sábado, 1 de agosto de 2015

A Deidade move-se

Tradução:

"Regularmente, o devoto deve ver Minha estátua no Templo, tocar Meus pés de lótus e oferecer orações e itens de adoração. Deve ver tudo com um espírito de renúncia, a partir do modo da bondade, e ver que toda entidade viva é espiritual."

Significado:

"... O devoto neófito e o devoto avançado percebem a presença do Senhor no templo de forma diferente. Para o neófito, a Arcā-vigraha (a estátua do Senhor) é diferente da Personalidade de Deus original. Considera que é uma representação do Senhor Supremo, sob a forma da Deidade. Mas um devoto avançado aceita a Deidade no Templo, como a Suprema Personalidade de Deus. 

Ele não vê qualquer diferença entre a forma original do Senhor e a forma da estátua, a forma de Arcā do Senhor, que está no Templo. Esta é a visão do devoto cujo serviço devocional esta no mais alto estágio de Bhāva, ou amor a Deus, enquanto a adoração no Templo do neófito é uma questão de dever rotineiro ... "

(Śrīla Prabhupāda - Śrīmad Bhāgavatam 3.29.16)

Quando aqui Prabhupada traduz Arcā como "estátua", isto não significa que o devoto considera a "estátua" de Krsna no Templo como simplesmente pedra, madeira, metal, etc.
arcye viṣṇau śilā-dhīr ... nārakī saḥ

"Aquele que pensa que a Deidade no Templo é feita de madeira ou pedra ... deve ser considerado como um residente do inferno."

(Padma Purāṇa)

Não. É Krsna Ele mesmo. 

Mas é Dāru-brahma, o Absoluto que aparece na madeira (Dāru), por exemplo, e está fixo num só local. Como o Senhor Jagannātha.

Enquanto que o Senhor Caitanya, por exemplo, é Jańgama-brahma, o Absoluto que se move.

Isto é descrito no CC Antya 5 quando o poeta da Bengala compôs um verso com conceitos errados e foi corrigido por Svarūpa Dāmodara Gosvāmī.

Claro, mesmo a Arcā "estátua" fixa num só local, poderá, pela força da devoção de um devoto/a, "mover-se" para outro local como no caso da Deidade de Sākṣi Gopāla (a testemunha Gopāla) que caminhou milhares de kilometros para testemunhar por Seu devoto. 

E assim, há muitos outros exemplos da interação entre a Deidade e Seus devotos queridos.

Brahma-saṁhitā (5.38):

premāñjana-cchurita-bhakti-vilocanena
santaḥ sadaiva hṛdayeṣu vilokayanti
yaṁ śyāmasundaram acintya-guṇa-svarūpaṁ
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi

"Adoro o Senhor primordial, Govinda, que sempre é visto pelo devoto cujos olhos estão ungidos com o unguento do amor. Ele é visto em Sua forma eterna de Śyāmasundara, situado no coração do devoto."

A medida que avançamos no nosso amor a Ele, nossos olhos começam a "ver".

Sanatana Goswami falava com sua Deidade e Ela respondia.