sexta-feira, 8 de junho de 2007

O Conhecimento mais Confidencial

Enviado por Pariksit Prabhu

O CONHECIMENTO MAIS CONFIDENCIAL

“Apenas aos Seus devotos, o Senhor Krishna revela
o conhecimento mais profundo sobre a alma e Deus”

por Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
Fundador-Acarya da Sociedade Internacional da Consciência de Krishna

CONHECIMENTO DO SUPREMO

“... Nós somos agraciados por recebermos conhecimento direto da Suprema Personalidade de Deus. Esta é nossa missão na consciência de Krishna. Eis o conhecimento dado por Krishna. Idam tu te guhyatamam pravaksyamy anasuyave: “Agora, Eu lhe transmitirei este conhecimento e realização ultraconfidenciais” .
Krishna diz que este conhecimento é guhyatamam. Guhya significa “confidencial” , guhyatara significa “mais confidencial” e guhyatamam significa “o mais confidencial” . Afirmativo, comparativo e superlativo. Guhya é afirmativo, guhyatara é comparativo e guhyatamam é superlativo.
Brahma-jñana, ou o conhecimento de Brahman (espírito), é guhya ou confidencial, porque se você adquirir este conhecimento, você se torna a pessoa mais importante dentro do mundo material. Este estágio é conhecido como brahma-bhutah. Brahma-bhutah é o estágio do brahmana, ou acima deste. Tornar-se brahma-bhutah, brahma-jñani, é guhya, conhecimento confidencial.
O próximo estágio é a realização do Paramatma. Brahmeti paramatmeti. Isvarah sarva-bhutanam hrd-dese ‘rjuna tisthati [Bg. 18.61] Existem duas almas diferentes. Uma é o Paramatma, que está presente em todos os lugares. Os mayavadis impersonalistas dizem que não há diferença entre atma (alma individual) e Paramatma (Superalma), mas isto não é verdade. Atma está presente dentro de um corpo. Eu sou atma e vocês também. Dehino smin yatha dehe [Bg 2.13]. Asmin dehe significa “neste corpo”. Eu sou atma, vocês são atma, mas eu não sou Paramatma. Paramatma é diferente. Ele é Krishna, ou a Suprema Personalidade de Deus, situada no coração de todos. Este conhecimento é guhyataram, mais confidencial.
Antes de tudo, entender brahma-jñana (ou auto-realizaçã o) é confidencial. Este não é um conhecimento comum e está acima do conhecimento ordinário. Por esta razão, diz-se que é guhya, que significa confidencial. Ninguém compreende nem mesmo atma-tattva.
srotavyadini rajendra
nrnam santi sahasrasah
apasyatam atma-tattvam
grhesu grha-medhinam
[Srimad-Bhagavatam 2.1.2]

Aqueles que vivem em família não conseguem compreender atma-tattva (auto-realizaçã o). Sukadeva Gosvami está alertando Pariksit Maharaja que as pessoas estão muito ocupadas com coisas ordinárias para inquirir sobre atma-tattva. Um homem mundano comum compra vários quilos de jornais e está interessado em seu conteúdo. Contudo, ele não se interessa por entender o Bhagavad-gita, no qual se descreve atma-tattva. As pessoas não estão interessadas.

Sukadeva Gosvami disse a Pariksit Maharaja que, para o homem comum, existem milhares e milhares de itens novos. Podemos ver muitas revistas – técnicas, musicais, cinematográficas – e notícias ordinárias em tantas edições de qualquer jornal de todas as cidades. Este é um fato. Srotavyadini rajendra nrnam santi sahasrasah. Sahasrasah significa milhares e milhares. Por que as pessoas se ocupam com tantos jornais e por que não se interessam em ouvir o Bhagavad-gita e Srimad-Bhagavatam? Porque apasyatam atma-tattvam: elas não conhecem o verdadeiro propósito da vida, que é entender atma-tattva. Por que se esquecem? Grhesu grha-medhinam. Elas fizeram um voto de manter a família e usufruir alguma satisfação com a vida familiar.
Vida familiar significa sociedade, amizade e amor. Há uma canção do poeta Vidyapati: Tatala saikate vari-bindu-sama, suta-mita-ramani- samaje. A tradução exata para o português é “sociedade, amizade e amor”. Todos estão ocupados com sociedade, família, amigos, país, nação e comunidade. E quais são os componentes disto? Suta significa filhos; mita significa amigos; e ramani significa mulher. Se um homem tem uma bela mulher, ele pensa que está muito bom.
Desta forma, as pessoas estão muito ocupadas. Há alguns dias atrás, eu conversava com um hóspede em Hyderabad. Ele estava muito ocupado com estes suta-mita-ramani- samaje. Todos estão.
Alguém poderia perguntar: “A não ser que haja felicidade, por que as pessoas estariam interessadas nestas coisas?” Por certo que há felicidade. Contudo, o grande poeta Vidyapati comparou-a com uma gota de água no deserto. O deserto precisa de enormes volumes de água. Hoje em dia, em quase todos os países, principalmente na Índia, todas as terras parecem um deserto por falta de água. Vocês vêem que em Vrndavana há muitas terras abandonadas, sem qualquer tipo de agricultura. Por que? Há pouca água. Não há suprimento suficiente de água. Assim, neste sentido, se houver escassez de água, então estes locais aos poucos serão transformados em desertos.
Por esta razão, Vidyapati usa a palavra deserto, porque lá são necessárias grandes quantidades de água. Da mesma forma, neste mundo material, estamos tentando ser felizes em com sociedade, amizade e amor. Suta-mita-ramani- samaje. No entanto, a felicidade que estamos conquistando compara-se a uma gota de água no deserto. Se estivéssemos num grande deserto, disséssemos que queremos água e alguém nos trouxesse uma gota dizendo que a tomássemos, isto não faria muita diferença. Esta oferta não tem significado. Da mesma forma, nosso coração deseja o prazer real, bem-aventuranç a transcendental. Assim, se estamos vivendo neste deserto – suta-mita-ramani- samaje – qual é a vantagem?
Esta canção está confirmada no Srimad-Bhagavatam, onde se diz que apasyatam atma-tattvam: As pessoas não conhecem o propósito da vida. Elas estão satisfeitas com esta gota d’água no deserto, que jamais mitigará a seca. O deserto é uma grande faixa de terra e alguém diz: “Tudo bem, pegue uma gota d’água”. O que isto significa? Nada.
Da mesma forma, nós somos almas espirituais. Estamos ansiando por Krishna. Este é nosso desejo mais íntimo. Que tipo de felicidade teremos com sociedade, amizade ou amor? Isto não é possível. Há alguma felicidade – temporária e muito diminuta -, mas que nunca nos satisfará. Porque somos eternos, estamos em busca da felicidade eterna (...).
Muito obrigado.”

(Parte de uma palestra proferida por Srila Prabhupada em Vrindavana,
Índia, em 17 de abril de 1975).