segunda-feira, 27 de julho de 2009

Radharani e as Gopis a lamentar-se e a chorar na loucura da separação amorosa (Vipralambha Prema)

Amor em Separação dos Devotos Puros que Partiram

Saparsada Bhagavad Viraha Janita Vilapa (do Prarthana)

Lamentação Devido à Saudade do Senhor e Seus Associados

1 je anilo prema-dhana koruna pracur
heno prabhu kotha gela acarya-thakur

Aquele que trouxe o tesouro do amor divino e que era pleno de compaixão e misericórdia - aonde terá ido uma personalidade como Srinivasa Acarya?

2 kaha mora swarup rupa kaha sanatan
kaha dasa raghunatha patita-pavan

Onde estão meu Svarupa Damodara e Rupa Goswami? Onde está Sanatana? Onde está Ragunatha Dasa, o salvador dos caídos?

3 kaha mora bhatta-juga kaha kaviraj
eka-kale kotha gela gora nata-raj

Onde estão meu Ragunatha Bhatta e Gopala Bhatta, e onde está Krsnadasa Kaviraja?
Para onde se foi de repente o Senhor Gauranga, o grande dançarino?

pasane kutibo matha anale pasibo
gauranga gunera nidhi kotha gele pabo

Esmagarei a cabeça contra uma pedra e entrarei no fogo. Onde encontrarei o Senhor Gauranga, o reservatório de todas as qualidades maravilhosas?

se-saba sangira sange je koilo bilas
se-sanga na paiya kande narottama das

Como não consegue obter a associação do Senhor Gauranga que vive acompanhado de todos estes devotos em cuja associação Ele realizou Seus passatempos, a Narottama Dasa só resta chorar.

Fim da citação.

Será que tal atitude de lamentar e chorar a ausência de um devoto avançado é sentimentalismo?

Mesmo sabendo que "o corpo material da entidade viva indestrutível, imensurável e eterna decerto chegará ao fim" e que "nem pode o corpo material perdurar após certo tempo ou ser permanentemente protegido" BG 2.18, um discípulo deve lamentar quando o Mestre Espiritual abandona o corpo, ou quando está ausente fisicamente ou na iminência de abandonar o corpo quando enfermo?

Srila Prabhupada elucida-nos:

Srimad Bhagavatam 4.28.47

Tradução

Estando agora sozinha como uma viúva na floresta, a filha de Vidarbha comecou a lamentar-se, incessantemente a derramar lágrimas, que molhavam seus seios, e a chorar muito alto.

Significado

Figurativamente à Rainha é suposto ser discípula do Rei; assim quando o corpo mortal do Mestre Espiritual expira, seu discípulo deve chorar exatamente como a Rainha chorou quando o Rei abandonou seu corpo.
No entanto, o discipulo e o Mestre Espiritual nunca estão separados porque o Mestre Espiritual mantém-se na companhia do discipulo tanto quanto o discipulo seguir estritamente as instrucções do Mestre Espiritual.
Isto é chamado de associacão de Vani (palavras) e presença física é chamada Vapuh. Desde que o Mestre Espiritual esteja presente fisicamente, o discípulo deve servir o corpo físico do Mestre Espiritual, e quando o Mestre Espiritual não estiver mais presente fisicamente, o discipulo deverá servir as instrucções do Mestre Espiritual.

Srimad Bhagavatam 4.28.49

Tradução

Aquela muito obediente esposa caiu então aos pés do seu falecido esposo e começou a chorar lastimosamente naquela floresta solitária. E assim lágrimas cairam de seus olhos.

Significado

Assim como uma esposa devotada torna-se aflita com o falecimento do seu esposo, quando um Mestre Espiritual falece, o discípulo aflige-se de forma semelhante.

Srimad Bhagavatam 4.28.51

Tradução

Meu querido Rei, um Brahmana, que era um velho amigo do Rei Puranjana, veio àquele local e começou a pacificar a Rainha com doces palavras.

Significado

O aparecimento de um velho amigo na forma de um Brahmana é muito significativo. Na Sua forma de Paramatma, Krsna é o velho amigo de todos nós. De acordo com a injuncão Vedica, Krsna está sentado lado a lado com a entidade viva.

Srimad Bhagavatam 4.28.52

Significado

Quando o Brahmana perguntou a mulher quem era o homem deitado no chão, ela respondeu que era seu Mestre Espiritual e que ela estava perplexa sobre o que fazer na sua ausência.
Neste exato momento então a Superalma imediatamente aparece (como o Brahmana), desde que o devoto seja puro de coração por seguir as ordens do Mestre Espiritual.
Um devoto sincero que segue as instrucções do Mestre Espiritual certamente obtém instrucções directas vindas do coração através da Superalma. E assim um devoto sincero sempre é auxiliado directa ou idirectamente pelo Mestre Espiritual e a Superalma.

Fim da citação.

"O Sentimentalismo" por Sri Padambhuja Prabhu:

"A alma do sentimentalismo é o egoísmo, mas quando disfarça-se de "Vaisnavismo" pode confundir qualquer um. O sentimentalismo normalmente corresponde a típica expressão de amor e afecto (superficial e interesseiro) que pessoas materialistas intercambiam entre si.
Geralmente quando um devoto está na plataforma da mente, é também muito sentimental. No entanto o sentimento espiritual é completamente distinto. Trata-se da satisfação que experimenta a alma numa acção desinteressada.

Sentimentalismo significa viver na ilusão e sentimento significa viver na relidade.

O sentimentalismo é uma espécie de sentimento impuro. Quando um discípulo é todavia muito sentimental (pela falta de uma verdadeira visão espiritual) sem dúvida terá dificuldades na relação com o Mestre Espiritual. A tendência sentimental do discípulo não só prejudica sua própria vida espiritual, senão que também põe o Mestre Espiritual em situações embaraçosas.

O sentimentalismo disfarçado de "Vaisnavismo" poderá transformar nosso Movimento num "circo" como tantos outros.

O que verdadeiramente dá sentido à relação Mestre-discípulo mais além do sentimentalismo, é que o Mestre Espiritual - consciente da verdadeira necessidade do discípulo - instrua-o na ciência da Consciência de Krsna com explicações filosóficas baseadas no Parampara e seu próprio exemplo, e que o discípulo esteja ansioso de fazer uso destas instrucções para seu benefício pessoal.

Se o Mestre é negligente com um discípulo não se pode esperar que este faça avanço espiritual e da mesma forma, o discípulo que não leva a sério as instrucções recebidas do Mestre, não tem absolutamente nenhum direito de esperar atenções espirituais de seu Mestre.

Uma vez Srila Prabhupada disse: "Se dizem que tem fé em mim mas não seguem minhas intrucções, então é só hipocrisia."

O mais importante é Siksa, a instrucção. Servir o Mestre Espiritual significa ser fiel a suas instrucções, de outra maneira tudo se torna sentimentalismo."

Fim da citação.

O sentimentalismo ocorre quando o discípulo(a) recusa aceitar servir ou seguir as intrucções (Vani) do Mestre Espiritual e restringe-se somente a presença fisica (Vapuh) do Guru que já não está presente ou prestes a abandonar este mundo mortal.

Mas lamentar e chorar a ausência ou iminente ausência física (Vapuh) do Guru devido a enfermidade corporal do mesmo, enquanto segue fielmente suas instrucções (Vani), não deve ser considerado sentimentalismo mas um sintoma de profundo amor.

Ou em outras palavras, mesmo sentindo-se completamente amparado pelo Guru através de Vani, um bom discípulo lamenta e chora sua (do Guru) ausência ou iminente ausência física (Vapuh).

Podemos dizer também que não devemos ser sentimentalistas e devemos abrigarmo-nos em Vani, mas ao mesmo tempo devemos lamentar muito e chorar a ausência fisica (Vapuh) ou iminente ausência do Mestre Espiritual por questões de enfermidade e nunca desejar afastar-nos fisicamente do Guru.

Tanto o Mestre Espiritual como discípulo sabem que estarão a relacionar-se eternamente através de Vani, mas ainda assim devido ao forte relacionamento amoroso, o Mestre Espiritual não deseja partir e obviamente o discípulo não quer que o Guru parta.

Como ensinado por Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu, um devoto não faz mais nada do que lamentar-se e chorar, chorar e chorar por não estar com Radha Krsna e o Guru enquanto canta o Santo Nome.

Vipralambha Prema

Verso Sete: Ó Govinda ! Sentindo saudades de Ti, para mim parece que um instante dura doze anos ou mais e de meus olhos fluem lágrimas como se fossem torrentes de chuva, e sinto que o mundo está vazio na Tua ausência.

Fim da citação.

E se não choramos, devemos chorar porque não choramos.

Vosso servo
Prahladesh Dasa Adhikari