segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sincretismo - Cristo, Cristãos e Krsna

1 - Talvez alguns não aceitem mas esta é a posição de Srila Prabhupada, de nutrir um grande respeito pelo Senhor Jesus Cristo, mas ao mesmo tempo não tolerar as deturpações do Cristianismo actual.

Ainda que saibamos que a data não é a mais correcta, no "Natal" e entre devotos simplesmente relemos o que Srila Prabhupada ensinou sobre este tópico:

Cristo, Cristãos e Krsna

O líder espiritual do movimento Hare Krishna reconhece aqui o Senhor Jesus Cristo como "o filho de Deus, o representante de Deus ... nosso guru ... nosso mestre espiritual ", mas ele tem algumas palavras duras para aqueles que actualmente se dizem seguidores de Cristo ...

"O Srimad-Bhagavatam declara que qualquer pregador autêntico da consciência de Deus deve ter as qualidades de titiksa (tolerância) e karuna (Compaixão). No caráter do Senhor Jesus Cristo, encontramos estas duas qualidades. Ele era tão tolerante, mesmo quando ele estava sendo crucificado, ele não condenou ninguém. E ele foi tão misericordioso que ele orou a Deus para perdoar as mesmas pessoas que estavam tentando matá-lo. (Claro, eles realmente não poderiam matá-lo. Mas eles estavam pensando que ele poderia ser morto, então eles estavam cometendo uma grande ofensa.) Quando Cristo estava sendo crucificado, ele orou: "Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que estão fazendo"

Um pregador da consciência de Deus é um amigo para todos os seres vivos.

O Senhor Jesus Cristo, exemplificou isto por ensinar "não matarás". Mas os cristãos gostam de interpretar mal esta instrucção. Eles acham que os animais não têm alma e, portanto, eles acham que podem matar livremente milhares de milhões de inocentes animais nos matadouros. Portanto, embora haja muitas pessoas que professam ser cristãs, seria muito difícil encontrar uma que segue estritamente as instruções do Senhor Jesus Cristo.

Um Vaisnava é infeliz por ver o sofrimento dos outros. Por isso, o Senhor Jesus Cristo aceitou ser crucificado - para livrar os outros do sofrimento. Mas seus seguidores são tão infiéis que eles decidiram, "Cristo, sofreu por nós, e nós vamos continuar a cometer pecado." Amam tanto Cristo que eles pensam: "Meu querido Cristo, nós somos muito fracos. Não podemos desistir de nossas actividades pecaminosas. Então, por favor, sofra por nós."

Jesus Cristo ensinou: "Não matarás". Mas seus seguidores

já decidiram: "Vamos matar de qualquer jeito", e abrem grandes, modernos e científicos matadouros. "Se há algum pecado, Cristo sofrerá por nós." Esta é uma conclusão abominável. Cristo pode assumir os sofrimentos pelos pecados anteriores de seus devotos. Mas primeiro eles têm que ser correctos: "Por que eu deveria colocar Jesus Cristo

em sofrimento pelos meus pecados? Deixe-me parar minhas actividades pecaminosas."

Suponhamos que um homem - o filho favorito de seu pai - comete um assassinato.

E suponha que ele pensa: "Se houver qualquer punição que venha, meu pai poderá sofrer por mim. "Será que a lei permitiria isso? Quando o assassino é preso e diz: "Não, não, você pode me soltar e prender o meu pai;. Eu sou o seu filho de estimação", Iriam os policiais cumprir o pedido deste tolo?" Ele cometeu o assassinato, mas ele pensa que seu pai deve sofrer o castigo! É esta uma proposta correcta? " Não. Você cometeu o assassinato;

você deve ser enforcado. "Da mesma forma, quando você comete actividades pecaminosas, você deve sofrer - não Jesus Cristo. Esta é a lei de Deus.

Jesus Cristo era uma personalidade tão grande - o filho de Deus, o representante de Deus. Ele não tinha culpa. Ainda assim, ele foi crucificado. Ele queria entregar a consciência de Deus, mas em contrapartida o crucificaram - eles foram muito ingratos. Eles não podiam apreciar a sua pregação. Mas nós apreciamos e damos-lhe toda a honra como representante de Deus.

Claro, a mensagem que Cristo pregou foi apenas de acordo com seu tempo determinado, local e país, e apenas adequado para um determinado grupo de pessoas. Mas certamente ele é o representante de Deus. Portanto nós adoramos o Senhor Jesus Cristo e oferecemos nossas reverências a ele.

Certa vez, em Melbourne, um grupo de ministros Cristãos vieram visitar-me. Eles perguntaram: "Qual é a sua idéia de Jesus Cristo?" Eu disse-lhes: "Ele é nosso guru. Ele está pregando a consciência de Deus, então ele é o nosso mestre espiritual." Os ministros apreciaram muito.

Na verdade, quem está pregando as glórias de Deus deve ser aceito como um guru. Jesus Cristo é uma personalidade tão grande. Não devemos pensar nele como um ser humano comum. As escrituras dizem que quem considera que o mestre espiritual um homem comum tem uma mentalidade infernal. Se Jesus Cristo fosse um homem comum, então ele não poderia ter entregue a consciência de Deus."

Srila Prabhupada Ki Jaya !!!

2 - Então temos dois extremos a serem evitados.

Um extremo é negar-se enquanto Gaudiya Vaisnava a comemorar o nascimento de Jesus, não respeitando desta forma um devoto puro de Deus (ainda que numa data incorrecta).

Outro extremo é querer misturar processos diferentes num Sincretismo exagerado.

Ora, na história da ISKCON já vimos o caos que isto gerou, por exemplo, quando um líder de uma de nossas comunidades "obrigou" seus integrantes a vestirem-se como monges cristãos e colocou a forma de Jesus Cristo no altar, afastando completamente toda uma comunidade de devotos.

Então uma questão que se coloca é até que ponto a ISKCON como denominação minoritária deveria utilizar o sincretismo como um instrumento que permita sua maior abrangência? Um exemplo é a "Hinduização da ISKCON". Muitos devotos, principalmente nos EUA e Inglaterra mostram-se preocupados com isto.

A ISKCON, num claro sincretismo, mistura rituais do Hinduismo moderno nos seus Templos para satisfazer uma comunidade abrangente de Hindus (e seus grandes donativos) nestes países, perdendo e não dando prioridade para as suas próprias práticas e objectivos !!!

A ISKCON com menos recursos e donativos mas fiél a seus propósitos, ou com mais recursos e donativos mas não tão fiél a seus propósitos?

3 - Outra questão. Estariam a Igreja Católica e as demais vertentes Cristãs dispostas a comemorar o Gaura Purnima nas suas Igrejas?

O Estado de S. Paulo, 15 de abril de 2010

Papa critica sincretismo religioso no Brasil

"Em um sinal de sua preocupação em relação aos rumos do catolicismo no Brasil, o papa Bento XVI criticou o sincretismo na religião no País e pediu que os bispos brasileiros rejeitem "fantasias" na eucaristia. O pontífice deu o recado durante o encontro que teve nesta quinta-feira, 15, no Vaticano com 15 bispos da região norte do Brasil.

Bento XVI alertou que "o culto não pode nascer de nossa fantasia", já que "a verdadeira liturgia pressupõe que Deus responda e nos mostre como podemos adorá-lo". A mensagem foi clara: a Igreja não aceitará o sincretismo, nem mesmo em regiões distantes e onde a cultura local seja predominante. O papa pediu respeito pela centralidade de Jesus na celebração da missa.

Bento XVI insistiu que estava preocupado "por tudo o que possa ofuscar o ponto mais original da fé católica" e advertiu para os riscos do sincretismo. O Vaticano rejeita que sejam introduzidos ritos tomados de outras religiões ou particularismo culturais na celebração das missas.

Durante sua viagem pelo Brasil, em 2007, o papa chegou a irritar grupos indígenas ao dizer que nenhum habitante que vivia na região antes da chegada dos europeus se converteu ao cristianismo pela força.

Agora, o papa alertou aos bispos brasileiros que os desvios poderiam estar sendo motivado por uma mentalidade "incapaz de aceitar a possibilidade de uma verdadeira intervenção divina". Para ele, a eucaristia é um "dom demasiado grande para suportar ambiguidade e reduções."

Para o papa, o suposto descuido com o culto mostraria uma comunidade que precisaria rever suas práticas. "Quando na Santa Missa não aparece a figura de Jesus como elemento preeminente, mas uma comunidade atarefada em muitas coisas", se produz um "escurecimento do significado cristão do sacramento", afirmou o papa.

Para ele, a "a atitude primária e essencial do fiel cristão que participa na celebração litúrgica não é fazer, mas escutar, abrir-se, receber. É óbvio que, neste caso, receber não significa ficar passivo ou desinteressar-se do que lá acontece, mas cooperar."

Bento XVI ainda mandou seu recado aos bispos brasileiros, indicando que não seria o sincretismo que os marcaria. "Que ele (Jesus) seja verdadeiramente o coração do Brasil, de onde venha a força para todos homens e mulheres brasileiros se reconhecerem e ajudarem como irmãos", completou."

Vosso servo

Prahladesh Dasa Adhikari