Dhira Govinda Prabhu escreveu um pequeno livro em 2002 intitulado "Srila Prabhupada - The Prominent Link" (Srila Prabhupada - A Conexão Proeminente), onde enfatizava que, entre outras coisas, o Diksa Guru fosse considerado única e simplesmente como "alguém que executa uma cerimônia" e que as fotos dos Diksa Gurus deveriam ser suprimidas, etc, etc...
Segue abaixo alguns trechos da resposta do GBC. Posteriormente o GBC encarregou o SAC (Sastric Advisory Council - Conselho Consultivo Sástrico) para dar um parecer.
Alguns trechos da resposta do GBC:
"Srila Prabhupada exortou seus discípulos centenas de vezes para serem os próximos Gurus na sucessão discipular por simplesmente repetir o que eles haviam ouvido e evitarem as distorções.
O que ele teria feito se tencionasse ser o responsável directo por iniciar futuras gerações? Srila Prabhupada explica: "O guia deve ser um Mestre Espiritual o qual...estritamente segue as instrucções do Acarya anterior..." (CC Madhya 10.17 Sig)
"The Prominent Link" ("A Conexão Proeminente") especificamente contradiz a própria descrição que Srila Prabhupada faz da sua relação com os iniciados daqueles que foram iniciados por ele.
Em 28 de Maio de 1977, numa conversa com o GBC em Vrndavana, ele disse que estes devotos seriam seus "discípulos netos" ou "discípulos de meus discípulos". Os discípulos dos discípulos de Srila Prabhupada estão de facto directamente conectados a ele através da iniciação como sendo seus discípulos netos.
Srila Prabhupada comentou que o avô é mais afetuoso para seus netos que o próprio pai. Não falta nada na conexão entre Srila Prabhupada e seus netos discípulos (ou netos espirituais).
Alguns preferirão enfatizar seu Diksa Guru e outros seu Siksa Guru. Tais questões do coração não podem ser legisladas por ninguém.
As leis da ISKCON estabelecem Srila Prabhupada como o "proeminente e compulsório Siksa Guru para todos os membros da ISKCON."
Mais, diz que qualquer discípulo neto pode encontrar mais inspiração de Srila Prabhupada do que de seu Diksa Guru. "The Prominent Link" ("A Conexão Proeminente") indica que tal entendimento de Srila Prabhupada é insuficiente e ofensivo à Sua Divina Graça (p.26)
O corpo do GBC encontra nesta afirmação e sua circulação pública, uma falta de rigor acadêmico, filosófico e de etiqueta Vaisnava."
Contribuidores para esta resposta: Drutakarma Dasa, Hrdayananda Dasa Goswami, Kalakantha Dasa, Ravindra Svarupa Dasa.
A partir daqui alguns trechos da resposta do SAC (Sastric Advisory Council - Conselho Consultivo Sástrico):
"Mas como o autor afirma, e não sem uma boa razão, existem alguns devotos, incluindo ele mesmo, que não estão satisfeitos com as afirmações do GBC.
Eles querem pensar em Srila Prabhupada como seu Guru principal, sentindo que em qualquer caso sua inspiração e avanço vem directamente da sua relação com Srila Prabhupada.
Eles querem que este relacionamento seja reconhecido e formalizado. Noutras palavras, eles não querem que se lhes negue a possibilidade de serem considerados discípulos de Prabhupada.
Estes devotos enfrentarão dificuldades práticas. Por exemplo, os devotos geralmente consideram o Diksa Guru "o" Guru e esperam dar o nome do Diksa Guru quando lhes perguntam "Quem é o seu Guru?"
Se alguém responder "Prabhupada" quando ele não recebeu Diksa de Prabhupada, ele poderá ser considerado um defensor dos Rtviks, e sua posição social e vocacional poderá ser ameaçada.
O autor e devotos com inclinação semelhante mantêem somente a foto de Prabhupada, adoram somente Prabhupada, e assim por diante.
Para solidificar esta posição, o autor quer que o GBC declare seu entendimento como o padrão a ser seguido, deixando para aqueles que definem Diksa na forma tradicional e pensar no Guru que deu Diksa como algo tolerável mas anormal.
As Escrituras, a tradição, e a Lei da ISKCON indicam que o relacionamento entre Guru e discípulo é algo individual e não pode ser mandatado, desde que esteja dentro das fronteiras de Guru, Sadhu e Sastra.
Quem uma pessoa individual considerará seu Guru proeminente é uma questão do coração de cada um. Ninguém ou nenhuma Instituição faz bem ao querer ditar para algum devoto qual é a fé que ele(a) tem que ter no seu Diksa Guru simplesmente como base em um status institucional. Existe uma etiqueta a ser mantida, mas a fé é em última análise um assunto privado.
Ajudaria muito, por exemplo, explicar porque um devoto que aceita Prabhupada como seu Guru proeminente deve ter uma foto do seu Diksa Guru quando está a adorar a Deidade.
A adoração feita num Templo da ISKCON é pública e deve refletir a posição autorizada da Instituição. A adoração à Deidade que um devoto empreende no seu lar é outro assunto e como um devoto maduro adora no seu coração é também outro assunto.
É imprático propor que reter a aparição externa da adoração como era na presença de Srila Prabhupada irá evitar a tragédia de Gurus que caem na ISKCON.
Naturalmente e sem podermos evitar, novos devotos tenderão a por sua confiança naqueles que pessoalmente os guiam e se o guia desvia-se, seus seguidores irão sofrer.
Elevar artificialmente Srila Prabhupada a um status imaginário de Diksa Guru perpétuo não irá substituir a verdadeira necessidade dos seus seguidores de tornarem-se puros em Consciência de Krsna.
O facto de que Prabhupada vive nos seus livros e Murtis não significa que os devotos devem evitar o processo autorizado de conectar-se com ele, o que inclui, se alguém não é um discípulo Diksa directo de Prabhupada, aceitar Diksa de um de seus seguidores.
Ao mesmo tempo, não importa quem o Diksa ou Siksa Guru sejam, as instrucções de Prabhupada mantêem-se como a base, o padrão e a fundação para todos os devotos da Sociedade Internacional para a Consciência de Krsna como um todo.
O Diksa Guru é a conexão imediata do discípulo, é aquele que assume responsabilidade pessoal de entregar o discípulo para Krsna.
Ele pode ser capaz de fazer isto somente com a força daqueles que ele representa, aqueles que o dão força. Ainda assim, a responsabilidade pessoal é dele. Responsabilidade pessoal é o que faz de Diksa algo mais do que simplesmente uma cerimônia formal.
Como os pais de uma criança são mais responsáveis pessoalmente do que os avós e mais distante os antepassados, assim mesmo o Diksa Guru assume as dificuldades e riscos por seus discípulos. É indecente se os discípulos não o honram por isto.
O método Pancaratrika de adoração a Deidade prescreve que a adoração deve ser feita com Mantras autorizados, e que cada item oferecido deve ser primeiramente oferecido ao Guru que deu ao adorador seus Mantras.
A etiqueta na adoração formal é que o discípulo oferece um item ao seu Guru, este por sua vez oferece ao seu Guru, e assim sucessivamente até que a oferenda chegue ao próprio Senhor.
Desde que este é o método Pancaratrika formal, o Guru que recebe a oferenda primeiro é normalmente o Pancaratrika Diksa Guru.
Podem haver excepções; o Guru Parampara dado para nós por Srila Prabhupada para ser adorado na ISKCON, por exemplo, inclui o Siksa Guru de Bhaktivinoda Thakura, Srila Jagannatha Dasa Babaji, ao invés do seu Diksa Guru. Mesmo assim, oferecer Puja primeiramente para o Diksa Guru é uma norma praticada em todas as Sampradayas Vaisnavas.
Se o discípulo quizer participar no método devocional de Arcanam, o qual na nossa linha é praticado de acordo com os princípios de Pancaratrika, deve-se oferecer alguma adoração ao seu Diksa Guru.
No seu coração, o devoto pode passar o dia e a noite a adorar Srila Prabhupada, e pode ler os livros de Prabhupada durante horas todos os dias e glorificá-lo sem limites, mas ainda assim há um padrão que ele deve seguir em mostrar o respeito apropriado para o seu Diksa Guru, que inclui a adoração.
É proposto que nenhuma foto de qualquer Guru após Srila Prabhupada devam estar nos altares da ISKCON, e que os discípulos não devem recitar os Pranama Mantras dos seus Diksa Gurus.
Esta proposta, como anteriormente mencionado, vai contra os princípios da adoração Pancaratrika e a pratica dos Vaisnavas em todas as Sampradayas.
Existe o mérito na sugestão de que o Vysa Puja deve ser feito somente para o Fundador Acarya Srila Prabhupada, mas isto não significa que os discípulos devam restringir-se de celebrar o aparecimento dos seus Diksa Gurus.
De acordo com Srila Prabhupada e os Acaryas, Diksa é uma função separada, especial...Isto envolve a aceitação de votos, dar Mantras e de aceitar especial e pessoal responsabilidade que requer uma reciprocidade de ambas as partes.
Conversa entre Mr. Malhotra e Srila Prabhupada (22 de Dezembro de 1976)
Mr. Malhotra: Mas entre seus discípulos, eles poderão ser adorados...
Prabhupada: Isto está bem, mas ele mantém-se discípulo do seu Guru. Ele nunca irá dizer que "Agora eu tornei-me um Guru e não me importo com meu Guru". Ele nunca dirá isto. Assim como eu estou a fazer, mas ao mesmo tempo adorando meu Guru. Assim mantenho-me sempre subordinado ao meu Guru. Mesmo que tenha me tornado Guru, ainda assim mantenho-me subordinado ao meu Guru."
Membros do SAC:
Drutakarma Dasa, Gopiparanadhana Dasa, Krsna Ksetra Dasa, Mukunda Datta Dasa, Purnacandra Dasa e Urmila Devi Dasi.
Considerações pessoais:
Aceitar um Diksa Guru significa aceitar ser orientado, corrigido e disciplinado (coisas que a maioria das almas condicionadas não gostam de se submeter).
É muito diferente ser orientado e disciplinado por devotos mais velhos que nós do que por alguém que assumiu a responsabilidade de fazê-lo como o Diksa Guru.
Afirmar que Srila Prabhupada é nosso Siksa Guru e que o Diksa Guru não deve ser respeitado e que podemos ser "disciplinados" por outros Vaisnavas sêniors, indica indirectamente nossa relutância em aceitarmos a disciplina.
Prabhupada orientava e disciplinava seus discípulos pessoalmente e através de centenas e centenas de cartas.
Os livros de Prabhupada dão Siksa puro mas não dão Diksa. Nem podemos ter Diksa de Narada Muni ou Rupa Goswami. O Diksa Guru tem que aceitar fisicamente o discípulo.
É muito conhecido que Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura autorizou seus próprios discípulos a aceitarem discípulos enquanto ele ainda estava presente.
Outro ponto. Mudar o sistema de escolha do Guru para uma escolha pessoal e não da Instituição, não irá prevenir certos desvios.
Algumas das declarações de SS Hrdayananda Dasa Goswami Acaryadeva no seu Vyasa Puja/2009
"A parte externa é necessária, importante, mas não suficiente, temos...por exemplo existe uma regra de cantar Hare Krsna , agora você pode cantar Hare Krsna, mas a qualidade do seu cantar, a qualidade é só Krsna que sabe, só Krsna sabe a qualidade, a intensidade, da nossa devoção da nossa intenção, só Deus mesmo, só o Senhor que sabe."
"Pergunta: O senhor falou sobre o nosso esforço para voltarmos ao Lar, além disso o senhor poderia falar sobre a importância do Guru neste caminho?
Acaryadeva: Ah! Como seu pobre Guruzinho vai viver sem as suas doações (Risada)... A importância do Guru! O Guru e em geral a associação dos Vaisnavas é importante porque estamos nos preparando justamente para viver com outras almas no Mundo Espiritual. Prabhupada disse que querer ver Krsna sozinho é impersonalismo e que o verdadeiro Vaisnava esta sempre querendo ver Krsna com Seus devotos, com Radharani e as grandes almas do Mundo Espiritual, e quando chegarmos lá no Mundo Espiritual obviamente seremos novinhos, no sentido que quando você chegar no Mundo Espiritual, você acaba de chegar e tem almas que estão lá já por muito tempo. Então, tentanto cultivar um relacionamento apropriado com o Mestre Espiritual vamos praticando o comportamento Vaisnava para o Mundo Espiritual. Porque neste mundo material ninguém quer num sentido se subordinar, todo mundo quer elevar-se acima de outros, e por isto esta disciplina, esta pratica espiritual de ter uma certa etiqueta Vaisnava tanto com outros devotos quanto com o Guru. Estamos realmente nos preparando para viver no Mundo Espiritual e por isto é importante aprender a arte de se associar com os Vaisnavas, o Guru e também outros."
Vosso servo
Prahladesh Dasa Adhikari