Srimad Bhagavatam (12.2 - 12.3)
Sukadeva Gosvami disse: Então, ó rei! A religião, a veracidade, a limpeza, a tolerância, a misericórdia, a duração de vida, a força física e a memória, todas diminuirão dia a dia em virtude da poderosa influência de Kali.
Em Kali-yuga, só a riqueza será considerada sinal de bom nascimento, comportamento adequado e boas qualidades. E a lei e a justiça serão aplicadas apenas com base no poder do indivíduo.
Homens e mulheres viverão juntos por causa da mera atração superficial. O sucesso nos negócios dependerá de fraudes. A feminilidade e a masculinidade serão julgados segundo a perícia sexual da pessoa. E um homem será considerado brahmana apenas por usar um cordão.
A posição espiritual da pessoa será determinada apenas por símbolos externos, e com base nesse mesmo princípio, as pessoas mudarão de uma ordem espiritual para outra. A dignidade do homem será seriamente questionada se ele não tiver um bom salário. E considerar-se-á um intelectual erudito quem for muito esperto em malabarismo verbal.
A pessoa será profana se não tiver dinheiro, e a hipocrisia será aceita como virtude. O casamento será feito apenas por acordo verbal, e a pessoa achará que pode aparecer em público simplesmente porque tomou banho.
Será considerado sagrado um lugar que tiver apenas um reservatório de água num local distante, e a beleza será julgada pelo penteado da pessoa. Encher a barriga se tornará a meta da vida, e quem for audacioso será aceito como veraz. Quem conseguir manter a família será considerado hábil, e os princípios religiosos serão observados somente por causa da reputação.
À medida que a Terra se apinhar de população corrupta, quem quer que, dentre qualquer das classes sociais, mostrar ser o mais forte, obterá o poder político.
Perdendo suas esposas e propriedades para tais governantes avarentos e desumanos, que não se comportarão melhor do que ladrões ordinários, os cidadãos fugirão para as montanhas e florestas.
Atormentadas pela fome e impostos excessivos, as pessoas recorrerão a folhas, raízes, carne, mel silvestre, frutas, flores e sementes para se alimentar. Atingidas pela seca, elas ficarão completamente arruinadas.
O cidadãos sofrerão muito com o frio, vento, calor, chuva e neve. Serão atormentados ainda por desavenças, fome, sede, doença e severa ansiedade.
A duração máxima da vida dos seres humanos em Kali-yuga será de cinqüenta anos.
Na época do fim da era de Kali, os corpos de todas as criaturas diminuirão muito em tamanho, e os princípios religiosos dos seguidores do varnashram serão arruinados. A sociedade humana esquecerá por completo o caminho dos Vedas, e a dita religião será em sua maior parte ateísta. A maioria dos reis serão ladrões, a ocupação dos homens será o roubo, a mentira e a violência desnecessária, e todas as classes sociais serão reduzidas ao nível mais baixo dos sudras.
As vacas serão como cabras, os eremitérios espirituais não serão diferentes de casas mundanas, e os laços familiares não se estenderão além dos vínculos imediatos do matrimônio. A maioria das plantas e ervas serão pequeninas, e todas as árvores serão anãs. As nuvens serão cheias de relâmpagos, os lares serão desprovidos de piedade, e todos os seres humanos parecerão asnos. Nesse momento, a Suprema Personalidade de Deus aparecerá na Terra. Agindo com o poder da bondade espiritual pura, Ele salvará a religião eterna.
O Senhor Visnu, a Suprema Personalidade de Deus, o mestre espiritual de todos os seres vivos móveis e inertes e a Alma Suprema de todos, nasce para proteger os princípios religiosos e para salvar Seus devotos santos das reações da atividade material.
O Senhor Kalki aparecerá na casa do mais eminente brahmana da aldeia Shambala, o magnânimo Vishnuyasha.
O Senhor Kalki, o Senhor do Universo, montará em Seu veloz cavalo Devadatta e, de espada em punho, viajará pela Terra exibindo Suas oito opulências místicas e oito qualidades especiais da Divindade. Exibindo Sua refulgência inigualável e cavalgando com grande velocidade, Ele matará aos milhões aqueles ladrões que ousaram se vestir de reis.
Depois que todos os reis impostores forem mortos, os residentes das cidades e aldeias sentirão na brisa a mais sagrada fragrância da polpa de sândalo e outras decorações do Senhor Vasudeva, e suas mentes ficarão transcendentalmente puras.
Depois que o Senhor Vasudeva, a Suprema Personalidade de Deus, aparecer em seus corações sob Sua forma de bondade transcendental, os cidadãos restantes repovoarão a Terra.
Depois que o Supremo Senhor aparecer na Terra como Kalki, o mantenedor da religião, começará Satya-yuga, e a sociedade humana gerará progênie no modo da bondade.
Quando a Lua, o Sol e Brihaspati estiverem juntos na constelação Karkata, e todos os três entrarem ao mesmo tempo na mansão lunar Pushya, nesse exato momento começará a era de Satya, ou Krita.
Dessa maneira descrevi todos os reis, passados, presentes e futuros, que pertencem às dinastias do Sol e da Lua.
De teu nascimento até a coroação do rei Nanda, passarão mil cento e cinqüenta anos.
Das sete estrelas que formam a constelação dos sete sábios, Pulaha e Kratu são as primeiras a nascer no céu noturno. Se traçarmos uma linha de norte a sul passando pelo ponto médio, qualquer uma das casas lunares atravessadas pela linha constitui o asterismo regente da constelação para aquela ocasião. Os sete sábios permanecerão ligados àquela casa lunar particular por cem anos humanos. Atualmente, durante tua vida, eles estão situados no naksatra chamado Magha.
Visnu, o Supremo Senhor, é brilhante como o Sol e é conhecido como Krishna. Quando Ele retornou ao céu transcendental, Kali entrou neste mundo, e então os homens passaram a sentir prazer em atividades pecaminosas.
Enquanto o Senhor Sri Krishna, o esposo da deusa da fortuna, tocou a Terra com Seus pés de lótus, Kali não teve poder para subjugar este planeta.
Quando a constelação dos sete sábios passa pela casa lunar Magha, começa a era de Kali, que consiste de doze séculos dos semideuses.
Quando os grandes sábios da constelação Saptarsi passarem de Magha para Purvasadha, Kali estará com plena força. Isso começará a partir da época do rei Nanda e sua dinastia (2000 antes de Cristo).
Aqueles que compreendem cientificamente o passado declaram que no mesmo dia em que o Senhor Sri Krishna partiu para o mundo transcendental, começou a influência da era de Kali.
Depois de mil anos celestes de Kali-yuga, a Satya-yuga se manifestará de novo. Nessa ocasião as mentes de todos os seres humanos se tornarão auto-refulgentes.
Descrevi assim a dinastia real de Manu, como é conhecida nesta Terra. Pode-se estudar também a história dos vaishyas, shudras e brahmanas que vivem nas várias eras.
Esses homens, que foram grandes almas, agora são conhecidos apenas de nome. Eles existem apenas em narrações do passado, e só a fama deles permanece na Terra.
Devapi, o irmão de Maharaj Shantanu, e Maru, o descendente de Iksvaku, possuem extraordinária força mística e ainda estão vivos na aldeia Kalapa.
No final da era de Kali, esses dois reis, após receberem instruções diretamente da Suprema Personalidade de Deus, Vasudeva, retornarão à sociedade humana e restabelecerão a religião eterna do ser humano, caracterizada pelas divisões de varna e ashrama, assim como era antes.
O ciclo de quatro eras – Satya, Treta, Dwapara e Kali – continua perpetuamente entre os seres vivos nesta Terra, repetindo a mesma seqüência geral de acontecimentos.
Meu querido rei Parikshit, todos esses reis que descrevi, bem como todos os outros seres humanos, vêm a esta Terra e arrogam-se o direito de propriedade sobre ela, mas no final todos eles têm de abandonar este mundo e deparar com a destruição.
Embora o corpo do indivíduo agora talvez seja chamado de "rei" no final seu nome será "vermes", "excremento" ou "cinzas".
Que pode alguém que fere outros seres vivos em benefício do próprio corpo saber sobre seu interesse supremo, já que suas atividades apenas o estão levando para o inferno?
(O rei materialista pensa): "Esta terra ilimitada foi mantida por meus predecessores e agora está sob minha soberania. Que devo fazer para que ela permaneça nas mãos de meus filhos, netos e outros descendentes"?
Embora aceitem o corpo feito de terra, água e fogo como o "eu" e esta terra como "minha", todos esses tolos por fim abandonaram tanto seus corpos quanto a terra e caíram no esquecimento.
Meu querido rei Parikshit, pela força do tempo, todos esses reis que tentaram desfrutar a Terra mediante seu poder, foram reduzidos a nada mais que narrações históricas.
Capítulo Três
O Bhumi-gita
Sukadeva Gosvami disse: Vendo os reis desta Terra ocupados em tentar conquistá-la, a própria Terra riu e disse: "Vejam como esses reis, que não passam de joguetes nas mãos da morte, almejam me conquistar".
— Grandes governantes da humanidade, mesmo os sábios, deparam com frustração e fracasso devido à luxúria material.
Levados por tal luxúria, esses reis depositam enorme esperança e fé num amontoado de carne chamado corpo, ainda que a moldura material seja tão fugaz quanto bolhas de espuma na água.
— Os reis e políticos imaginam: "Primeiro conquistarei meus sentidos e mente; depois dominarei meus ministros principais e me livrarei das espetadas de meus conselheiros, cidadãos, amigos e parentes, bem como dos tratadores dos meus elefantes. Desse modo, aos poucos, conquistarei a Terra inteira". Os corações desses líderes estão atados a grandes expectativas, por isso, eles deixam de ver a sua morte iminente.
— Após conquistarem toda superfície da Terra, esses reis orgulhosos entram à força no oceano para dominar o próprio mar. De que vale seu auto-controle, que visa à exploração política? A verdadeira meta do auto-controle é a liberação espiritual.
Ó melhor dos Kurus, a Terra prosseguiu dizendo: "Embora no passado grandes homens e seus descendentes tenham partido deste mundo da mesma forma desamparada que para cá vieram, ainda hoje há pessoas tolas que tentam me conquistar".
— Os homens materialistas lutam uns com os outros para me conquistarem. Pais se opõem a filhos, e irmãos lutam entre si, pois seus corações estão atados ao desejo de possuir poder político.
— Os líderes políticos provocam-se mutuamente: "Toda esta terra é minha! Não é sua, seu tolo"! Assim eles se atacam mutuamente e morrem.
— Reis como Prithu, Pururava, Gadhi, Nahusa, Bharata, Kartavirya Arjuna, Mandhata, Sagara, Rama, Khatvanga, Dhundhuha, Raghu, Trinabindu, Yayati, Saryati, Shantanu, Gaya, Bhagiratha, Kuvalayasva, Kakutsha, Naishadha, Nriga, Hiranyakashipu, Vrita, Ravana, que fez o mundo todo se lamentar, Namuchi, Shambara, Bhauma, Hiranyaksha e Taraka, bem como muitos outros demônios e reis que possuíram grandes poderes de controle sobre os outros, eram todos plenos de conhecimento, heróicos, extraordinários conquistadores e inconquistáveis.
Entretanto, Ó Senhor onipotente, apesar de viverem tentando a todo custo me possuir, eles estavam sujeitos à passagem do tempo, que os reduziu a meras narrações históricas. Nenhum deles pôde estabelecer seu governo para sempre.
Sukadeva Gosvami disse: Ó poderoso Parikshit, contei-te a vida de todos os reis, que espalharam sua fama pelo mundo todo e depois partiram. Meu verdadeiro propósito era ensinar o conhecimento transcendental e a renúncia. Histórias de reis conferem poder e opulência a essas narrações, mas não constituem em si mesmas o aspecto último do conhecimento.
Quem deseja prestar serviço devocional puro ao Senhor Krishna deve ouvir as narrações das gloriosas qualidades do Senhor Uttamahshloka, cujo constante cantar de Suas glórias destrói tudo o que é inauspicioso. O devoto deve se ocupar em tal audição em reuniões diárias regulares e também deve continuar a ouvi-las durante todo o dia.
O rei Parikshit disse: Meu senhor, como podem as pessoas que vivem na era de Kali livrar-se da contaminação acumulativa desta era? Ó grande sábio, explique-me por favor.
Explique por favor as diferentes eras da história universal, as qualidades especiais de cada era, a duração da manutenção e destruição cósmicas e o movimento do tempo, que é a representação direta da Alma Suprema, a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Vishnu.
Sukadeva Gosvami disse: Meu querido rei, no princípio, durante Satya-yuga, a era da verdade, a religião está presente com todas as suas quatro pernas intactas e é muito bem mantida pela gente daquela era. Essas quatro pernas da religião suprema são a veracidade, misericórdia, austeridade e caridade.
As pessoas em Satya-yuga são na maioria auto-satisfeitas, misericordiosas, amigas de todos, tranqüilas, sóbrias e tolerantes. Elas obtêm prazer de seu próprio eu, vêem tudo com equanimidade e sempre se esforçam com diligência pela perfeição espiritual.
Em Treta-yuga, devido à influência dos quatro pilares da irreligião – mentira, violência, insatisfação e desavença -, cada perna da religião reduz-se aos poucos em um quarto.
Na era Treta, as pessoas se dedicam a cerimônias ritualísticas e severas austeridades. Não são violentos em demasia nem muito desejosos de prazer sensual. Seu interesse repousa sobretudo na religiosidade, no desenvolvimento econômico e no gozo regulado dos sentidos. Eles alcançam a propriedade seguindo as prescrições dos três Vedas. Embora a sociedade nessa era se desenvolva em quatro classes separadas, ó rei, a maioria do povo é constituída de brahmanas.
Em Dvapara-yuga, as qualidades religiosas de austeridade, verdade, misericórdia e caridade reduzem-se à metade em virtude de seus correlativos irreligiosos – insatisfação, inverdade, violência e inimizade.
Na era Dvapara, as pessoas se interessam em glória e são muito nobres. Dedicam-se ao estudo dos Vedas, possuem enorme opulência, sustentam famílias grandes e desfrutam a vida com vigor. Das quatro classes, kshatriyas e brahmanas são predominantes.
Na era de Kali, permanece apenas um quarto dos princípios religiosos. Esse resto diminuirá gradualmente devido aos princípios da irreligião sempre crescentes, e por fim terminará.
Na era de Kali, as pessoas tendem a ser gananciosas, mal comportadas e desumanas, e brigam uns com os outros sem nenhuma boa razão. O povo de Kali-yuga é desafortunado e assediado por desejos materiais, e quase todo composto por shudras e bárbaros.
Os modos materiais – bondade, paixão e ignorância -, cujas permutações observam-se dentro da mente da pessoa, são postos em movimento pelo poder do tempo.
Quando a mente, a inteligência e os sentidos estão solidamente fixos no modo da bondade, deve-se saber que é o período chamado Satya-yuga, a era da verdade. As pessoas, então, sentem prazer no conhecimento e na austeridade.
Ó mais inteligente rei Parikshit! Quando os seres condicionados se dedicam a seus deveres mas têm motivos ulteriores e buscam prestígio pessoal, deve-se saber que é a situação característica da era Treta, onde as funções da paixão são proeminentes.
Quando cobiça, insatisfação, orgulho falso, hipocrisia e inveja, bem como a atração por atividades egoístas, tornam-se proeminentes, tal período é a era Dwapara, dominada pelos modos da paixão e ignorância misturados.
Quando há predominância do engano, mentira, preguiça, sonolência, violência, depressão, lamentação, confusão, medo e pobreza, essa é a era de Kali, a era do modo da ignorância.
Em decorrência das más qualidades da era de Kali, os seres humanos terão visão curta e serão desafortunados, glutões, luxuriosos e empobrecidos. As mulheres, deixarão de ser castas, vagarão à vontade de um homem para outro.
As cidades serão dominadas por ladrões, os Vedas serão contaminados por interpretações especulativas de ateístas, os líderes políticos chegarão quase a consumir os cidadãos, e os ditos sacerdotes e intelectuais se entregarão aos ditames do estômago e órgãos genitais.
Os brahmacharis deixarão de executar seus votos e em geral serão sujos, os pais de família virarão mendigos, os vanaprasthas viverão em aldeias, e os sannyasis se tornarão ávidos de riqueza.
As mulheres diminuirão muito de tamanho, comerão demais, terão mais filhos do que podem cuidar e perderão todo o recato. Falarão sempre com aspereza e exibirão más qualidades, tais como, roubo, engano e audácia desenfreada.
Os negociantes se ocuparão num pequeno comércio e ganharão dinheiro através de fraude. Mesmo sem haver emergência, as pessoas considerarão bastante aceitável qualquer ocupação degradada.
Os servos abandonarão um senhor que tenha perdido a sua riqueza, mesmo se esse senhor for uma pessoa santa de caráter exemplar. Os patrões abandonarão um servo incapacitado, mesmo que esse servo tenha estado na família por gerações. As vacas serão abandonadas ou mortas quando deixarem de dar leite.
Em Kali-yuga os homens serão desprezíveis e controlados por mulheres. Rejeitarão seus pais, irmãos, outros parentes e amigos e em vez disso se associarão com as irmãs e irmãos de suas esposas. Dessa maneira, seu conceito de amizade será baseado exclusivamente em vínculos sexuais.
Homens incultos aceitarão caridade em nome do Senhor e ganharão a vida fazendo exibições de austeridade e usando hábito de mendicante. Homens que nada sabem de religião subirão no trono do mestre e se atreverão a falar de princípios religiosos.
Na era de Kali, a mente das pessoas estará sempre agitada. Elas ficarão magras em virtude da fome e dos impostos, meu querido rei, e estarão sempre perturbadas devido ao medo da seca. Terão falta de roupas, comida e bebida adequadas, serão incapazes de ter descanso apropriado, ou relações sexuais ou de se banhar, e não terão adornos para enfeitar o corpo. De fato, as pessoas em Kali-yuga aos poucos ficarão semelhantes a criaturas assombradas ou fantasmas.
Em Kali-yuga os homens desenvolverão ódio mútuo até por causa de algumas moedas. Abandonando todas as relações amistosas, estarão prontos a entregar a própria vida e a matar até mesmo os próprios parentes.
As pessoas não protegerão mais seus pais idosos, filhos ou esposas respeitáveis. Totalmente degradados, só cuidarão de satisfazer o próprio estômago e órgãos genitais.
Ó rei, na era de Kali, a inteligência dos homens será desviada pelo ateísmo, e eles quase nunca oferecerão sacrifício à Suprema Personalidade de Deus, que é o mestre espiritual supremo do Universo. Mesmo as grandes personalidades que controlam os três mundos se prostram aos pés de lótus do Supremo Senhor, mas os insignificantes e desditosos seres humanos desta era não o farão.
Aterrorizado e prestes a morrer, um homem sucumbe em sua cama. Com sua voz embargada e ele mal saiba o que está dizendo, caso entoe o santo nome do Supremo Senhor, poderá se libertar da reação do trabalho lucrativo e alcançar o destino supremo. Mas ainda assim as pessoas na era de Kali não adorarão o Supremo Senhor.
Em Kali-yuga, os objetos, os lugares e mesmo os indivíduos estão todos poluídos. A onipotente Suprema Personalidade de Deus, todavia, pode remover toda essa contaminação da vida daquele que fixa o Senhor dentro da mente.
Se alguém ouvir sobre o Supremo Senhor, glorificá-Lo, meditar Nele, adorá-Lo ou apenas oferecer grande respeito a Ele, que está situado dentro do coração, o Senhor afastará de sua mente a contaminação acumulada durante muitos milhares de vidas.
Assim como o fogo aplicado ao ouro retira todo descoramento causado por vestígios de outros metais, o Senhor Vishnu dentro do coração purifica a mente dos yogis.
Alguém que se ocupa nos processos de adoração aos semideuses, austeridades, controle respiratório, compaixão, banho nos lugares sagrados, votos estritos, caridade, e canto de vários mantras, sua mente não pode atingir a mesma purificação absoluta que a obtida quando a ilimitada Suprema Personalidade de Deus aparece dentro de seu coração.
Portanto, ó rei, empenhe-se com todo esforço em fixar o Supremo Senhor Keshava dentro do seu coração. Mantenha essa concentração no Senhor, e na hora da morte com certeza alcançará o destino supremo.
Meu querido rei, a Suprema Personalidade de Deus é o controlador último. Ele é a Alma Suprema e o refúgio supremo de todos os seres. Quem medita no Senhor na hora da morte, Ele lhe revela sua identidade espiritual eterna.
Meu querido rei, apesar de Kali-yuga ser um oceano de defeitos, ainda assim existe uma boa qualidade desta era; pode-se ficar livre do cativeiro material e ser promovido ao reino transcendental pelo simples cantar do Santo Nome de Krishna.
Qualquer resultado obtido em Satya-yuga através da meditação em Vishnu, em Treta-yuga pela execução de sacrifícios e em Dwapara-yuga por servir os pés de lótus do Senhor pode ser alcançado em Kali-yuga simplesmente cantando o Maha-Mantra Hare Krishna.