sábado, 16 de julho de 2016

Sem Raganuga-bhakti não é possível

Em seu comentário do Ujjvala-nilamani 8.137, Srila Visvanatha Cakravarti diz:

"Foi explicado previamente no Bhakti-rasamrta-sindhu que não é possível alcançar a posição de uma Gopi sem Raganuga-bhakti."

Em seguida Srila Visvanatha Cakravarti explica o que é Raganuga Bhakti: 

"Sem seguir uma das Nitya-siddha-gopis, Raganuga não pode ser aperfeiçoado. Raganuga significa seguir alguma das Gopis que têm Raga."

Claro, como o Ujjvala-nilamani é acerca de Madhurya-rasa, é citado o exemplo de seguir as Gopis. Mas isto serve para qualquer das Rasas.

Raganuga significa seguir algum habitante de Vraja que tem Raga. 

Sadhana-bhakti executa-se de forma externa e interna. 
Externamente segue a missão do Guru e pratica serviço devocional de ouvir, cantar e propagar. 

Mas sem executar o aspecto interno de especificar um relacionamento (Rasa) com Krsna, Sadhana-bhakti fica imcompleta.

Raganuga-sadhana-bhakti significa especificar um relacionamento (Rasa) particular com Krsna na fase de Sadhana. Por fazer isto avança-se para Bhava-bhakti e Prema-bhakti. Sem fazê-lo não é possível avançar.

Não podemos amar alguém (neste caso Sri Sri Radha Krsna) sem um tipo específico de relação (Rasa) pelo qual o amor é intercambiado.

Ter a noção genérica de que somos um servo de Krsna não é o suficiente. 

O especificar de um relacionamento (Rasa) surge por ouvir os passatempos de Krsna como descritos no livro de Krsna, a Personalidade Suprema da Divindade, entre outros livros citados e recomendados por Srila Prabhupada, como o Krsna Bhavanamrta.

O relacionamento (Rasa) pelo qual nos atraimos não tem nada a ver com um "relacionamento prévio" no mundo espiritual.

Devido a associação por muitas vidas com vários devotos que têm diferentes tipos de relações, eventualmente, por tais influências, tornamo-nos atraídos por um tipo de relacionamento (Rasa).

Um outro ponto muitas vezes confundido é que é Krsna quem escolhe como quer que nós O sirvamos. 

Não, não é. 

É o Sadhaka que estabelece como quer servir a Krsna. E Krsna reciproca. Uma vez estabelecida, pelo Sadhaka, a relação (Rasa), então ai sim, o devoto(a) estará pronto para servir Krsna como Ele queira, nesta Rasa específica escolhida pelo Sadhaka.

Narada explica a Gopa-kumara no Brhad-bhagavatamrta 2.4.189:

"De acordo com a forma como alguém O adora, o Senhor concede resultados diferentes. Assim, aquele que alcança o objectivo pelo qual almejou nunca sente descontentamento." 

O comentário de Sanatana Gosvami:

"A Personalidade de Deus sabe tudo que há para saber. Ele também é o doador mais misericordioso de caridade. Por que, então, Ele não dá a mesma felicidade suprema a todos os Seus devotos?

Isto e assim porque o que Ele lhes dá depende de seus (dos devotos) desejos expressos.

Então os devotos não ficam insatisfeitos por receberem uma felicidade que é relativamente menor? Não. Quando o Senhor Supremo retribui o amor de qualquer um dos Seus devotos puros, o devoto jamais sente-se incompleto, porque tudo o que devoto queria o Senhor provê."

Uma vez estabelecido o relacionamento (Rasa) na fase de Sadhana, o Sadhaka começa a "preencher" todos os 11 ítens (Ekadas-bhava) do seu Siddha-deha. 

O papel do Guru (Diksa e/ou Siksa) em todo este processo é simplesmente confirmar e refinar a forma como o devoto(a) almeja servir.