver. É o que defende o economista norte-americano e colaborador da "Harvard Business Review" Umair Haque, 34, no recém-lançado livro "The New Capitalist Manifesto" (O Novo Manifesto Capitalista) que ele próprio define como "um manual" para um futuro melhor.

Para Haque, as empresas que terão êxito no século 21 serão capitalistas construtivos - companhias que não causam danos à sociedade, não geram resíduos, desenvolvem produtos a partir da demanda dos consumidores e vendem itens de alta necessidade e baixo custo.

Nenhuma empresa alcançou esse status ainda, afirma, mas algumas já deram os primeiros passos.

Para Haque, a crise de 2008 foi apenas um exemplo do grande desequilíbrio do sistema. Segundo o economista, a absoluta maioria dos governos e empresas continua agarrada aos princípios da era industrial, buscando "extrair valor" - das pessoas, da natureza - em vez de "produzir valor".

Disso resulta um "crescimento estúpido" que, na sua visão, pode ser ilustrado pela recuperação do lucro das empresas nos EUA, apesar de o desemprego permanecer alto e a renda, estagnada.

Pergunta: O senhor afirma que o capitalismo está numa encruzilhada. Há alguma relação com a crise de 2008?

Umair Haque - "A crise de 2008 foi grande e histórica, mas há uma crise subjacente mais profunda. O crescimento global tem desacelerado há décadas, sugerindo que o modelo da era industrial, fortemente dependente da agressão à natureza, ao futuro, à sociedade e às comunidades, está perdendo força.
O problema mais profundo é este: as instituições da era industrial subcontabilizaram os custos reais e supercontabilizaram os benefícios reais. É o que eu chamo de Grande Desequilíbrio -não um evento transitório, como a Grande Depressão, mas uma falha subjacente, fincada no coração do capitalismo, que limita sua capacidade de gerar prosperidade duradoura e compartilhada."

Pergunta: A economia americana está em recuperação?

Umair Haque - "Os EUA estão se recuperando só em termos de crescimento estúpido. Exemplo perfeito: o PIB está aumentando, e os lucros corporativos estão em níveis recordes, mas há um desemprego crônico, os salários estão estagnados. Em praticamente qualquer dimensão que importa para os seres humanos, a recuperação é uma ilusão."

Atravessamos a pior década económica desde a Grande Depressão. Não se trata apenas de uma recessão. É a prova de que nossas instituições económicas se encontram obsoletas, de que o conjunto de ideias herdadas da era industrial já não funciona no mundo de hoje.

Neste livro, Umair Haque, especialista em estratégia económica, defende um novo caminho. Segundo o autor, se optarmos por um «capitalismo construtivo» será possível superar o velho paradigma de crescimento a curto prazo, concorrência a todo o custo, empregos «dilbertianos» e o habitual empurrar de custos para as gerações seguintes. Estes pressupostos antiquados só servem para criar ganhos em grande parte ilusórios e gerar a cada ano menos retorno.

Se "A Riqueza das Nações" foi o primeiro manifesto capitalista, esta obra propõe um novo paradigma, igualmente poderoso.

Haque procura descrever como será o capitalismo do futuro. Resume seus prognósticos por meio da formulação de 10 “leis” do “capitalismo construtivo”  e oferece diversos exemplos de como essas leis têm sido seguidas por algumas empresas. Dentre tais “leis” , talvez valha a pena destacar as seguintes: “A competição é uma prática obsoleta”; “Conexões, não transações (devem ser valorizadas); “Criatividade, não produtividade”; “Resultados, não rendas (outcomes, not incomes)”; “A próxima revolução é institucional”; e finalmente "pessoas e não produtos".

De salientar que o capitalismo passa por ciclos com períodos de expansão e retração. O socialismo "extremado" surge quando num período de retração ou grave crise econômica surge uma crise política. O Ugra Karmi capitalista explora ao máximo a matéria-prima e mão de obra e quando não tem mais lucro (aliado a altos impostos), para de investir gerando a crise. E somente volta a investir quando isto se torna possível.

"Os interesses prosperam à custa da classe trabalhadora e, conseqüentemente, há confrontos graves entre eles, de muitas formas." (Srila Prabhupada)

Vosso servo
Prahladesh Dasa Adhikari

Dezembro - 2011