quarta-feira, 8 de julho de 2009

Enviado por Nityananda Prabhu:

“Ontem celebrou-se Ekadasi e, como sempre nestes dias, aproveita-se para ler mais e recitar mais voltas de japa. Lembrei-me do verso do Padma Purana, que diz que o santo nome não é diferente de Krsna. Provavelmente nunca terei realizado esta facto--sentir que o santo nome e Krsna não são diferentes. Por outro lado também pensei que, apesar deste grande condicionamento, posso ter uma atitude positiva perante tal situação, e essa escolha é, e será, sempre minha.Como é que posso demonstrar a Krsna que aceito o que as autoridades e as escrituras dizem sobre o santo nome não ser diferente do próprio Krsna, apesar de não o realizar ? Enquanto recito a japa não faço mais nada a não ser esforçar-me por estar concentrado na vibração sonora do santo nome. Nós,devotos,tornámo-nos peritos com a mão esquerda apesar de não termos nascido canhotos. Enquanto recitamos o santo nome dedilhando a japa,vamos fazendo as nossas coisinhas:conduzimos(extremamente perigoso!),fazemos as compras, fazemos "zapping" com o nosso "MEO",falamos com os outros etc...etc....Com essa atitude dispersa, o que sai da nossa boca é o som das palavras tal como as lemos.É o som material. O verdadeiro santo nome está bastante
escondido e "longe".
Chega a uma certa altura que... e porque o que tudo o que é material pode cansar e aborrecer, paramos de cantar e recitar. A concentração nesses minutos ou horas em que estamos a recitar o santo nome, provoca, invariavelmente, a compaixão de Krsna e Ele manifesta-Se no santo nome. Esse é o néctar que procuro e procuramos e que nos dá força para continuar apesar de não realizarmos que o santo nome e Krsna não são diferentes.
Li algures que o maha-mantra poder-se-ia comparar com aqueles suplementos ou medicamentos(os pózinhos) que vêm envolvidos numa cápsula feita de gelatina(cuidado que algumas não são vegetarianas!). Essa aparente secularidade do maha-mantra pode ser comparada à cápsula do suplemento. As letras que compõem o maha-mantra são aparentemente materiais como as que encontramos noutras palavras com as mesmas letras. A cápsula, com a ajuda dos sucos gástricos, dissolve-se no estômago para dar oportunidade a que os tais pózinhos façam o efeito requerido, na forma de energia, alegria e reforço contra os elementos estranhos e maléficos. De igual modo, através da recitação adequada e concentrada do santo nome, a secularidade aparente do santo nome dissolve-se com a ajuda dos sucos da nossa concentração e da graça de Krsna. Nesse momento manifesta-se o efeito do verdadeiro santo nome e @ devot@ a seu devido tempo sente-se energizad@, feliz e protegid@, de acordo à sua entrega,contra os elementos estranhos na sua consciência. Bhaktivinoda Thakura canta" Enechi aushadi maya..." Sri Caitanya veio dar este medicamento do santo nome.
Vs Nityananda das”

Nityananda Prabhu, muito obrigado pelo néctar o qual permite absorvermo-nos em Nama Tattva.

Como diz o provérbio: "O melhor medicamento é o mais amargo."

Precisaremos de muita determinação e da santa associação dos devoto(a)s avançados até alcançarmos a fase de Ruci no cantar.

Até esta fase o nosso cantar às vezes é atento e às vezes não.

Na fase de Anisthita (Instável) Bhajana Kriya, isto chama-se Ghana Tarala (às vezes empenha-se muito no cantar e às vezes negligencia o cantar - Condensado e Diluído)

Quando é atento experimentamos um vislumbre (Namabhasa) da verdadeira natureza bem aventurada do Santo Nome, ou em outras palavras, experimentamos a sombra do Santo Nome.

E assim nesta fase oscilamos entre cantar atentamente (Namabhasa) e cantar desatentamente (Namaparadha).

Porque?

Porque nesta fase estamos em Anartha Nrvitti. Estamos a eliminar os Anarthas.

A fase seguinte chama-se Nistha (estar firmemente fixo no cantar), ou Nisthita (fixo) Bhajana Kriya.

E mesmo na fase de Nistha, cinco obstáculos deverão ser ultrapassados.

1 - Laya (Sono) - dormir durante Kirtana (Japa) , Sravana e Smaranam.

2 - Viksepa (Distracção) - enquanto canta Japa distrai-se com tópicos materiais.

3 - Apratipatti - desinteresse em tópicos espirituais.

4 - Kasaya - tendência inata para sentimentos de ira, avareza e orgulho.

5 - Rasasvada - inabilidade para absorver a mente em Kirtana e Japa se obtém a oportunidade de ter prazer dos sentidos.

Somente na ausência destes obstáculos Nistha Bhakti manifesta-se.

E a fase madura de Nistha é finalmente Ruci.

Desta forma e gradualmente, poderemos determinar quando alcançamos a fase de Ruci (apego genuíno e contínuo ao canto do Santo Nome), ou seja, o momento em que não mais teremos que nos esforçar para cantar atentamente.

Antes da fase de Ruci, e quando existe um esforço pelo canto atento, Krsna manifesta-Se no Santo Nome como Namabhasa (sombra do Santo Nome).

A partir de Ruci, Suddha Nama (o cantar puro) começa a aparecer.

Srila Rupa Goswami esclarece a sequência do processo de Bhakti em seu livro Bhakti Rasamrta Sindhu da seguinte forma:

adau sraddha tatah sadhu-sango
'tha bhajana-kriya
tato 'nartha-nivrittih syat tato
nistha ruchis tatah
athasaktis tato bhavas tatah
premabhyudanchati
sadhakanam ayam premnah
pradurbhave bhavet kramah

"No começo, a pessoa deve ter um desejo preliminar pela auto-realização (Sraddha). Isso trará a pessoa para o estágio de tentar se associar com pessoas que são espiritualmente elevadas (Sadhu Sanga). No estágio seguinte, a pessoa é iniciada por um Mestre Espiritual, e sob a sua instrução o devoto neófito começa o processo do serviço devocional (Bhajana Kriya). Pela execução do serviço devocional sob a orientação do Mestre Espiritual, a pessoa fica livre de todo apego material (Anartha Nivritti), alcança firmeza na auto-realização (Nistha) e obtém um gosto por ouvir a respeito da Absoluta Personalidade de Deus, Sri Krsna (Ruci). Esse sabor leva a pessoa mais adiante até o apego pela consciência de Krsna (Asakti), que amadurece em Bhava, ou o estágio preliminar do amor transcendental por Deus. O verdadeiro amor por Deus é chamado Prema, o estágio de vida perfeccional mais elevado."

Fim da citação.

O Sri Bhajana Rahasya de Srila Bhaktivinoda Thakura é o estudo avançado do Sri Hari Nama Cintamani.

Estes dois livros devem ser atentamente estudados.

Neste livro o Thakura relaciona o Sri Sri Siksastakam com a sequência do processo de Bhakti referida acima. A etapa de Bhajana Kriya não é referida porque aqui Bhajana refere-se a execução de todas estas etapas:

Sraddha

Verso Um: Glória ao Sri Krsna Sankirtana, que limpa o coração de toda poeira acumulada durante anos e extingue o fogo da vida condicionada dos repetidos nascimentos e mortes. Este Movimento de Sankirtana é a benção principal para toda a humanidade porque espalha os raios da lua da benção. É a vida de todo o conhecimento transcedental. Aumenta o oceano de bem-aventurança transcendental, e nos capacita a saborear plenamente o néctar pelo qual sempre ansiamos.

Sadhu Sanga e Anartha Nivrtti

Verso Dois: Ó meu Senhor, apenas Teu santo nome pode outorgar todas as bençãos aos seres vivos, por isso tens centenas e milhões de nomes, tais como Krsna e Govinda. Nestes nomes transcendentais, aplicaste todas as Tuas energias transcendentais. Não há sequer regras rígidas pra cantar estes nomes. Ó meu Senhor, por Tua bondade, permites que nos aproximemos facilmente de Ti através de Teus Santos Nomes, mas desventurado como sou, não sinto atracção por eles.

Nistha

Verso Três: Deve-se cantar o Santo Nome do Senhor com um estado de espírito humilde, julgando-se inferior à palha na rua; deve-se ser mais tolerande que uma árvore; desprovido de todo sentido de falso prestígio; e deve-se estar pronto a oferecer todo o respeito aos outros. Nesse estado de espírito pode-se cantar o Santo Nome do Senhor constantemente.

Ruci (Até esta fase o Santo Nome é Namaparadha e/ou Namabhasa)

Verso Quarto: Ó Senhor todo-poderoso, não tenho nenhum desejo de acumular riquezas, nem desejo belas mulheres, nem quero ter seguidores. Só quero prestar-Te serviço devocional imotivado, nascimento após nascimento.

Asakti (A partir desta fase Suddha Nama e o nosso Sidha Deha começam a manifestar-se)

Verso Cinco: Ó filho de Mahãraja Nanda [Krsna], sou Teu servo eterno, porém, de alguma forma caí no oceano de nascimentos e mortes. Resgata-me, por favor, deste oceano de mortes e considera-me um átomo a Teus pés de lótus.

Bhava

Verso Seis: Ó meu Senhor, quando meus olhos se decorarão com lágrimas de amor, fluindo constantemente ao cantar Teu Santo Nome ? Quando minha voz se abafará, e quando os pêlos de meu corpo se arrepiarão ao recitar Teu nome ?

Vipralambha Prema

Verso Sete: Ó Govinda ! Sentindo saudades de Ti, para mim parece que um instante dura doze anos ou mais e de meus olhos fluem lágrimas como se fossem torrentes de chuva, e sinto que o mundo está vazio na Tua ausência.

Prema Bhajana Sambhoga

Verso oito: Não conheço ninguém além de Krsna como o meu Senhor, e Ele sempre o será mesmo que me trate asperamente ao me abraçar ou que parta meu coração por não estar presente diante de mim. Ele é completamente livre para fazer qualquer coisa, pois sempre será o meu Senhor adorável incondicionalmente.

Vosso servo

Prahladesh Dasa Adhikari