Trechos de uma aula dada por SS Hradyananda Das Goswami em Nova Gokula em 1989, SB 6.2.4
Primeiro, temos que ter informação e, depois, podemos estudar a lógica. Por isso, o Mahābhārata diz tarko ’pratishthah, a lógica sem informação autorizada é sem fundamento, sem alicerce. Por isso, simplesmente pela lógica, se você só tem informação material e, depois, você quer compreender uma verdade espiritual pela lógica, não é possível, você não tem informação adequada. Por isso, unicamente os vaishnavas, que recebem a informação diretamente de Krishna, podem ser lógicos enquanto área, porque eles têm informação: Tarko ’pratishthah śrutayo vibhinnā (Mahābhārata, Vana-parva 313.117, ver também SB 6.4.31)
Tarko ’pratishthah śrutayo vibihinnā nāsāv rshir yasya matam na bhinnam, os rshis, os sábios, só vivem de especulação. Um filósofo que chega a conclusão que concorda com outro filósofo é simplesmente tido com um seguidor insignificante, mesmo que tenha a verdade. Porém, quem pode inventar uma nova filosofia é tido como um pensador.
Os especuladores mentais pensam que não existe glória no caminho religioso porque todo mundo concorda, então não existe prestígio, não existe fama, porque todo mundo concorda: Krishna fala e você aceita. Então, onde há a glória disso? A glória é criar e inventar; estabelecer que eu sou Krishna.
Mas isso é também materialismo.
No plano espiritual não há essa preocupação com prestígio pessoal, “que eu posso criar”. Isso é muito infantil, muito materialista, egoísta e desqualifica uma pessoa para o verdadeiro caminho do conhecimento. Quem está querendo desenvolver conhecimento não pode ter motivos ocultos. O motivo deve ser unicamente de obter conhecimento e não de estabelecer-me como um grande pensador e adquirir prestígio, de satisfazer meu orgulho. Esses motivos são impuros e desqualificam o assim chamado filósofo. O filósofo deve buscar conhecimento sem outro motivo. E se o Senhor Supremo está falando conhecimento, por que não aceitar? Por isso, nāsāv rshir yasya matam na bhinnam, uma vez que todos os filósofos especuladores discordam um com o outro, esse caminho também não é frutífero.
Dharmasya tattvam nihitam guhāyām, a verdade real de dharma, ou do caminho espiritual, se encontra num lugar muito secreto, mahā-jano yena gatah sa panthāh, por que se encontra no processo de servir os grandes devotos (Mahābhārata, Vana-parva 313.117). Mahā-jano yena gatah sa panthāh, o caminho é o caminho pelo qual os grandes devotos foram. E aqui se diz a mesma coisa, yad yad ācarati śreyān. Aqui Prabhupāda dá uma tradução muito interessante para essa palavra śreyān: “um homem de primeira classe com pleno conhecimento de princípios religiosos”.