sábado, 19 de abril de 2008

Urmila Devi Dasi (ACBSP), esclarece:

"...Quando estamos ensinando a consciência de Krsna, talvez tenhamos que apontar pequenas falhas em pessoas que estão no começo do caminho espiritual, mas, ainda assim, podemos motivar tais pessoas com sincero amor. Nossas críticas podem ser práticas e construtivas, destituídas de inveja ou ira..."

A aparente "zanga" de um Vaisnava ou Vaisnavi está repleta de amor sincero.

Do livro "As 26 Qualidades do Devoto" de SS Satsvarupa Dasa Goswami

Ira, krodha. A luxúria nunca pode ser satisfeita e, portanto, ela é seguida pela ira.A ira surge como uma irmã mais nova. Quando uma pessoa é dominada por ira incontrolável, ela é capaz de matar até mesmo seu melhor amigo ou parente querido.Quando a ira se espalha, todo o corpo fica poluído. Mas a ira também pode ser utilizada no serviço a Krsna, dirigindo-a contra os inimigos de Krsna. O exemplo famoso é Hanuman, o devoto guerreiro do Senhor Rama, que lutou contra os exércitos de Ravana. 

O Senhor Caitanya também demonstrou ira transcendental quando escutou que Jagai e Madhai tinham atacado o Senhor Nityananda.A ira devocional pode desta maneira apresentar-se sob a forma de luta. O devoto ksatrya não pode tolerar ver o devoto do Senhor ou pessoas ou criaturas inocentes sendo feridos. Maharaja Pariksit ficou zangado assim quando viu um sudra espancando uma vaca. Arjuna não estava zangado, e desta maneira, não podia lutar na Batalha de Kuruksetra. Por intermédio da pregação, Krsna incitou Arjuna a lutar com ira transcendental. 

Um devoto também pode dirigir sua ira contra os falsos gurus e outro enganadores do povo. Quando um devoto escuta propaganda contra o serviço devocional, ele pode escrever artigos contra esta propaganda ou pregar activamente de outra maneira. Hindus desinformados pensam que um sadhu nunca pode demonstrar ira. Tais pessoas não compreendem a ira transcendental. Evidentemente, a ira não deve ser descontrolada ou utilizada para combater um insulto contra si próprio.

Certa vez uma cobra, depois de encontrar-se com Narada Muni, ficou muito pacífica. Mas quando os meninos da aldeia próxima souberam a respeito da não-violência da cobra, começaram a atirar-lhe pedras. Quando a cobra queixou-se a Narada que sua não-violência tinha ocasionado tais ataques, Narada a aconselhou a continuar pacífica, mas que ela se erguesse, mostrasse o capelo e assustasse as crianças para que elas fossem embora. Este é um exemplo da utilização da ira controlada.A ira deve ser controlada e só utilizada a serviço do Senhor. As vezes um professor assume um ar irado ou faz um gesto zangado para instruir um aluno. 

Ele ensina através de palavras bondosas, encorajamento e ocasionalmente por intermédio de punições e uma demonstração de ira. Mas esta ira é controlada, a ira só pode ser utilizada como um instrumento no serviço devocional.A ira também se manifesta num estágio muito avançado do serviço devocional como um tipo de apego extático em relação a Krsna; muitos exemplos disto são encontrados em "O Néctar da Devoção". Certa vez quando Krsna e Seus amigos retornavam das florestas de Vrndavana, os pastorzinhos contaram a mãe Yasoda que Krsna fora sozinho à floresta Talavana e matara Dhenukasura.

Quando mãe Yasoda ouviu como os meninos haviam pedido a Krsna que fosse numa missão tão perigosa sozinho, ela ficou perturbada e olhou irada para os meninos.Em outra ocasião, quando na Assembléia Rajasuya o demônio Sisupala insultou Krsna, o primo de Krsna, Nakula falou com grande ira: "Se alguém zomba de Krsna, eu declaro que como um Pandava hei de chutar seu elmo com meu pé esquerdo, e que o ferirei com minhas flechas que são tão boas quanto yamadanda, o cetro de Yamaraja."

Fim da citação

Um Sadhu serve e elogia 100% um Uttama Mahabhagavata.Um Sadhu serve e elogia todos os outros devotos e quando necessário corrige-os.Assim como devemos ser humildes quando o Sadhu nos elogia, devemos também sê-lo quando nos corrige.

Existem diferentes categorias de devotos.No "Amrta Vani" Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur explica:"Devemo-nos ocupar 100% no serviço do Mahabhagavata, 66,6% no serviço do Madhyama Bhagavata e 33,3% no serviço do Kanistha Bhagavata."

No livro "Divina Sucessão" de Rupa Vilas Dasa Adhikari páginas 220,221, da The Bhaktivedanta Book Trust International, edição de 2003 está escrito: As Palavras Afiadas do SadhuSrila Gaura Kisora Dasa Babaji Maharaja diz: "Por favor, notem que os sadhus que falam palavras afiadas para dissipar a energia ilusória são na verdade devotos verdadeiros de Krsna e amigos de todas as entidades vivas.Os seres vivos condicionados tendo experimentado o relacionamento litigioso com sua esposa e parentes próximos, é tratado rudemente por eles até a morte, mas eles nunca desejam abandonar a sua associação. Por outro lado, eles se tornam absortos em tentar apaziguá-los e servi-los.

Mas quando um devoto do Senhor, que está sempre ansioso para que as entidades vivas alcancem o benefício último, as castiga apenas uma vez com instrucções que visam afastá-las de maya, então estas entidades vivas condicionadas imediatamente fazem planos para se afastarem desta pessoa santa por toda a vida. Se você realmente deseja prestar serviço devocional apropriadamente, então você deve aceitar as palavras ásperas de um sadhu como o remédio que pode afastar de maya.

Assim, pode-se obter o avanço espiritual necessário para cantar o santo nome com sucesso. As almas condicionadas estão preparadas para aceitar abuso ilimitado dos seus membros familiares, mas nem uma simples palavra áspera de um sadhu que deseja livrá-las de seu apego pela existência ilusória. A esposa e os parentes materialistas induzem o homem a trabalhar como um asno enquanto o aborrecem por não satisfazer completamente todas as suas exigências.

Entretanto, apesar da família viver importunando o homem legitimamente e tratá-lo asperamente até que ocorra uma falha da sua parte, esta vítima aquiescente não é capaz de tolerar as palavras que podem alertá-lo quanto à realidade da situação. "Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur descreveu o poder do sadhu num ensaio chamado "A Procura da Verdade", da seguinte maneira: "Não há dúvidas de que as palavras de um sadhu têm o poder de destruir as propensões maléficas da mente das pessoas.Os sadhus estão sempre beneficiando todos aqueles que se associam com eles.

Existem muitas coisas que não revelamos a um sadhu. O verdadeiro sadhu nos faz falar sobre aquilo que mantemos escondido em nossos corações.E então ele aplica a faca.A própria palavra "sadhu" quer dizer faca. Ele fica diante do local onde será feito o sacrifício com a faca em sua mão. Os desejos sensoriais dos homens são como cabras. O sadhu fica ali e mata estes desejos com o misericordioso golpe da pontiaguda faca sacrificial na forma de uma linguagem desprazeirosa. Se o sadhu começa a me adular e não me recrimina, ele se torna meu inimigo. Se ele nos adula, então seremos conduzidos pela estrada que leva ao desfrute, mas não ao verdadeiro bem-estar."

Fim da citação.

Siddhajana Prabhu esclarece:

"Como um mestre espiritual Mahabhagavata, por um lado ensina seus discípulos a abandonar a ira e a luxúria, duas coisas que o próprio Krsna no Bhagavad Gita diz serem a causa da existência material, e por outro lado mostra ira e fúria?

Isto é uma interpretação errada.

Não devemos interpretar que Srila Prabhupada tenha se tornado irado e furioso sobre alguma coisa.
A melhor interpretação e que ele tornou-se agitado e/ou desapontado pois mesmo após ter dado tantas instrucções, seus discípulos continuavam a fazer disparates.

Seu propósito era ensinar seus discípulos e não destruí-los.

A conotação das palavras "ira" e "feroz", porque elas contém o modo da ignorância ou a natureza destrutiva da energia material, poderiam ir contra o Vaisnava Siddhanta puro, que o mestre espiritual pode corrigir seus discípulos sem o uso dos três modos da natureza material.
Ele usa as potências Cit, Samvit e Hladini; em outras palavras, ele usa a natureza transcedental para ensinar e corrigir seus discípulos, e nunca a natureza material e os modos da ignorância e da paixão."

Fim da citação

Vosso servo
Prahladesh Dasa