No Navadvipa Dhama Mahatmya, Srila Bhaktivinoda Thakur afirma:
"De Madhavacarya (Brahma Sampradaya), o Senhor Caitanya adotou a completa derrota imposta à filosofia Mayavada, e a adoração a Deidade de Krsna.
De Ramanuja (Laksmi Sampradaya), o Senhor Caitanya aceitou dois ensinamentos:
o conceito de Bhakti pura sem vestígios de Karma e Jnana (Nirvisesa), e o serviço aos devotos.
De Visnuswami (Rudra Sampradaya) o Senhor Gauranga aceitou dois elementos:
o sentimento de total dependência de Krsna, e o caminho de Raga Marga (Serviço devocional espontâneo).
De Nimbarka (Kumara Sampradaya) o Senhor Caitanya recebeu dois grandes princípios:
a necessidade de tomar completo refúgio em Srimati Radhika (Ekanta Radhikasraya), e o exaltado amor das Gopis por Krsna (Gopi Bhava)."
A relação entre Jnana e Bhakti nas diversas Sampradayas Vaisnavas
Advaita Vedanta - Sankaracarya
O Brahman é realizado exclusivamente através de Jnana, e não por Karma ou Bhakti.
O Sadhana para a realização do Brahman ou Moksa é a completa Vairagya, renúncia, e meditação no Maha Vakya "Tat Tvam Asi".
Sri Sampradaya - Sri Ramanujacarya
A justificação para a introdução do conceito de Bhakti é baseado na autoridade de uma passagem específica do Mundaka Upanisad, e de três versos muito importantes do Bhagavad Gita.
Mundaka Upanisad (3.2.3)
"Esta realização (Brahman), não pode ser alcançada pelo estudo dos Vedas, nem pela meditação e nem por ouvir.
Ela só é alcançada por alguém quando o "eu" assim escolhe. Tal pessoa alcança a revelação."
Este verso e os versos do Bhagavad Gita (11.53-54-55) parecem contradizer o Brhad Aranyaka Upanisad (6.5.6), o qual diz que a auto realização implica Sravana (ouvir), Manana (reflectir), e Nididhyasana (contemplar).
A reconciliação se dá porque o que é negado no Mundaka Upanisad é um Sravana comum desprovido de Bhakti intensa que não permite a realização de Deus.
Portanto os termos Jnana, Upasana, Dhyana, Dhruvanusmrti, etc, os quais são usados nos Upanisads como significando Moksa, devem ser entendidos como significando a mesma coisa.
Portanto, conclui-se que todos estes termos, aparentemente com significados diferentes, devem ser entendidos como o significado do termo Bhakti, de acordo com o princípio Mimansa de interpretação.
Se Jnana é considerada como o único meio para Moksa, como afirmam os impersonalistas, então todos os Upanisads que referem Upasana ficam sem validade.
Bhakti como Upaya para Moksa é descrito no Gita como Bhakti Yoga.
É um disciplina rigorosa por toda vida envolvendo a aquisição de conhecimento espiritual, o desenvolvimento de certas virtudes éticas e a observância de deveres religiosos estipulados nos textos sagrados.
Brahma Sampradaya - Sri Madhvacarya
Relação entre Jnana e Bhakti com finalidade última de Moksa do Nyaya Sudha de Jayatirtha:
"Nos Sastras, aonde quer que se diga que Jnana é utilizada para alcançar Moksa, isto deve ser entendido que Bhakti é transmitida através do poder do significado secundário desta palavra (Jnana).
Isto ocorre por causa do íntimo relacionamento que existe entre as duas (Jnana e Bhakti), ou seja Jnana é um fator constituinte de Bhakti e define-se como uma mistura do conhecimento da grandeza do Senhor unida com o profundo amor (Sneha) por Ele."
Jayatirtha menciona três estágios de Bhakti numa ordem ascendente:
1 - Pakva Bhakti ou devoção madura:
Significa alcançar conhecimento de Deus (Sravana e Manana)
2 - Paripakva Bhakti ou devoção mais madura:
Significa o visionamento directo de Deus (Dhyana)
3 - Ati Paripakva Bhakti devoção plena:
Comunhão completa com Deus (Aparoksana Jnana).
O Bhakta alcança a graça absoluta (Athyartha Prasada)
Kumara Sampradaya - Sri Nimbarkacarya
Sadhana:
De acordo com Nimbarka, existem cinco tipos de Sadhana. Embora Bhakti não esteja incluída, acompanha cada um deles:
1 - Karma - purifica a mente, e capacita-a para o conhecimento e meditação.
2 - Jnana - Conhecimento acerca de Deus.
3 - Meditação no Senhor
4 - Prapatti - Auto-rendição a Deus.
5 - Gurupasatti - Auto-rendição ao Guru.
Rudra Sampradaya - Sri Visnuswami - Sri Vallabhacarya
Sadhana:
Os devotos devem passar o seu tempo adorando a Deidade de Krsna como as Gopis adoravam Krsna, e recitar e ouvir histórias sobre Krsna.
A adoração à Deus é de três formas - com o corpo, com a riqueza e com a mente.
A última é considerada a mais elevada e proporciona a realização de Deus.
Sri Vallabhacarya é o autor do Madhurastakam.
Madhuram Madhuram Madhuram Akhilam Madhuram
"Que a doçura de Venu Gopal impregne todos os átomos do Universo"
Brahma Madhva Gaudiya Sampradaya - Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
No Gaudiya Vaisnavismo Sri Caitanya incentiva mais do que todos o cultivo de Bhagavad Jnana (Srimad Bhagavatam) em detrimento de outras formas de Jnana (Upanisads e Vedanta Sutra), obviamente sem desconsiderá-los.
O cantar dos Santos Nomes.
Parakiya Rasa é um elemento especial no relacionamento entre Krsna e as Gopis.
Somente os Gaudiyas afirmam a superexcelência do sentimento amoroso no humor de separação (Viraha ou Vipralamba)
Srimati Radharani experimenta tanto Sambhoga (união) e Vipralamba (separação).
Ela é o exemplo - o emblema - destas duas realizações únicas e especiais.
Sri Caitanya neste humor de Radharani também experimenta estes dois estados de realização devocional.
O processo científico de como alcançar este objectivo último da vida é o grande segredo do Gaudiya Vaisnavismo.
Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu Ki Jaya!!!
Portanto Bhakti é o caminho direto para a perfeição e Karma e Jnana são considerados como auxiliares de Bhakti.
Note-se que o grau de importância dado a Karma e Jnana difere de acordo com a Sampradaya.
Vosso servo
Prahladesh Dasa
Bibliografia:
As Quatro Sampradayas Vaisnavas - SS Purusatraya Swami
Apreciando Sri Navadvipa Dhama - SS Mahanidhi Swami
"De Madhavacarya (Brahma Sampradaya), o Senhor Caitanya adotou a completa derrota imposta à filosofia Mayavada, e a adoração a Deidade de Krsna.
De Ramanuja (Laksmi Sampradaya), o Senhor Caitanya aceitou dois ensinamentos:
o conceito de Bhakti pura sem vestígios de Karma e Jnana (Nirvisesa), e o serviço aos devotos.
De Visnuswami (Rudra Sampradaya) o Senhor Gauranga aceitou dois elementos:
o sentimento de total dependência de Krsna, e o caminho de Raga Marga (Serviço devocional espontâneo).
De Nimbarka (Kumara Sampradaya) o Senhor Caitanya recebeu dois grandes princípios:
a necessidade de tomar completo refúgio em Srimati Radhika (Ekanta Radhikasraya), e o exaltado amor das Gopis por Krsna (Gopi Bhava)."
A relação entre Jnana e Bhakti nas diversas Sampradayas Vaisnavas
Advaita Vedanta - Sankaracarya
O Brahman é realizado exclusivamente através de Jnana, e não por Karma ou Bhakti.
O Sadhana para a realização do Brahman ou Moksa é a completa Vairagya, renúncia, e meditação no Maha Vakya "Tat Tvam Asi".
Sri Sampradaya - Sri Ramanujacarya
A justificação para a introdução do conceito de Bhakti é baseado na autoridade de uma passagem específica do Mundaka Upanisad, e de três versos muito importantes do Bhagavad Gita.
Mundaka Upanisad (3.2.3)
"Esta realização (Brahman), não pode ser alcançada pelo estudo dos Vedas, nem pela meditação e nem por ouvir.
Ela só é alcançada por alguém quando o "eu" assim escolhe. Tal pessoa alcança a revelação."
Este verso e os versos do Bhagavad Gita (11.53-54-55) parecem contradizer o Brhad Aranyaka Upanisad (6.5.6), o qual diz que a auto realização implica Sravana (ouvir), Manana (reflectir), e Nididhyasana (contemplar).
A reconciliação se dá porque o que é negado no Mundaka Upanisad é um Sravana comum desprovido de Bhakti intensa que não permite a realização de Deus.
Portanto os termos Jnana, Upasana, Dhyana, Dhruvanusmrti, etc, os quais são usados nos Upanisads como significando Moksa, devem ser entendidos como significando a mesma coisa.
Portanto, conclui-se que todos estes termos, aparentemente com significados diferentes, devem ser entendidos como o significado do termo Bhakti, de acordo com o princípio Mimansa de interpretação.
Se Jnana é considerada como o único meio para Moksa, como afirmam os impersonalistas, então todos os Upanisads que referem Upasana ficam sem validade.
Bhakti como Upaya para Moksa é descrito no Gita como Bhakti Yoga.
É um disciplina rigorosa por toda vida envolvendo a aquisição de conhecimento espiritual, o desenvolvimento de certas virtudes éticas e a observância de deveres religiosos estipulados nos textos sagrados.
Brahma Sampradaya - Sri Madhvacarya
Relação entre Jnana e Bhakti com finalidade última de Moksa do Nyaya Sudha de Jayatirtha:
"Nos Sastras, aonde quer que se diga que Jnana é utilizada para alcançar Moksa, isto deve ser entendido que Bhakti é transmitida através do poder do significado secundário desta palavra (Jnana).
Isto ocorre por causa do íntimo relacionamento que existe entre as duas (Jnana e Bhakti), ou seja Jnana é um fator constituinte de Bhakti e define-se como uma mistura do conhecimento da grandeza do Senhor unida com o profundo amor (Sneha) por Ele."
Jayatirtha menciona três estágios de Bhakti numa ordem ascendente:
1 - Pakva Bhakti ou devoção madura:
Significa alcançar conhecimento de Deus (Sravana e Manana)
2 - Paripakva Bhakti ou devoção mais madura:
Significa o visionamento directo de Deus (Dhyana)
3 - Ati Paripakva Bhakti devoção plena:
Comunhão completa com Deus (Aparoksana Jnana).
O Bhakta alcança a graça absoluta (Athyartha Prasada)
Kumara Sampradaya - Sri Nimbarkacarya
Sadhana:
De acordo com Nimbarka, existem cinco tipos de Sadhana. Embora Bhakti não esteja incluída, acompanha cada um deles:
1 - Karma - purifica a mente, e capacita-a para o conhecimento e meditação.
2 - Jnana - Conhecimento acerca de Deus.
3 - Meditação no Senhor
4 - Prapatti - Auto-rendição a Deus.
5 - Gurupasatti - Auto-rendição ao Guru.
Rudra Sampradaya - Sri Visnuswami - Sri Vallabhacarya
Sadhana:
Os devotos devem passar o seu tempo adorando a Deidade de Krsna como as Gopis adoravam Krsna, e recitar e ouvir histórias sobre Krsna.
A adoração à Deus é de três formas - com o corpo, com a riqueza e com a mente.
A última é considerada a mais elevada e proporciona a realização de Deus.
Sri Vallabhacarya é o autor do Madhurastakam.
Madhuram Madhuram Madhuram Akhilam Madhuram
"Que a doçura de Venu Gopal impregne todos os átomos do Universo"
Brahma Madhva Gaudiya Sampradaya - Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu
No Gaudiya Vaisnavismo Sri Caitanya incentiva mais do que todos o cultivo de Bhagavad Jnana (Srimad Bhagavatam) em detrimento de outras formas de Jnana (Upanisads e Vedanta Sutra), obviamente sem desconsiderá-los.
O cantar dos Santos Nomes.
Parakiya Rasa é um elemento especial no relacionamento entre Krsna e as Gopis.
Somente os Gaudiyas afirmam a superexcelência do sentimento amoroso no humor de separação (Viraha ou Vipralamba)
Srimati Radharani experimenta tanto Sambhoga (união) e Vipralamba (separação).
Ela é o exemplo - o emblema - destas duas realizações únicas e especiais.
Sri Caitanya neste humor de Radharani também experimenta estes dois estados de realização devocional.
O processo científico de como alcançar este objectivo último da vida é o grande segredo do Gaudiya Vaisnavismo.
Sri Krsna Caitanya Mahaprabhu Ki Jaya!!!
Portanto Bhakti é o caminho direto para a perfeição e Karma e Jnana são considerados como auxiliares de Bhakti.
Note-se que o grau de importância dado a Karma e Jnana difere de acordo com a Sampradaya.
Vosso servo
Prahladesh Dasa
Bibliografia:
As Quatro Sampradayas Vaisnavas - SS Purusatraya Swami
Apreciando Sri Navadvipa Dhama - SS Mahanidhi Swami