domingo, 12 de abril de 2009

Arcana Vidhi

Srimad Bhagavatam, 2.3.22

Tradução:

Os olhos que não olham para as representações simbólicas da Personalidade de Deus, Visnu (Suas formas, nome, qualidade, etc), são como os olhos gravados nas plumas do pavão, e as pernas que não se locomovem aos lugares sagrados (onde se medita no Senhor) são considerados como troncos de árvores.

Significado:

Especialmente para os chefes de família, recomenda-se com muito vigor o caminho da adoração â Deidade. Na medida do possível, todo chefe de família, sob a orientação do mestre espiritual, deve instalar a Deidade de Visnu, em especial formas como Radha-Krsna, Laksmi-Narayana ou Sita-Rama, ou qualquer outra forma do Senhor, tal como Nrsimha, Varaha, Gaura-Nitai, Matsya, Kurma, salagrama-sila e muitas outras formas de Visnu, tais como Trivikrama, Kesava, Acyuta, Vasudeva, Narayana e Damodara, como se recomenda nos Vaisnava-tantras ou nos Puranas, e a sua família deve observar adoração estrita, seguindo as orientações e regulações próprias de arcana-vidhi.

Qualquer membro da família que tenha mais de doze anos de idade deve ser iniciado por um mestre espiritual genuíno, e todos os membros da família devem ocupar-se no serviço diário ao Senhor, desde as quatro horas da manhã até as vinte e duas horas da noite, realizando mangala-aratrika, niranjana, arcana, puja, kirtana, srngara, bhoga-vaikali, sandhya-aratrika, patha, bhoga (à noite), sayana-aratrika, etc.

Sob a orientação de um mestre espiritual autêntico, a ocupação nessa adoração à Deidade ajudará muito os chefes de família a purificarem sua própria existência e a progredirem bem depressa em conhecimento espiritual. O simples conhecimento teórico livresco não é suficiente para o devoto neófito. O conhecimento livresco é teórico, ao passo que o processo de arcana, é prático.

Deve-se desenvolver o conhecimento espiritual com uma combinação de conhecimento teórico e prático, e este é o processo que garante a obtenção de perfeição espiritual. Para aprender o serviço devocional, o devoto neófito depende por completo do mestre espiritual competente que sabe como orientar seu discípulo para que ele avance e pouco a pouco volte ao lar, volte ao Supremo. Ninguém deve tornar-se um mestre espiritual farsante e fazer negócios só para cobrir suas despesas familiares; é preciso que a pessoa se torne um mestre espiritual competente para libertar o discípulo das garras da morte iminente.

Srila Visvanatha Cakravarti Thakura define as qualidades genuínas do mestre espiritual, e nessa descrição um dos versos diz:

sri-vigraharadhana-nitya-nana-
srngara-tan-mandira-marjanadau
yuktasya bhaktams ca niyunjato ´pi
vande guroh sri-caranaravindam

Sri-vigraha é a arca, ou a forma apropriada do Senhor que é digna de adoração, e o discípulo deve ocupar-se em adorar a Deidade regularmente através de srngara, mediante decoração e roupas adequandas, bem como através de mandira-marjana, ou a limpeza do templo.

O próprio mestre espiritual é gentil em ensinar ao devoto neófito tudo isto para ajudá-lo a compreender pouco a pouco o nome, a qualidade, a forma, etc., transcendentais do Senhor. Apenas ocupando a atenção no serviço ao Senhor, especialmente em vestir a Deidade e decorar o templo, realizando kirtanas musicais e aprendendo as instruções espirituais das escrituras, pode o homem comum salvar-se das atrações cinematográficas infernais e das imundas canções libidinosas divulgadas em toda parte pelo rádio.

Se a pessoa não consegue manter um templo em casa, ela deve ir a um templo onde se executam com regularidade todas essas práticas. Visitar o templo de um devoto e ver em um templo bem decorado e santificado as formas do Senhor profusamente adornadas e bem vestidas infundem na mente mundana uma natural inspiração espiritual. As pessoas devem visitar lugares sagrados como Vrindavana, onde se mantem especificamente esses templos e a adoração à Deidade.

Outrora, todos os homens ricos, tais como reis e mercadores abastados construíam esses templos sob a orientação de competentes devotos do Senhor, como os seis Gosvamis, e é dever do homem comum tirar proveito destes templos e dos festivais observados nos lugares sagrados de peregrinação, seguindo os passos dos grandes devotos (anuvraja).

Ninguém deve visitar todos esses templos e lugares santos de peregrinação com mentalidade de turista, mas quando forem a esses templos e lugares imortalizados pelos passatempos transcendentais do Senhor, todos devem receber orientação de homens qualificados que conheçam a ciência. Isto chama-se anuvraja. Anu significa seguir. Portanto, é melhor seguir a instrução do mestre espiritual genuíno, mesmo ao visitar templos e lugares sagrados de peregrinação.

A pessoa que não age dessa maneira está em nível de igualdade com uma árvore inerte, condenada pelo Senhor a não se mexer. O ser humano desperdiça sua tendência de locomover-se ao fazer turismo. Pode-se cumprir o melhor propósito dessas tendências locomotoras com a visita aos lugares sagrados estabelecidos pelos grandes acaryas e desse modo a pessoa não se deixa desencaminhar pela propaganda ateísta de homens cobiçosos que não conhecem assuntos espirituais.