Baseado no livro "Em Busca da India Védica" de SS Devamrta Swami
Nas tradições religiosas Judaica Cristãs e na visão actual da ciência o tempo é linear.
Diferentemente na Cultura Védica o tempo é cíclico.
O que acontece agora acontecerá depois, o que sobe tem que descer e vice versa.
O Universo Védico passa por repetidos ciclos.
Mais do que isso, o Cosmos inteiro passa por diferentes ciclos de criação e destruição.
Durante a aniquilação a energia é conservada, e manifesta-se novamente na próxima criação.
Nosso conhecimento actual defende a versão que a mudança e o progresso ocorrem de forma linear.
A saga do Universo continua por uma linha contínua, começando num ponto A e terminando num único ponto B.
Obviamente, por causa da visão moderna do tempo diferir tão marcadamente da visão Védica, é de se esperar significativas diferenças em como encarar a vida.
Escalas do Tempo Védico
O sistema Védico de quatro Yugas apresenta extensões de eras de 4, 3, 2 e 1 de tempo com intervalos de 432.000 anos.
Satya Yuga - 1.728 milhões de anos
Treta Yuga - 1.296 milhões de anos
Dvapara uga - 864.000 anos
Kali Yuga - 432.000 anos
Obviamente, este sistema tem pouca ressonância com as teorias actuais da história humana.
A versão Védica contradiz nossa presente concepção não só da antiguidade da Humanidade como da duração da vida humana.
Satya Yuga - homem vive 100.000 anos
Então isto decresce num factor de 10.
Treta Yuga - 10.000
Dvapara Yuga - 1.000
Kali Yuga - 100, diminuindo para 50 no final.
O historiador Babilônico, Berosus (290 BC), afirmou que o Império Babilônico manteve-se por 432.000 anos.
Mesmo na Bíblia, que apresenta um breve período da História podemos encontrar que o homem vivia por 1.000 anos, gradualmente diminuindo para 110 após o dilúvio.
O historiador Judeu Flavius Josephus citou muitos trabalhos históricos para corroborar sua afirmação de que a vida humana era de 1.000 anos.
De facto, todos os povos que existiram antes do aparecimento da civilização Europeia tinham notadamente outra concepção do tempo.
No entanto, a cronologia Védica é ainda mais expansiva e sofisticada.
Mil rotações dum ciclo de Yugas constituem um dia de Brahma (Kalpa). A noite de Brahma tem a mesma duração.
De forma impressionante a escala de tempo Védico não para por aqui.
36.000 kalpas, dias de Brahma, e 36.000 kalpas, noites de Brahma - cada dia e cada noite durando 4.32 bilhões de anos - e obtem-se uma vida de Brahma.
Esta é a medida Védica da duração cósmica.
Um total de 311.04 trilhões de anos.
Onde estamos agora no meio deste tempo colossal?
Dentro de um Kalpa, nós estamos 5.000 anos numa Kali Yuga, num vigésimo oitavo ciclo de Yugas, num décimo sétimo período Manvantara.
Isto significa que de acordo com a Cosmologia Védica, o aparecimento da vida nesta Terra ocorreu a 2.3 bilhões de anos.
Curiosamente, paleontologistas declaram hoje em dia que os organismos vivos mais antigos encontrados datam desta época (fósseis na formação Gunflint no Canadá).
Mas quando a cultura Judaico Cristã envolveu a Europa, outra visão do tempo tornou-se destacada.
Chocando-se fortemente com o conceito cosmológico Grego e Védico, um novo e proeminente conceito mostrava uma única progressão do Universo do começo ao fim.
Criação, aparecimento do Homem, salvação, e o final - o Julgamento - só ocorria uma vez.
E assim como o drama cósmico só ocorria uma vez, os seres individuais só viviam uma vez.
De acordo com Santo Agostinho, esta marcha linear de progresso descortinava o plano divino da redenção Cristã.
Fatalismo e os Vedas
Uma concepção popular totalmente errada é de que a inevitabilidade e a predeterminação da cultura Védica, suprimem a capacidade humana para uma iniciativa criativa e oportunismo.
Muitos pensam que o tempo cíclico Védico está aliado a um fatalismo irreversível.
Stanley Jaki, um sacerdote beneditino conta a história do povo Maia, os Itza, cujos líderes informaram os missionários Espanhóis que numa data particular oito anos no futuro, uma época de calamidades iria abater-se sobre a tribo.
Os missionários devotadamente informaram os conquistadores espanhóis.
Na data marcada - oito anos depois - um pequeno contingente de soldados espanhóis
apareceram.
Os Itza, em número superior e com mais armas, imediatamente rederam-se sem lutar.
Esta docialidade frente a adversidades predeterminadas que parece caracterizar as culturas de tempo cíclico não tem nenhuma relação com a verdade Védica, nem podia estar mais longe.
Os Vedas enfatizam a execução dos deveres sociais, familiares e ocupacionais, em todas as circunstâncias - adversas ou não.
Consequentemente, a sociedade fortemente unida por uma resoluta determinação e caráter forte, eventualmente alcançará a plataforma de conhecimento transcendental.
Quando as pessoas ouvem que vai chover, levam um guarda chuva.
Mas ainda assim energeticamente executam suas tarefas diárias.
Saber antecipadamente dos impedimentos aumenta a efectividade ao invés de diminuí-la.
Os Vedas abertamente declaram que a nossa felicidade e sofrimento para esta vida existem desde o momento do nascimento.
Mas apesar disto, somos requeridos a executar os deveres prescritos dos Textos Védicos.
Porque?
O ponto essencial desta metafísica é que a próxima vida não está determinada. A próxima vida é moldada de acordo com as nossas escolhas actuais.
Os videntes Védicos querem que nós ultrapassemos esta existência material seja ela cíclica ou linear.
Desde que a verdadeira liberdade e felicidade só existem no plano espiritual - somos requisitados a trabalhar vigorosamente - para alcançar o supremo objectivo:
HARE KRSNA HARE KRSNA
KRSNA KRSNA HARE HARE
HARE RAMA HARE RAMA
RAMA RAMA HARE HARE
Vosso servo
Prahladesh Dasa