quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Quão Livre Somos Nós?

Quão Livre Somos Nós?

Volta ao Supremo [Back to Godhead] – Maio / Junho 2007 Quão Livres Somos Nós? How Free Are We?

Por Navin Jani

Sam Surya vai ao orfanato de sua cidade e faz uma grande doação. Em algum outro ponto da cidade, Andy Andhakara rouba um banco. O que leva essas duas pessoas a fazerem escolhas tão diferentes? Seria isso baseado em suas escolhas pessoais, ou outro fator a forçá-los a agir dessa maneira? Em outras palavras, eram as ações deles predeterminadas, ou Sam e Andy têm livre arbítrio? Essas perguntas concernem a um dos principais temas da filosofia ocidental. São os seres humanos destinados a seguir um caminho estabelecido? Somos nós como crianças em uma montanha russa que podem escolher sentar no banco da esquerda ou da direita, mas que andarão inevitavelmente em um trajeto já estabelecido? Ou somos nós livres para desejar e agir como bem entendermos, sendo nossas vidas como um caderno em branco no qual podemos escrever o que quisermos onde quisermos? Neste artigo, nós vamos dar uma rápida olhada na abordagem da filosofia ocidental quanto ao problema do determinismo versus livre arbítrio, e por fim sugeriremos como a literatura Védica pode contribuir para esta questão complexa e importante. Antes de começarmos, vamos deixar algo claro sobre o conceito de livre arbítrio . De uma perspectiva filosófica, esse é um conceito que vem sofrendo algumas mudanças sutis em seu significado ao longo dos anos. Contudo, com um propósito prático, o termo pode ser tomado como um sinônimo de "ação livre". Daí o debate acerca de determinismo versus livre arbítrio ser uma questão voltada para a identificação da causa do comportamento humano. Manter este conceito em mente evitará com que você se perca no que poderia se tornar uma densa floresta de abstratos jargões filosóficos.

Determinismo Estrito

Uma das perspectivas deste debate é dizer que Sam Surya estava destinado a doar e Andy Andhakara estava destinado a roubar, e nunca tiveram uma posição ativa nesta questão. Esta é a teoria conhecida como determinismo estrito. Ela advoga que todas as ações humanas é o resultado direto de uma seqüência de causas e efeitos de tal forma que são predeterminados e só podem se desenrolar de uma única maneira. Assim, não temos nenhuma participação em determinar nossas ações, senão que nossas ações são causadas por algo superior a nós. Filósofos ocidentais foram em sua maior parte contrários a essa visão, e com um bom motivo: determinismo estrito é contrário tanto à experiência comum quanto às normas da civilização. (A doutrina de predestinação da alma, exposta por Santo Agostinho no século quinto e defendida pelos lideres da Reforma Protestante, é uma excessão). Longe de nos sentirmos forçados em todas as ações que fazemos, nós instintivamente sentimos que podemos fazer escolhas em nossas vidas. Dessa maneira, a idéia de que não temos controle sobre nada do que fazemos é repulsivo. E as leis que governam a sociedade só fazem sentido se os cidadãos puderem decidir segui-las ou não. Nós poderíamos, por exemplo, apoiar a punição de Andy Andhakara, enviando assim a mensagem à comunidade de que roubar é ruim, e outros não seguiriam seu exemplo. Mas se os cidadãos não tivessem o poder de decidir roubar ou não, qual seria a utilidade de enviar tal mensagem? Assim, determinismo estrito pode ser rejeitado como contra-intuitivo e altamente impraticável.

Livre Arbítrio Categórico

Tendo rejeitado o primeiro extremo, testemos agora o outro. Assim como o determinismo estrito nos diz que Sam e Andy tinham obrigatoriamente de agir de uma maneira em particular, a perspectiva oposta afirma que eles poderiam ter agido absolutamente de qualquer outra maneira. Essa é a teoria conhecida como livre arbítrio categórico. Ela advoga que as ações do homem são, em teoria, livres de qualquer restrição e podem se desenvolver em uma infinidade de maneiras. Nosso comportamento não é o produto de um grande plano universal, mas é moldável e flexível, sendo essencialmente sem nenhuma causa que limite seu curso. Diferente da teoria do determinismo estrito, que teve poucos adeptos entre os filósofos ocidentais, a teoria do livre arbítrio categórico foi abraçada por muitos, incluindo o filósofo francês René Descartes no começo do século décimo sétimo e o filósofo Alemão Immanuel Kant no fim do século décimo oitavo. Talvez por ser um benquisto alívio ao sufocante e rígido determinismo, e ser mais afim a noção de liberdade e independência ocidental. Mas como outros filósofos apontaram (inclusive os listados na próxima seção), isso foi longe de mais. Eles argumentam que ou um fenômeno tem uma causa (ou causas) ou é completamente aleatório; não há uma terceira opção. Por conseguinte, dizer que as ações dos homens não têm causa é dizer que elas são aleatórias. Mas, observando o mundo ao nosso redor, é-nos claramente revelado não ser este o caso. Nós não vemos mães abraçando suas roupas sujas e jogando seus bebês dentro de máquinas de lavar. Mas, ao invés de tal inexplicável caos, (a conseqüência lógica de tal teoria) observamos ordem e significado para o comportamento humano. Doravante, o livre arbítrio categórico deve também ser rejeitado como ilógico e pouco realista.

Determinismo Moderado

Enquanto o determinismo estrito nos deixa sem espaço para respirar, o livre arbítrio categórico exagera no outro extremo. Nenhuma das teorias nos permite ter uma influência consciente em nossos atos. E quanto ao meio termo, algo entre esses dois extremos? Uma perspectiva assim permitiria Sam e Andy fazerem suas ações de forma a conciliar determinismo e livre arbítrio. O comportamento humano poderia então ser entendido como não sendo nem caprichoso, nem automático desconsiderando completamente os desejos individuais. Incontáveis pessoas endossaram tal determinismo moderado – incluindo os filósofos ingleses Thomas Hobbes, John Locke e John Stuart Mill – e isso, mais ou menos, representa o consenso da filosofia ocidental contemporânea. Dentre estes, o filósofo escocês do século décimo oitavo, David Hume, fez o que é, possivelmente, a apresentação mais relevante. Sua teoria foi referida como determinismo moderado, pois sua teoria pega o determinismo estrito e o altera de forma que também sejam consideradas liberdade pessoal e responsabilidade moral para com seus atos. Ele começa com a noção de que toda ação humana tem uma razão que determina como ela se desenrolará. Se a causa é algo externo ao indivíduo, ele se refere à ação resultante como sendo involuntária. Se a causa é um desejo interno do indivíduo, ele se refere à ação resultante como sendo voluntária. Enquanto no determinismo estrito todas as ações são causadas por forças externas, e seriam, portanto, chamadas por Hume de involuntárias, seu determinismo moderado deixa espaço para causas tanto externas quanto internas. E ele ainda enfatiza o segundo ao explicar que os seres humanos irão sempre agir de acordo com seu mais forte desejo interno, a não ser que impedido por algum fator externo. Hume conclui considerando tal ação voluntária como "livre" e, portanto, sujeita a investigação moral. Desse modo, pela teoria de Hume, a doação de Sam é considerada como tendo sido determinada pelo seu desejo de doar, e é considerada livre porque foi feita por vontade própria. O ato de roubar de Andy é causado por seu desejo de adquirir dinheiro, mas ele permanece sujeito a ser culpado moralmente porque ele não foi forçado a agir contra seus desejos. Embora com o determinismo moderado de Hume nós finalmente tenhamos uma teoria que conecte o indivíduo ao seu comportamento, se isso é feito de forma a lhe dar verdadeira liberdade é algo questionável. Certamente o opressivo impersonalismo do determinismo estrito é rejeitado, bem como o caos do livre arbítrio categórico, mas tal teoria dota o homem com verdadeiro poder de escolha consciente? Críticos têm dito que não. Eles notaram que, embora pela teoria de Hume os indivíduos ajam voluntariamente, eles não agem livremente. Isto porque o desejo interno que motivam suas ações não está sobre controle consciente. Sam, por exemplo, age voluntariamente com seu desejo de dar caridade (e então sente como se estivesse agindo livremente), mas de onde vem esse desejo? Ele escolheu ter o tipo de personalidade que se inclina a dar em caridade? Não. Nós poderíamos tanto traçar seu desenvolvimento ao longo de suas experiências, educação e convívio familiar ou poupar-nos trabalho e afirmarmos simplesmente que "ele nasceu assim". Em ambos os casos, nós atestaríamos que o fator decisivo para que Sam quisesse ajudar um orfanato não está sobre seu controle consciente. Seu desejo é o produto resultante de seu passado, e isso o impele a agir de acordo. Não há liberdade para ele fora disso. Assim, não temos o que embase nós chamarmos as respectivas atividades de Sam e Andy de livres, nem elogiá-las ou censurá-las. De fato, o determinismo moderado, em última instância, leva-nos ao mesmo beco sem saída do determinismo estrito, mas com um pouco mais de cenário pelo caminho. Embora o determinismo estrito e o livre arbítrio categórico tenham se mostrado de fácil contra-argumentaçã o (tanto neste artigo como nos anais da filosofia ocidental), você irá concordar que o determinismo moderado pareceu mais promissor. Mas ele também deixou pouco para nós no que concerne a explicação da causa das atividades do homem. Certamente a resposta repousa em alguma espécie de síntese entre determinismo e livre arbítrio, mas a filosofia ocidental não pode nos levar mais adiante nesse ponto. Assim, a partir de agora, começaremos a considerar a filosofia da antiga Índia. Dentro das escrituras Védicas, encontramos uma perspectiva que genuinamente concilia determinismo e livre arbítrio de forma a fazer sentido para nossas cabeças e para nossos corações.

O Livre Arbítrio da Alma

Comecemos pelo lado determinista da equação. Krsna explica no Bhagavad-gita que toda entidade viva tem uma forma espiritual eterna e que o corpo físico que vemos é apenas uma cobertura temporária. A causa original de tal condicionamento é conhecida em sânscrito como ahankara. Embora este termo seja comumente traduzido por falso-ego, ele significa literalmente "eu sou aquele que age". Nós não temos a habilidade para manipular de forma independente a matéria, e pensarmos termos tal habilidade é a mais elevada ilusão. Longe de sermos controladores, por habitarmos um corpo físico nós ficamos sob o controle da natureza, porque o corpo, sendo matéria, age de acordo com as leis da natureza material. O verdadeiro agente por trás dos movimentos do mundo material é a energia de Deus na forma dos três princípios materiais, ou modos: manutenção (bondade), criação (paixão) e destruição (ignorância). Krsna resume toda esta dinâmica pela observação de que "a alma espiritual, confusa pela influência do falso ego pensa em si como a executora das atividades que, de fato, são executadas pelos três modos da natureza material". Portanto, nossa liberdade não pertence ao tangível reino de matéria física. Para algumas pessoas, a implicação de tal evidência é que o livre arbítrio é simplesmente ilusório e que iluminação envolve aceitarmos que somos fantoches impotentes de um mundo determinista. Historicamente, filósofos ocidentais foram levados a agrupar de forma simplista a visão Védica do mundo junto com outras filosofias orientais e arrogantemente dispensá-las sob o rótulo de "fatalismo asiático". Mas essa é só metade da equação Védica. Igualmente convincente (e mesmo, possivelmente, mais importante) é a evidência Védica de liberdade e poder de escolha consciente. A literatura Védica, por exemplo, trás uma pletora de regras, regulações e rituais. Muitos proeminentes filósofos Vaisnavas usaram a mesma lógica citada por nós anteriormente para derrotar o determinismo estrito para alegar que tais prescrições escriturais (e suas conseqüentes recompensas ou punições) só fazem sentido se a entidade viva tem algum grau de verdadeira independência. "A Suprema Personalidade de Deus formulou e aplicou mui habilmente as leis da natureza material que governam premiações e punições para o comportamento humano, que a entidade é desencorajada ao pecado e encorajada à bondade sem sofrer nenhuma interferência significativa em seu livre arbítrio como uma alma eterna". ( Srimad-Bhagavatam 10.24.14, Significado por discípulos de Prabhupada). É importante observar aqui que, de qualquer forma, a mente é considerada material no entendimento Védico, e é sujeita ao mesmo rígido controle que é atribuído acima ao corpo. Portanto, da mesma forma que o livre arbítrio da entidade viva não pode se estender para as ações do corpo e dos sentidos, também não é possível estendê-lo para a mente ou para a inteligência. Assim, o livre arbítrio que Prabhupada se refere deve ser restrito ao domínio da alma espiritual propriamente dita, e é a ação dessa alma que merece os variados castigos e recompensas. Mas como age a alma? Prabhupada explica que ela age através do desejo. Não apenas isso, ele vai mais longe e revela que o desejo de "render-se a Deus ou não é a expressão essencial de nosso livre arbítrio". E então, finalmente, está apresentada nossa resposta e a resolução Védica do problema do determinismo versus livre arbítrio. Como seres humanos, nosso livre arbítrio é limitado a desejar aproximarmo- nos de Deus ou nos afastarmos dEle. A natureza material, sob a supervisão de Deus, encarrega-se do resto. De acordo com nossos desejos passados, é-nos providenciado um nascimento em o corpo apropriado, através do qual os modos da natureza nos ajudarão a executar ações apropriadas àqueles desejos. Dentro das limitações deste corpo, que abrange de nossas disposições mentais aos resultados kármicos conseqüentes a estarmos dentro dele, nós temos a oportunidade de formarmos novos desejos. Esses desejos podem tomar várias formas, mas eles serão sempre categorizados dentro de uma das duas categorias maiores: desejos referentes a se aproximar de Deus, ou desejos referentes a se afastar dEle. Nossos novos desejos, então, criam reações kármicas que, em outro momento, determinam nosso próximo corpo.

Nada de Beco sem Saída Determinista

A compreensão Védica de livre arbítrio livra-nos do beco sem saída do determinismo moderado. Nós podemos traçar os variados desejos que motivam a pessoa a agir fazendo uma reconstituição até a criação dada por seus pais, sua natureza na hora do nascimento, pelos desejos de sua vida anterior, e, latente a isso tudo, por seu progressivo desejo de render-se a Deus ou de rebelar-se contra Ele. A liberdade reina neste último, primeiro nível, enquanto o determinismo domina todos os subseqüentes eventos na corrente. Nós poderíamos, então, chamar a modelo Védica de um tipo de livre arbítrio binário. Sam Surya, por exemplo, em seu nascimento anterior, deve ter tido desejos divinos (como a abstinência de prazeres pessoais para uma causa superior). Como resultado, ele nasceu com uma generosidade inata e recebeu bom treinamento de seus pais e professores, que o ajudaram a progredir em direção a Deus. Andy Andhakara, por outro lado, deve ter tido desejos não-divinos (como desejos egoístas focados no próprio bem estar mesmo a custo do bem estar de outros), o que o fez nascer em uma situação degradada favorável a expressar e a agir de acordo com tais desejos. A chave para entender como isso funciona é entender que o karma se aplica no nível sutil e também no grosseiro. Boas ações não criam apenas boas circunstâncias; elas também criam o desejo de fazer mais boas ações. E vice versa. Diferente do caderno em branco do livre arbítrio e do trajeto preestabelecido do determinismo, essa combinação se assemelha a um filme interativo que lhe leva a tomar escolhas em momentos chaves e depois se desenrola automaticamente até a próxima escolha. Se fizermos escolhas favoráveis para restabelecer nossa relação com Deus, como Sam Surya, nós teremos mais facilidade e opções para restabelecer essa relação no próximo momento. Se fizermos escolhas que dificultam nossa conexão com Deus, como Andy Andhakara, as opções divinas irão diminuir em quantidade e qualidade. Inevitavelmente, o que acontece entre os pontos de decisão é o presente produto de inumeráveis escolhas. Quando nós evoluímos até o ponto no qual nós, ininterrupta e incondicionalmente, desejamos estar mais próximos de Deus, então nós quebramos a corrente de sucessivos corpos materiais e podemos voltar para a morada suprema. Lá, tendo revivido nossos corpos espirituais originais, nós estaremos completamente independente das leis da natureza que nos controlam tão rigidamente neste mundo. Assim chegamos ao mais alto paradoxo do livre arbítrio. Quando nós estamos a todo momento oferecendo amorosamente nosso livre arbítrio aos pés de Deus para Seus prazer, ao invés do nosso, neste momento, e somente neste momento, nós somos livres. Tradução por Bhagavan dasa (DvS)

Quão Livres Somos Nós? How Free Are We? Por Navin Jani

"...E então, finalmente, está apresentada nossa resposta e a resolução Védica do problema do determinismo versus livre arbítrio. Como seres humanos, nosso livre arbítrio é limitado a desejar aproximarmo- nos de Deus ou nos afastarmos dEle. A natureza material, sob a supervisão de Deus, encarrega-se do resto. De acordo com nossos desejos passados, é-nos providenciado um nascimento em o corpo apropriado, através do qual os modos da natureza nos ajudarão a executar ações apropriadas àqueles desejos. Dentro das limitações deste corpo, que abrange de nossas disposições mentais aos resultados kármicos conseqüentes a estarmos dentro dele, nós temos a oportunidade de formarmos novos desejos. Esses desejos podem tomar várias formas, mas eles serão sempre categorizados dentro de uma das duas categorias maiores: desejos referentes a se aproximar de Deus, ou desejos referentes a se afastar dEle. Nossos novos desejos, então, criam reações kármicas que, em outro momento, determinam nosso próximo corpo..."

Tradução por Bhagavan dasa (DvS)

Excelente!

Quem de fato sofre a experiência da vida material, a alma ou o corpo? Sri Uddhava disse:

Meu querido Senhor, não é possível que esta existência material seja experiência da alma, que é o vidente, ou do corpo, que é o objeto visto. Por um lado, a alma espiritual tem o dom inato do conhecimento perfeito, e por outro, o corpo material não é uma entidade viva consciênte. A quem, então, pertence esta experiência de existência material?
A alma espiritual é inexaurível, transcendental, pura, autoluminosa e jamais encoberta por algo material. É como o fogo. Mas o corpo material não vivente é tal qual lenha: inerte e inconsciente. Portanto, neste mundo, quem é que de fato sofre a experiência da vida material?

A Suprema Personalidade de Deus disse:

Enquanto a tola alma espiritual permanece atraída ao corpo, aos sentidos e à força vital, sua existência mundana, embora em última análise ela seja insignificante, continua a florescer.
Na verdade a entidade viva é transcendental à existência material. Mas, em virtude de sua mentalidade de domínio sobre a natureza material, sua condição de existência material não cessa, e, assim como um sonho, ela é afetada por desvantagens de toda sorte. SB 11.28.10a 13 Fonte:rasadasa.blogspot.com

O Falso Ego Sri Uddhava disse:

Meu querido Senhor, não é possível que esta existência material seja experiência da alma, que é o vidente, ou do corpo, que é o objeto visto. Por um lado, a alma espiritual tem o dom inato do conhecimento perfeito, e por outro, o corpo material não é uma entidade viva consciênte. A quem, então, pertence esta experiência de existência material?
A alma espiritual é inexaurível, transcendental, pura, autoluminosa e jamais encoberta por algo material. É como o fogo. Mas o corpo material não vivente é tal qual lenha: inerte e inconsciente. Portanto, neste mundo, quem é que de fato sofre a experiência da vida material?

A Suprema Personalidade de Deus disse:

Enquanto a tola alma espiritual permanece atraída ao corpo, aos sentidos e à força vital, sua existência mundana, embora em última análise ela seja insignificante, continua a florescer.
Na verdade a entidade viva é transcendental à existência material. Mas, em virtude de sua mentalidade de domínio sobre a natureza material, sua condição de existência material não cessa, e, assim como um sonho, ela é afetada por desvantagens de toda sorte. SB 11.28.10a 13 Fonte:rasadasa.blogspot.com

Longe do medo, da luxúria e da ira

"Embora sombras, ecos e miragens não passem de reflexos ilusórios de elementos reais, tais reflexos causam uma impressão significativa ou compreensível. De modo semelhante, embora a identificação da alma condicionada com o corpo, mente e ego materiais seja ilusória, essa identificação gera temor dentro dela até o momento da morte." SB 11.28.5

Sig. Embora sejam meros reflexos de substâncias reais, sombras, ecos e miragens criam emoções fortes em pessoas que erroneamente os aceita como reais. Da mesma maneira, a alma condicionada é acometida de emoções tais como medo, luxúria, ira e esperança devido à percepção ilusória de que ela é o corpo, mente e falso ego materiais. Mostra-se através desse exemplo prático que mesmo objetos ilusórios podem causar reações altamente emocionais. Em última análise nossas emoções devem se absorver na Suprema Personalidade de Deus, que é a verdade eterna. O temor é dominado para sempre quando se aceita o refúgio dos pés de lótus do Senhor. Só então é possível desfrutar as emoções puras da vida liberada.

Fonte: rasadasa.blogspot.com

Vosso servo

Prahladesh Dasa