terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Krsna e as Freiras

Uma freira em Varsóvia na Polónia, entrou com um processo contra a ISKCON (Sociedade Internacional para Consciência de Krishna).

O caso chegou ao tribunal.

A freira argumentou que a ISKCON estava expandindo suas atividades e ganhando muitos adeptos na Polónia. Ela queria que a ISKCON fosse proibida de pregar porque seus seguidores estavam glorificando um personagem chamado Krishna ", que era "imoral", por ter se casado com 16.000 mulheres chamadas Gopis.
O réu da ISKCON disse ao juiz: "Por favor, peça a freira para ela repetir o juramento que ela fez quando ela tornou-se uma freira". O juiz pediu que a freira recitasse o juramento em voz alta. Ela não quis.
O réu da ISKCON perguntou se ele poderia ler em voz alta o juramento da freira. Vá em frente, disse o juiz. O juramento diz com efeito, que "ela (a freira) é casada com Jesus Cristo".

O réu da ISKCON disse: "Vossa excelencia! O Senhor Krishna é acusado de ter" casado com "16 mil mulheres. Há mais de um milhão de freiras que afirmam que elas estão casadas com Jesus Cristo. Entre os dois; Krishna e as freiras, que tem a moral mais baixa? "

O caso foi julgado improcedente.

Do amigo e servo
Rama Kumara das - HDG
São Paulo – SP

Ainda bem que o caso foi julgado improcedente e a freira e o advogado(a) da freira não usaram outros argumentos posteriormente a estes.

Se por exemplo a freira tivesse posteriormente argumentado que além das 16.000 esposas, o Senhor Krsna teve 10 filhos com cada uma delas, ou seja em torno de 160.000 filhos.

E se ela argumentasse que o Matrimônio Místico das freiras com Jesus e dos padres com a Igreja não é o equivalente a relação conjugal "imoral" de Krsna com as Gopis e Suas esposas, mas simplesmente a união indissolúvel da alma com a Trindade. É simplesmente um estado de divinização. É chamado Matrimônio Místico porque é a celebração de uma união divina reverencial do místico com a Trindade. Assim como a união num matrimônio entre duas pessoas que não pode ser desfeito.

Os místicos cristãos e as freiras aproximam-se e "unem-se" a Trindade com muita reverência e suplicam:

"Meu amado, deixa-me servir-te"

E se ela argumentasse que não se encontra em nenhuma parte dos escritos de São João da Cruz ou qualquer outro místico cristão ou dentro do Cristianismo a descrição de um relacionamento conjugal com Deus ou com a trindade.

Quando o místico cristão ou uma freira refere-se a si mesmo como "esposa", isto simplesmente indica um forte sentimento de união à Deus ou à trindade (assim como também os padres dizem que estão “casados” com a Igreja e inclusive usam uma aliança no dedo) em serviço amoroso reverencial. A "esposa" que serve e está fortemente unida ao "esposo".

Então o réu da ISKCON teria que explicar "O Princípio Erótico e a Devoção Pura"

Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur escreveu um artigo intitulado "O Princípio Erótico e a Devoção Pura"

"O grande erudito falecido Dr. Bhadarkar errou ao expressar que a adoração a Rama tem mais representação ética que a de Sri Krsna especialmente em relação aos tratos amorosos deste último. Por isto não é de estranhar que os observadores ocidentais naturalmente aprovem esta opinião errada quando tratam de assuntos éticos do teísmo oriental....

....o autor começa assegurando aos seus leitores que o maior de todos os mestres éticos, o Senhor Sri Krsna Caitanya ofereceu observações teístas as melhores sociedades intelectuais que são inteira e perfeitamente morais...."

"... Nós todos somos egoístas, quando lemos o Bhagavatam, consideramos portanto que Sri Krsna é um egoísta como nós em busca de prazer sensual material, por meio de Seus poderes superiores. Para o egoísta, o serviço das vaqueirinhas de Vraja parece portanto, sob a forma de vítimas imaginárias à espera de sua própria luxúria frustrada. Mas o egoísta nunca quer ser o objecto de desfrute de outro, isso é verdade tanto para homens e mulheres, isso não muda em função do sexo. Eles estão apenas tentando organizar o domínio do não natural de pessoas que tampouco gostam de submeter-se a ser desfrutadas sob o pretexto do sexo, no entanto, a verdade é que ambos os sexos gostam de desfrutar e não serem desfrutados. Todos são masculinos. Não há realmente femininos ou objectos de desfrute neste mundo, apenas um desejo universal de desfrutar e todas as coisas são objecto de desfrute.

As vaqueirinhas espirituais de Vraja servem a Sri Krsna com todos os seus sentidos espirituais, apenas e unicamente para a Sua (de Krsna) satisfação. Sri Krsna é uma pessoa real, Ele é o único proprietário de todas as coisas, somos Sua propriedade, os nossos sentidos eternos também são Sua propriedade."

Então a diferença é que na plataforma material todos querem desfrutar de sexo e não querem ser desfrutados. Enquanto que na plataforma espiritual é exatamente o contrário, não há a intenção de desfrutar mas sim de ser desfrutada numa relação conjugal ou extra conjugal por e para o prazer de Krsna, a Pessoa Suprema.

http://bhakti-tattva.blogspot.com/2007/03/srila-bhaktisiddhanta-sarasvati-thakur.html

Na "Ciência da Auto Realização", Srila Prabhupada diz:

"Sri Caitanya Mahaprabhu informa-nos que se pode inclusive ter um compromisso sexual com o Senhor. Esta informação é a contribuição singular de Caitanya Mahaprabhu. Neste mundo material, o compromisso sexual considera-se como o maior de todos, o maior prazer, ainda que exista de um modo pervertido. No entanto, ninguém havia concebido que poderia haver o emprego da sexualidade no mundo espiritual. Não há uma única citação teológica deste tipo em nenhuma parte do mundo. Esta informação é dada pela primeira vez por Caitanya Mahaprabhu; pode-se ter a Suprema Personalidade de Deus como esposo, como amante...

...Caitanya Mahaprabhu diz não somente que Deus tem uma forma, mas que também tem vida sexual. Esta é a maior contribuição de Caitanya Mahaprabhu."

Sempre na esperança de que a freira, o advogado(a), o Juiz(a) e os demais intervenientes pudessem compreender a profundidade da incomparável Teologia Gaudiya Vaisnava.

Vosso servo

Prahladesh Dasa Adhikari