terça-feira, 30 de março de 2010

Oito Versos ao Senhor Ramachandra

do Sri Caitanya Bhagavata, Antya-khanda, Capítulo Quatro

Depois de terem comido com grande jovialidade, os devotos se aproximaram de Sri Caitanya. Quando Se sentou o Senhor, Seus seguidores se sentaram ao Seu redor. Ao ver Murari Gupta diante de Si, o Senhor sorriu e disse-lhe: “Murari Gupta, ouvi que compuseste oito versos sânscritos descrevendo o Senhor Ramachandra. Eu gostaria que os recitasses”. Ao receber a solicitação do Senhor, um extático Murari deu início à recitação de seus versos.

1. Adoro repetidamente o Senhor Ramachandra, o mestre espiritual dos três mundos. Diante dEle, sempre Se encontra Seu irmão e devotado servo Laksmana, o local de repouso do Senhor Ananta Sesa e o melhor dos arqueiros, cujo corpo, glorioso com ornamentos belíssimos, é esplêndido como ouro.

2. Adoro repetidamente o Senhor Ramachandra, o mestre espiritual dos três mundos. Tendo matado Khara, Trisirah, Kambandha e seus seguidores, Ele tornou a floresta de Dandakaranya pura e gloriosa. Matando o inimigo Vali, tornou-Se amigo de Sugriva.

3. Vida após vida, adoro os pés do Senhor Ramachandra, o orgulho da dinastia Raghu e o grande mestre de todos.

4. Vida após vida, canto as glórias do Senhor Ramachandra, Ele que liberou Ahalya e o candala Guha, Ele que é abanado com camaras por Satrughna e Bharata. Ajoelhando-se diante do Senhor Ramachandra, Hanuman canta Suas glórias.

5. Adoro os pés do Senhor Ramachandra, o mestre dos três mundos, aquele que, colocando sobre Sua cabeça a instrução de Seu guru, deixou Seu reino e passou a vaguear pela floresta para o benefício dos semideuses e devotos. Adoro os pés pertencentes àquele que, tendo matado Vali, deu a Sugriva tanto um reino como Sua amizade.

6. Adoro os pés do Senhor Ramachandra, que, com a ajuda de Laksmana e dos macacos, construiu, como se em uma brincadeira, uma ponte cruzando o intransponível oceano. Adoro os pés pertencentes àquele que matou Ravana e seus parentes, o Ravana que nem por Indra poderia ter sido derrotado.

7. Adoro os pés do Senhor Ramachandra, aquele cujas glórias mesmo os yavanas ouvem com fé; aquele que, através de cuja misericórdia, possibilitou o santo Vibhisana tornar-se rei de Lanka, muito embora Vibhisana não tivesse qualquer interesse pela posição real.

8. Adoro os pés do Senhor Ramachandra, o mestre de todos, Ele sobre quem cantam os Vedas: “Rama é o Brahman Supremo, Rama é o mestre dos universos”, Ele que, para deter aqueles de mentalidade maléfica, sempre carrega Seu arco, Ele que protege os cidadãos como se Seus próprios filhos fossem, Ele por cuja misericórdia todos os moradores de Ayodhya tornaram-se, enquanto em seus próprios corpos, residentes de Vaikuntha, Ele de cujo santo nome o senhor Shiva, vestindo apenas as quatro direções, sempre desfruta, Ele cujos pés Laksmana serve eternamente.

Assim recitou Murari Gupta os oito versos por ele escritos, versos a descreverem as nectáreas glórias do Senhor Ramachandra. Satisfeito com a audição desses versos, Caitanya Mahaprabhu acomodou Seus pés de lótus sobre a cabeça de Murari Gupta.

O Senhor disse: “Ouve, Murari Gupta. Por Minha misericórdia, servirás o Senhor Ramachandra nascimento após nascimento sem qualquer obstáculo. E todo aquele que se refugiar em ti, mesmo que por um ínfimo instante, certamente alcançará com grande facilidade os pés de lótus do Senhor Ramachandra”.

Tradução de Bhagavan dasa, revisão de Naveen Krsna dasa e Prema-vardhana devi dasi