Todos os desvios dentro da nossa própria vertente religiosa como nas demais deve ser sempre e constantemente evidenciado como uma forma de alerta para não incorrer mais no mesmo erro.
E há um grande ganho com este alerta.
Embora na breve história da ISKCON tenham havido desvios comportamentais, nunca houve, ou melhor nunca foi implementado, pelo menos até agora, alguma alteração doutrinária Institucional desvirtuada dos quatro pilares de uma vida humana civilizada (veracidade, misericórdia, limpeza e austeridade).
Este desvio já existe na doutrina Cristã a quase dois milênios que permite a matança de animais.
"Um pregador da Consciência de Deus é um amigo para todos os seres vivos. O Senhor Jesus Cristo exemplificou isto ensinando "Não Matarás". Mas os Cristãos gostam de interpretar mal esta instrucção." (Srila Prabhupada)
Então enquanto os desvios na ISKCON são comportamentais, no Cristianismo são doutrinários, o que é muito mais grave.
Por exemplo, um membro da ISKCON iniciado poderá voltar a comer carne. Isto é um desvio individual e comportamental deste membro. No entanto no Cristianismo isto é sancionado a nível doutrinário e Institucional, o que é muito mais grave.
Não haveria nenhum problema em receber com muita opulência (Rolls Royce) um devoto do calibre de Srila Prabhupada. Quando seus discípulos "exigiram" o mesmo tratamento, tiveram problemas por não estar nesta plataforma.
Da mesma forma, como é possível receber com toda a pompa e circunstância alguém que sanciona a matança indiscriminada de animais?
Srila Prabhupada ao Padre Emmanuel: "Se você parar de matar animais e cantar o santo nome de Cristo, tudo será perfeito."
Na ISKCON, e apesar de desvios comportamentais por parte de alguns de seus integrantes, não há o conceito doutrinário Institucional de que somente através do Gaudiya Vaisnavismo possa-se alcançar a perfeição espiritual. Mas aceita-se de uma forma muito aberta todos os caminhos religiosos.
Uma mentalidade sectária e exclusivista já existe na doutrina Cristã a quase dois milênios.
Isto fica bem evidente na seguinte declaração de D. José Policarpo, patriarca de Lisboa para a seguinte pergunta "as outras religiões farão parte do futuro de Deus?", o patriarca não hesita na resposta positiva, "afirmando que toda a religião sincera, que ponha o homem em contacto com Deus, faz parte do futuro de Deus". Mas recusou que elas possam ser consideradas um "caminho definitivo", condenando os que consideram todas as religiões "definitivas, ao lado do Cristianismo, como se todas fossem iguais".
Então nós ganhamos com tudo isso pela alerta que fica.
Vosso servo
Prahladesh Dasa Adhikari